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Por debaixo do nariz



Já tinha este artigo no "estaleiro" há algum tempo, esta altura de pausa festiva propiciou a sua saída. Mais do que tudo são algumas curiosidades, embora hajam sempre lições importantes a reter.
O assunto em causa são... oportunidades que passaram ao lado do Belenenses em termos de jogadores e técnicos; valores que mal passaram ou não vingaram no nosso Clube vindo a conseguir a afirmação noutros emblemas.
Não querendo fazer uma retrospectiva exaustiva, gostaria de destacar alguns dos casos mais recentes. Desses, lembro as passagens do Rui Pataca (depois "rei" em Montpelier), do Pauleta (este mesmo mal passou, depois "rei" em Bordéus e Paris), do Emerson (depois homem-chave no FCP e em Inglaterra) ou... do Catanha. Este último talvez tivesse sido o caso mais emblemático de todos. Aquando da sua brilhante passagem em 1995, com 13 golos em 12 jogos, foi rápida e estranhamente vendido ao Salamanca para onde tinha ido João Alves. Essa época do Clube ainda é objecto de acesas discussões. Uns dizem que essa venda (bem como outras) era necessária para obter dinheiro, então em falta. E o dinheiro parece que veio, embora se esqueçam porque é que afinal fazia falta... logo quando do outro lado estava o "comprador" João Alves. Enfim, mais não digo. Mas que Catanha deixou saudades deixou. E que deixou os cabelos em pé a muita gente com a sua posterior carreira em Espanha, deixou. O assunto atingiu tais proporções que eu, ao falar com colegas e amigos espanhóis, passei a incluir o Catanha na nossa "ficha". Aos que pouco conheciam do Belenenses eu lá lhes dizia que éramos o 4º Clube a ter sido campeão (agora são 5), que tínhamos inaugurado o Bernabéu (surpresa para muitos) e que... tínhamos lançado o Catanha! "¿Qué? El Catanha del Celta? La gaviota? Pero como?!?!?". Curiosamente Catanha aí está de novo, esperamos nós para acabar o que deixou (ou teve de deixar) por fazer. Que não seja tarde.

A nível de técnicos, o caso mais curioso sucedeu-se nas camadas jovens. Em 1989 e 1991 uma dupla de técnicos dava nas vistas ao serviço da Selecção Nacional de Juniores, conseguindo nada mais nada menos que dois Campeonatos do Mundo. O técnico principal era Carlos Queirós, coadjuvado por Nelo Vingada. Creio que todos conhecerão os percursos que tiveram posteriormente (com maior destaque para Queirós). Mas apesar disso o que está em causa não é a apologia de um ou outro para treinar a equipa sénior do belenenses (da minha parte, bem pelo contrário). O que gostaria de referir, aliás no âmbito deste artigo, é que tanto um como outro foram treinadores das nossas camadas jovens (no caso de Vingada, também dos séniores por curto espaço de tempo) ANTES desses sucessos. O caso de Queirós é o mais flagrante. Havia chegado 2 anos antes de Moçambique quando em 1982 aceitou trabalhar de forma gratuita na formação do Belenenses. Apesar disso e apesar das boas indicações, foram dispensados os seus serviços. Os responsáveis lá teriam as suas razões, mas... o que poderia ter sido da nossa "cantera" nesses anos?

É claro que situações inversas também abundam. Isto é, caso de atletas e técnicos que "saltaram" do Belenenses para praticamente desaparecerem em posições e clubes sem visibilidade alguma. Ou pelo menos... ficaram na mesma. Neste sentido foi com um misto de revolta e surpresa quando ouvi dizer que César Peixoto poderia ser emprestado ao Belenenses... Enfim, temos direito a 40% do valor da sua venda, mas não seria aqui que iríamos vender esse menino chorão. Já chega.

Para finalizar, "tropecei" num episódio que talvez seja dos mais curiosos. Ocorreu em 1993, quando o Cruzeiro (Brasil) fez uma mini-digressão em Portugal. Um dos jogos foi com o Belenenses. Do lado do Cruzeiro havia um miùdo de 16 anos que havia passado directamente dos infantis para os séniores, aposta arriscada mas calculada do conhecido mister Carlos Alberto Silva. E não é que o miúdo marcou o seu primeiro golo como sénior na baliza então defendida pelo "azul" Figueiredo? Quem era? Nem mais nem menos que o Ronaldo. Sim, o campeão do Mundo que passou por Inter, Barça e Madrid. O curioso é que o Belenenses chegou a estar interessado no rapaz! Mas ao que parece, preferimos o Cleisson, jogador que do qual sinceramente já nem me recordo bem...

Enfim, nada que uma boa prospecção e uma boa formação não resolvam. Também não é necessário que sejam craques multimilionários do futuro, mas nas "descobertas" é que está muito do ganho. E não se pode descobrir o que já outros (ou todos) descobriram.



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