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Na Porcalhota... ou à espera de mais porcarias do sistema?



Porcalhota era o nome da antiga e principal freguesia do que se veio a tornar Concelho e cidade da Amadora. Ainda não cheguei a saber ao certo se tal nome terá sido devido a alguma marrã em especial ou se simplesmente pretendia caracterizar um local pouco salutar. De qualquer das maneiras não era nome agradável aos seus habitantes, que no início do Séc. XX sensatamente conseguiram novo baptismo, para Amadora, nome do qual também não aprendi ainda a origem (de amor, talvez, e não de amadorismo, isso é certo).
Mas se o novo nome é simpático, a zona foi durante muito tempo encaixada nos estereótipos da chamada “zona saloia”, de que fazia parte. Eram outros tempos, em que por lá se cultivavam os campos para abastecer a gente “fina” da cidade (de Lisboa, claro está). É curioso assinalar que até 1979 a freguesia da Amadora se encontrava inserida no Concelho de Oeiras, onde desde há algum tempo se concentra o maior número de sócios do Belenenses (e é onde o autor vive), dada a grande proximidade de Belém. E a Amadora, que hoje também não dista muito de Belém (sobretudo a partir da “vizinha” Buraca), conta também com um contingente considerável de residentes adeptos e sócios do nosso Clube. Daí que quando falo em Porcalhota, longe de ofender os amadorenses (entre os quais consócios e bons amigos, mesmo que de outras côres).
Mas recuando ainda mais no tempo, o mapa da zona já foi ainda mais curioso. Em finais do Séc. XIX o entretanto extinto Concelho de Belém era um dos maiores, incluindo outras freguesias de Lisboa (como Benfica ou Carnide) e algumas freguesias do actual Concelho de Odivelas (como Odivelas e a Pontinha), sendo portanto limítrofe com a Amadora (então no Concelho de Oeiras).

Mas hoje em dia a realidade é totalmente diferente, sendo a Amadora um denso núcleo urbano onde não faltam grandes superfícies comerciais. Note-se que com cerca de 176 mil habitantes, é o 6º concelho mais populoso do país. Mais, sendo um dos mais pequenos (o 5º mais pequeno, com pouco menos de 24 Km quadrados), é o que tem a maior densidade populacional (portanto mais que Lisboa e Porto! - de acordo com o censo de 2001), com cerca de 7 600 hab/km quadrado, cerca de 70 vezes (!) mais que a densidade em Portugal como um todo.

Feita a introdução à cidade, passamos ao Estrela, que para as contas do futebol é na prática “mais um de Lisboa”. Foi fundado em 22 de Janeiro de 1932, mas só começou a sua participação em provas oficiais em 1946, logo após o Belenenses ter conquistado o Campeonato Nacional. E este dado reflecte desde logo a grande diferença histórica entre os dois clubes, contando ainda com a “sombra” dos outros grandes, também vizinhos próximos da Amadora. Com objectividade mas com respeito, pode-se dizer que o Estrela é historicamente um clube de segunda linha da zona de Lisboa, sendo que os seus adeptos partilham afectos com os tais vizinhos da 2ª circular.

Quanto ao nome e equipamento, não consegui apurar a sua origem, mas lembram os do lendário e pioneiro Red Star de Paris, que nos anos 20 era um dos maiores clubes franceses, senão mesmo o primeiro grande clube que aquele país conheceu. Terá sido essa a inspiração?

Porém não é de menosprezar o papel que o Estrela tem tido nas últimas décadas. Conseguiu a primeira presença no principal escalão em 1987/88 pela mão de Joaquim Meirim, o polémico e exuberante treinador que no início da década de 70 ao serviço do Belenenses encheu o Restelo com declarações bombásticas... cuja intenção, segundo depois disse, era mesmo chamar as pessoas. Infelizmente os resultados não corresponderam às expectativas, isto embora a sua quota-parte na descoberta e formação de certos jogadores não possa ser totalmente omitida no posterior sucesso do Belenenses em 1972/73 (o 2º lugar com o mítico Scopelli como treinador).
No Estrela, porém, Meirim conseguiu um feito notável, como já se referiu. Pena é que Meirim já não esteja entre nós.
Pouco tempo depois o Estrela conseguiria o seu maior feito de sempre, ao vencer a Taça de Portugal em 1989/90, curiosamente logo após a conquista do Belenenses em 1989. Aliás essa edição teria sido uma boa oportunidade para termos repetido, uma vez que chegámos à meia-final acompanhados do Estrela, do Farense e do Guimarães. Infelizmente perdemos com o Farense de Paco Fortes (a eliminação do seu Pinhalnovense foi uma pequena vingança pessoal) que só em finalíssima perdeu para o Estrela de... João Alves, também ele com passagem posterior pelo Belenenses. Aliás este técnico tem tido passagens bem peculiares por alguns clubes da nossa praça, com muitos altos e baixos. Em vários clubes reuniu super-equipas com sucessos relativos mas com saídas (ou abandonos) quase sempre fatais para os clubes (sobretudo para as suas finanças). E o Estrela, quer nessa época quer em 2003 (altura em que Alves saíu depois de nova passagem), também se ressentiu.
Depois da Taça de 1990, destaca-se a prestação de outro técnico amado por uns e desprezado por outros, Fernando Santos, que conseguiu a melhor classificação de sempre no campeonato para o Estrela (7º) e daí passou para a ribalta (FC Porto).


