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Da persistência na mediania



Após uns dias de ausência, cá estou eu de volta ao Canto para que de novo possamos dixordar à vontade. Perdidos nos arquivos deste tempo que passou, não me faltavam os temas para vos carregar de parágrafos sem fim, pelo que se me ocorreu gastar apenas o latim com dois ou três aspectos, naturalmente em volta do futebol profissional.
Começemos então pela chicotada a Carvalhal, exemplo sintomático e acabado de algumas das razões que fazem com que o Belenenses, para nossa desgraça, não seja o que todos ambicionamos. Era sabido – e não mudei entretanto de ideias – que via em Carvalhal um perfil que se podia encaixar perfeitamente nas necessidades do Belenenses. Galo meu. Ao invés de Inglaterra (para dar apenas um exemplo), os supporters portugueses, esquecendo que Roma e Pavia não se fizeram num dia, querem resultados para ontem e, o que é mais grave por ser meio latino-americano, vão tendo poder bastante para forçar as SAD’s a tomar as decisões que nem sempre estas parecem querer tomar. Nunca se lembram esses adeptos, por exemplo, do caso do Vitória de Guimarães do ano passado, ou do Braga aos tempos da chegada de Jesualdo, ou de há quantos anos está Sir Alex Fergusson à frente dos destinos do United e em quantos destes não registou resultados condizentes com o estatuto do clube. Nem isso nos vale. Chegasse o pobre do Lorde ao Restelo e à quinta derrota a malta fazia-lhe a cama. É para aí que estamos virados: impacientes pela vitória que teima em não chegar, vamos hipotecando a nossa grandeza e o futuro próximo.
Deixando de lado a divagação e retomando o despedimento de Carvalhal, registo duas coisas: o acto de gestão (continuamos sem ganhar e pagamos a dois treinadores); e o timing da coisa que, esse sim, me pareceu bestialmente absurdo. Queimar por queimar, sempre se deixava o Carvalhal em lume-brando até Braga para, então sim, deixar os efeitos psicológicos potencialmente positivos da mudança de mister para os dois jogos do Restelo. Preferimos ao contrário: estoirar em Braga – um jogo praticamente perdido à partida – esse eventual efeito positivo, prolongando o sentimento derrotista para o Restelo. Está certo.
Que fique claro, em todo o caso, que considero José Couceiro, desde há dias e incontestavelmente, o melhor treinador do mundo e arredores, como (quase) sempre opto por fazer em relação aos treinadores do Belenenses. Aliás, tenho por adquirido que estarei aqui quase sozinho a defendê-lo, um dia destes, quando todos mais uma vez vierem a pedir a sua cabeça. Só não sei quando será, se ainda esta época ou depois do novo 'ano zero' que se anuncia para 2006/2007. Aliás, a contestação já começou: após a chegada de Couceiro (que daqui saúdo), aqui d’El Rei que outro qualquer é que era bom e que este era mais do mesmo. Não sei se esperavam o ingresso de José Mourinho ou de Trapattoni...
Certo é que para se ser candidato à UEFA – com Carvalhal, Couceiro, Fabio Capello ou com o meu cão - não basta arranjar um plantel curto e desequilibrado (nas palavras do actual treinador) e apregoar o objectivo à imprensa. É necessário algo mais e esse algo mais implica persistência nas apostas para que possa haver procedimentos sustentados e mão de ferro para com as vedetas eternamente lesionadas e em especial com aquelas que só correm quando lhes apetece. Serei só eu a ver...?
E por aqui me fico de momento. Oxalá me engane e não esteja o Belenenses a caminho de novo 'ano zero'. Estou farto de tantos 'anos zeros'. Qualquer dia, com tanta pressa, já cá não estamos para contar a história.



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