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Coisas de pais



Desde o berço (entenda-se em sentido literal) que fui incutindo na minha filhota o gosto por ser do Belenenses, arriscando-me a afirmar de modo categórico que a acção paternal vem registando nesse quadro incontáveis êxitos - o que tanto mais valorizo quanto é sabido que invariavelmente, no café ou na mercearia, na loja, em festas ou casas de amigos, lá vem a tão sacramental quanto estúpida pergunta "és do Benfica ou do Sporting...?" - como se todos tivessem que se nivelar por baixo. Em todo o caso, a resposta foi sendo invariavelmente um sucesso: "sou do Belenenses!". E eu registo com agrado, enquanto penso de mim para mim qualquer coisa do género "toma lá que é para almoçares (e deixares de ser parvo)".
Apesar de tudo isto, estava preparado para o aumentar das dificuldades com a aproximação ao colégio - coisa que no centro da cidade não passa de um antro de lampiões e lagartos em grande massa. Mas a pequena aguenta-se e, apesar dos seus três aninhos - quase quatro - responde-lhes à letra e de maus modos, como manda o sentir belenense. Ainda assim, fui-me dando conta de que esta acção paternal em torno do nosso emblema merece (e carece) apoios do clube, em especial no que ao "merchandising" respeita. Eu explico: ainda ontem fui buscar a minha filha à escola e, de caminho, comentava comigo a Filipa que o Francisco que almoça na mesa dela tinha um cachecol dos lagartos, coisa que não coloca obstáculo de maior. Logo lhe disse que na Segunda-feira levava ela não um, mas dois cachecóis - diferentes, naturalmente! Satisfeita, informou-me que o dito cavalheiro também tinha um chapéu! Não me pareceu grave e de imediato contestei que chapéus também se arranjavam. Como não há duas sem três... lixei-me com o terceiro capricho do lagarto: o tipo levava umas luvas do Sporting, para além do material escolar, estojo e mochila - pois então. Ainda me ocorreu rematar que lhe dissesse que em sendo luvas e do Sporting... só podiam ser de frangueiro, mas pareceu-me que com três anos não entenderia a Filipa o alcance e acerto da minha objecção. De modo que me limitei a dizer que se o gajo tinha luvas a gente levava uma camisola, ou outra coisa qualquer.

Rugby Belenenses


Ora, serve isto tudo para dizer que a batalha dos acessórios (não propriamente entendidos como luvas) é algo que temos que ganhar. Desde já me julgo obrigado a referir, por ser a mais pura das verdades, que deposito total confiança no Vice-Presidente que tem a seu cargo a área da Juventude, mas nunca é demais referir que não podemos dar abébias nesta área. Se nós lhes dizemos que o Belenenses é o maior e, logo depois, não lobrigam os petizes nada que tenha o nosso emblema e que possam esfregar (no bom sentido, claro está) no colega do lado, como diabo podemos exigir que acreditem naquilo que, positivamente, lhes garantimos? De modo que desta humilde tribuna que me é proporcionada lanço um apelo para que o clube insista no auxílio à "educação" dos miúdos, tarefa que, sendo hercúlea, até pode dar lucro. Se não está em condições de o fazer, que dê a marca à exploração de terceiros para esse segmento, desde que cumprindo o concessionário os requisitos mínimos estipulados por quem de direito. Em tempos, lançei aqui mesmo a ideia de levar às estantes das livrarias "O Meu Primeiro Livro do Belenenses". Infelizmente, imponderáveis da vida particular impediram-me de dar corpo e alma ao projecto a tempo de o ver à venda, por exemplo, para este Natal. Creio hoje que é coisa que não passa de 2006. E como todas as ideias - ainda que disparatadas - nunca são excessivas, porque não possibilitamos aos associados mais petizes uma festa de anos no Estádio do Restelo (paga, evidentemente), ao jeito do que é feito em Inglaterra? Eu explico: a criança convida os seus amigos (neste caso, estava incluído o tal lagarto - com a inerente possibilidade de conversão), passa a tarde numa área delimitada do complexo desportivo celebrando o seu aniversário de forma normal, e no final - juntamente com o bolo - chega também um dos craques, que ajuda à festa. Não sei dizer porquê, mas palpita-me que o Marco Aurélio nasceu para isso...
Francamente, e pensando de forma meramente empresarial, creio que devemos dar mais atenção a este "segmento de mercado". É que se perdemos uma geração por inteiro, arriscamos não ter mais nenhuma.



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