O caminho da Reboleira, no alinhamento da antiga "estrada
da Portela" (até ao Séc. XIX/início do Séc. XX) que em tempos começava
ao lado do antigo rio dos Jerónimos (passava e desaguava perto do Mosteiro)

Após alguns altos e baixos, o Estrela procura agora o regresso à Superliga, estando a fazer um bom campeonato para tal. O 2º lugar em que está actualmente diz muito da dificuldade que nos vai colocar este adversário (a única equipa nos quartos-de-final que não é da Superliga).
Quanto ao seu plantel, conta com jogadores de valia vindos de outras andanças, como é o caso de Quim Berto (disputado e “incompreendido” na 2ª circular mas admirado no Varzim e agora regularíssimo na Reboleira), Santamaria (ex-Sporting), Hugo Luz (ex-FCP/Gil) ou Zamorano (ex-Leixões). Do Belenenses seguiram Verona, Mauro (agora Bruno Mauro) e Rui Borges, sendo que só este último parece estar a renascer nas últimas jornadas (e merece, embora talvez já não servisse para o nosso Belém). O Mauro poucas vezes tem saído do banco e o Verona, salvo erro, já abandonou o Estrela (curiosamente onde o fomos buscar).
Por lá também passou Soderstrom (ex-Braga emprestado pelo FCP), mas no defeso de Inverno transferiu-se para o Córdoba. Curiosamente um outro jogador, a jovem promessa de “cantera” João Moreira, tem sido apontado como eventual contratação do Valência, após já ter prestado provas no Real Madrid B.
Em suma, é um conjunto forte e deverá ser um jogo bem difícil, a recordar os quartos-de-final da época passada, com um Estoril também a caminho da Superliga.

Noutra vertente, registo com interesse as recentes reclamações por parte do jogador Paulo Madeira, que se diz credor de uns quantos salários depois da sua última passagem pelo Estrela. Neste caso sou levado a estar do lado do Estrela, mas no entanto ficam também as dúvidas sobre a saúde financeira do clube. Parece que também é um Bingo a principal fonte de receitas há anos, mas este “também” leva-nos à comparação com o Belenenses. Como se sabe, as receitas de um Bingo explorado por um clube (instituição de utilidade pública) não podem ser aplicadas directamente no futebol. Mas o Estrela, salvo erro, não constituíu SAD. Como será? No entanto, e isto é daqueles pontos que me têm ocupado nas discussões sobre SAD’s, Clube e eleições, existem muitas maneiras de apoiar o futebol por via indirecta. Uma delas até já existe no Belenenses (a compra de bilheteiras à SAD).

Quanto aos quartos-de-final na sua globalidade, gostava de deixar mais umas notas. A nomeação de árbitros pela FPF pareceu-me algo descarada. Bruno Paixão (embora mais incompetente que gatuno) no Marítimo-Boavista. Lucílio (ele mesmo!) no Benfica-Beira-Mar (deve ser para impedir a repetição do jogo do campeonato). E o nosso “querido” Paraty na Reboleira. Safa-se em menor plano Pedro Henriques, de Lisboa, pois o “sistema” estará indeciso entre Setúbal e Braga (e já que não podia ser um árbitro de Setúbal).
Já o referi na Mailing List do Belenenses, na Taça por vezes parece-me que o vencedor se encontra “escolhido” muito tempo antes da final. E o candidato suspeito, por natureza, deverá ser o “maior”. Ainda por cima a Comunicação Social, na sua puríssima isenção e respeito pela generalidade dos clubes, já relatou a final antecipada, em que o tal clube derrotou o vizinho da 2ª circular. Diziam eles que quem ganhasse esse jogo teria caminho livre para ganhar o caneco. Naturalmente que acima de tudo quero que ganhemos na Reboleira com os olhos postos no caneco, independentemente de Paratis, jornais, Loureiros ou o que seja. Quero ganhar a Taça, ponto final.
Mas se não der, teria algum contentamento (pouco, mas teria) se os planos dos “senhores” saíssem furados e certos dois clubes ficassem pelo caminho.
Farto de porcarias estou eu.

