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Outro Galo cantará?



Para hoje não me foi possível preparar devidamente a antevisão do próximo jogo... algo que já tenho vindo a avisar, dada a manifesta falta de tempo a que a profissão obriga (e a que me obrigo, naturalmente). Mesmo assim, lá se arranjam umas linhas de improviso.

As visitas de amanhã chegam de Barcelos, cidade antiga (condal, como Barcelona!), sede de um dos concelhos mais antigos de Portugal. O que quase todos conhecem de Barcelos (e quando digo todos quer dizer muitíssima gente) são os famosos "Galos de Barcelos", tornados autênticos símbolos do país. A lenda que está por detrás deste simpático símbolo é fundamentalmente uma história de fé (cristã, claro). Existem diferentes versões, mas a mais comum é a seguinte:
O povo de Barcelos andava intrigado com um crime para o qual não se havia descoberto culpado. Acontece que um certo galego que por ali passava de regresso a Santiago (um dos roteiros de peregrinação passa por Barcelos, isso sem dúvida) pareceu às autoridades um bom candidato, pelo que foi julgado (à revelia, ao que parece) e condenado à forca. Deseperado, o galego rezou aos Santos e pediu para falar com o Juiz que o condenara. Lá lhe fizeram a vontade, chegando o galego à casa do Juíz quando este e os seus convivas se preparavam para degustar um galo assado. O fiel galego logo assim declarou:
- É tão certo eu estar inocente, como certo é esse galo cantar quando me enforcarem.
Naquele momento de nada serviu, pois seguiu à mesma para a forca. O Juíz e os convivas, pelo sim pelo não, não mais tocaram no galo. Diz a lenda que quando estava o galego para morrer enforcado lá se levantou o galo assado e cantou, para surpresa de quem condenou o homem, que logo em seguida acorreu ao local para salvá-lo. O pobre galego lá saíu em liberdade, tendo regressado a Barcelos alguns tempos mais tarde para mandar erguer um monumento. Por outro lado existe um cruzeiro seiscentista que recorda a lenda (salvo erro encontra-se no Museu da Cidade, um espaço ao ar livre, junto às ruínas do Palácio dos Duques de Bragança).
Assim se explica que os de Barcelos, incluindo os gilistas, passem por "galos".


Já sei, queriam uma fotografia do galo? Fiquem antes com o belo
e antiquíssimo cruzeiro. Em baixo está gravada a figura do galego
na forca, com um galo em cima a cantar...

De Barcelos sempre guardei a impressão de ser uma das maiores capitais do Hóquei em Patins, apoiando os seus clubes (Óquei e Barcelinhos) e a Selecção Nacional com uma paixão imparável. No futebol só mais tarde apareceu o Gil Vicente a dividir as atenções...

Quanto ao nome do Clube, explica-se não por associação directa ao pai do teatro português (ao que parece era de facto minhoto, mas não se sabe bem de que lugar) mas pelo teatro da cidade (bonito) com o seu nome. Foi no largo em frente que se decidiu a fundação do Gil Vicente.
O Gil Vicente foi fundado no ano de 1924, embora só muito recentemente tenha aparecido na ribalta. Ribalta onde, por sinal, a Associação de Futebol de Braga marca hoje presença forte, precisamente com clubes como o Gil.
Porém há um aspecto que é muito pouco falado e que me intriga. Entre as delegações do Sport Lisboa e Benfica consta o Gil Vicente como sendo a 4ª. Será verdade? Porque é que raramente (ou nunca) se refere?

Continuando, na época de 1998/99 chegou ao Belenenses Vítor Oliveira, vindo precisamente do Gil Vicente. Com ele vieram Wilson e Tuck (que é natural de Barcelos), jogadores que dispensam apresentações. Com eles o Belenenses conseguiu nesse ano a subida de divisão, após a despromoção na época imediatamente anterior. Curiosamente o campeão dessa vez foi o próprio Gil Vicente (que tinha descido já em 1997). Uma vez que já era a 3ª descida ao "inferno" e o título não era bem o mais desejado, não muitos dos azuis se aborreceram por "só" termos conseguido a subida em 2º lugar (eu queria ser campeão, mesmo na 2ª, mas enfim).
De referir ainda que um dos mais recentes reforços, Rui Ferreira, foi colega de Wilson e Tuck no Gil Vicente...

Olhando para o total das presenças do Gil Vicente na Superliga, iniciaram-se já na época de 1990/91 com um 13 lugar (enquanto o Belenenses era despromovido pela segunda vez). Em seguida e até 1997 a melhor classificação dos "galos" foi um 9º lugar. Após o regresso em 1999, o Gil logo conseguiu a sua melhor classificação de sempre, o 5º lugar. Desde então tem tido classificações discretas, tendo sofrido para não descer novamente na época de 2000/2001.
Quanto aos jogos na 1ªDiv./Liga/Superliga, são naturalemente em número reduzido, com especial "queda" para os empates (6), versus 4 vitórias e uma derrota (13-9 em saldo de golos):

90/91 0-0
91/92 CFB na 2ª
92/93 2-0
93/94 1-0
94/95 1-1
95/96 2-2
96/97 1-1
97/98 GV na 2ª
98/99 CFB e GV na 2ª (resultado: 4-0)
99/00 1-1
00/01 1-3
01/02 1-0
02/03 1-1
03/04 2-0

Em suma, em 12 encontros o único que se realizou na Liga de Honra foi o mais folgado de todos! Por outro lado o resultado de 2000/01 foi bem cinzento para os azuis, tal como a tarde em que se jogou. O Belenenses de Marinho Peres estava a realizar uma época razoável, mas na 2ª volta levantámos inexplicavelmente o "pé" (talvez com medo de ultrapassar o Benfica, que acabou em 6ª - enquanto Manuel José levava o Leiria a 5º e Cajuda pôs o Braga em 4º). Esse jogo com o Gil Vicente foi especialmente mau, apenas com motivos de alegria para as poucas dezenas de gilistas que nas bancadas exorcizavam a despromoção com os seus bombos em alta-voz. Assim, em vez de darmos um "salto", ajudámos o Gil Vicente. Nada boa memória (para nós, claro).
No ano passado a vitória por 2-0 decorreu na estréia de Inácio no Restelo, sendo que talvez tenha sido a exibição mais conseguida sob o seu comando. Hugo Henrique marcou, mas poderiam ter sido mais, dada a fraqueza exibicional do Gil. No entanto, à medida que as jornadas correram, foi o Belenenses que acabou aflito na tabela. Bom, já conhecem a história...

Amanhã tenho uma dose adicional de confiança. Bem sei que se joga sempre para ganhar (ou lá perto), mas creio que a equipa quererá empregar esforços adicionais para afastar incómodos. E a chegada de reforços, mesmo não utilizados para já (Catanha), pode ser mais um tónico.
Claro que não posso considerar uma vitória fácil, mas temos todas as condições para... facilitá-la. Vamos nisso.




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