Noutro plano, é de referir que as oito equipas já venceram o troféu. Escreve alguma “sábia” imprensa que só o Marítimo não ganhou. Pois, como é normal, “esquecem-se” do Campeonato de Portugal, competição antecessora em formato da Taça que se disputou até 1938. O Marítimo venceu essa competição em 1925/26, numa estranhíssima final com o Belenenses (que já aqui relatámos aquando da nossa visita aos Barreiros). E o Belenenses, claro está, venceu-a por 3 vezes. É que o Campeonato de Portugal, convém não esquecer, era a principal competição nacional nesses anos (não existia liga/campeonato), pelo que a sua importância desportiva ainda era mais acrescida em relação à da actual Taça.
Assim sendo e para as equipas que hoje e amanhã vão jogar, é este o “ranking” correcto: Benfica (26), Belenenses (6), Boavista (5), Setúbal (2), Beira-Mar, Estrela, Braga e Marítimo (1).
Porventura não dirão que o Benfica nunca foi campeão europeu porque nunca venceu a Liga dos Campeões, certo?

Para terminar e tendo já referido as possíveis influências “sistémicas”, umas palavras sobre a nossa equipa. Após a pausa de Inverno foi notória a melhoria dos resultados e, até certo ponto, das exibições. Infelizmente e com luciliadas e xistradas à mistura não nos têm calhado os pontos merecidos. Mas as exibições também estão à volta do “ponto morto”. Gostei da exibição em Leiria, gostei um pouco menos da recepção ao Estoril (embora a vitória fosse ampla e amplamente merecida). Com o Porto, assim-assim. O resultado justo seria o empate, mas cometemos um erro. Porém um erro ainda maior, o do Xistra (homem de penaltis selectivos - na 2ª feira marcou um ridículo a favor do Sporting, claro!), acabou por manipular o resultado.
De Penafiel (última equipa eliminada pelo Estrela na Taça, note-se), no meio do “black-out” da CS, chegaram rumores de um jogo contido e sem ambição. Terão sido guardados os cartuchos para hoje? Espero quer tenha sido isso, embora ache que os cartuchos deviam dar para um e outro jogo, mas enfim...
Nos convocados nota-se a ausência de Cabral (tinha estado castigado em Penafiel) e a de Rui Ferreira, este por castigo. Aliás a substituição deste último deverá ser a maior variante, com Andersson à espreita (Tuck e Marco Paulo também seriam opções para o lugar, se necessário). Boas notícias as recuperações de Antchouet, Juninho e Catanha.
É preciso cuidado com os “amarelados” pois com Paraty e jogo com o Sporting a seguir, há “festa” na certa. Meia-cama fez o Sr. Vilas-Boas, que com 6 amarelos (!), deixou o Rui Ferreira de castigo e Marco Paulo, Pelé e Andersson à beira da exclusão. Sobretudo no caso do Pelé, é preciso ter cuidado, pode fazer falta na recepção ao Sporting, enquanto o Rolando poderá fazer bem o papel hoje.

Vamos lá a isto, que a festa no Jamor é linda! Os jogadores parece-me que comungam do mesmo sonho, resta-nos encher a Reboleira (até para o Sr. Paraty não se esquecer que estamos quase em casa).

Quanto às “porcarias”, outros colegas, outros artigos e noutros espaços já se comenta o “forcing” do Belenenses contra a malta do apito. Depois de uma semana de férias em que vi, uma vez mais, a coisa ficar em “banho-maria”, não posso deixar de aplaudir o inédito esforço dos nossos responsáveis em não deixar morrer os assuntos. Logo veremos os resultados, ainda não tenho grandes esperanças. Mas se não tentarmos...
Resta saber como é que os nossos protestos se compatibilizam com as amizades que temos fomentado em lanches e acordos vários.
Bem se viu como o Sr. Xistra ganhou tranquilidade por não ter assinalado o penalti escandaloso. Caso contrário e por esta hora já estaria junto à Ribeira com a perspectiva de fazer mergulho com sapatinhos de cimento.
Quanto ao Sr. Guilherme, até hoje sempre dormiu descansado com os nossos protestos. De certeza que irá reagir. Resta-nos fazer o que não fizémos antes, continuar com o pé no pedal (até porque já sabemos o que o homem vai dizer).



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