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Um olhar sobre 2005



Antes do mais, recomendo a leitura dos artigos de "balanço" respeitantes a 2004 que publicámos há um ano atrás. Tem a sua piada revê-los, acreditem. Na ocasião escrevi 3 artigos, um com um "balanço" do futebol, um com um "balanço geral" (Factos e Figuras de 2004) e outro com 12 desejos, correspondentes a 12 "passas". Para 2005 faço o mesmo, mas de forma mais sucinta. Aliás, a meu ver, só podia ser assim.

Futebol

Se em 2004 assistimos ao fim de uma época horribilis (2003/04), para o início de 2005 (isto é, continuação da época 2004/2005) esperava-se algo mais que a tranquilidade. Até porque, em abono da verdade, a posição na tabela classificativa não era de todo tranquila. Enfim, o objectivo final era ficar entre os 10 primeiros, ficámos em 9º...
A partir daí e para a época 2005/06 colocaram-se duas hipóteses: confirmar Carvalhal e esperar que com uma equipa formada por si e à sua "imagem" (algo que não havia acontecido para 2004/05) o Belenenses melhorasse as suas prestações ou, em alternativa, contratar outro técnico e assumir mais um "ano zero". O desfecho - na altura - foi a continuidade de Carvalhal.
Seguiu-se um defeso em que a imprensa e boa parte dos adeptos elogiaram as contratações, fez-se o estágio em Itália (com óptimas condições, ao que parece) e os jogos de pré-época, com uma vitória sobre o Mónaco à cabeça, até eram algo promissores.
No primeiro jogo da Liga, com o Sporting, alguns sinais positivos. Saímos derrotados mas o azar num dos golos e uma invulgar (até então, digo eu) falha de Marco Aurélio noutro tornaram o resultado algo injusto.
Seguiu-se uma vitória caseira frente ao Leiria, fruto de uma primeira parte de bom nível... já a segunda parte foi algo lamentável. Note-se no entanto que o arranque de temporada dos leirienses foi bem medíocre, só tendo conseguido a primeira vitória à 7ª jornada, já com novo treinador. Em termos de público, embora longe do mínimo exigível, as bancadas do Restelo não estavam mal de todo.
Em Penafiel o Belenenses realizou talvez a melhor exibição da época, assenhoreando-se por completo do jogo e conseguindo uma vitória choruda. No entanto também aqui seria de questionar a real valia do adversário, que termina 2005 no último lugar da Liga, com apenas 1 vitória, 4 empates e 11 derrotas. Aliás no seu reduto apenas uma equipa não conseguiu levá-los de vencida (a Académica, de resto a única equipa derrotada até agora pelos penafidelenses).
Para receber o Guimarães, apesar do mau dia e má hora, a afluência de público ao Restelo pode-se dizer que foi bastante interessante (quiçá a melhor da época). Afinal de contas tínhamos ganho fora logo à 3ª jornada (em 2004/05 só ganhámos fora por 2 vezes!) e haviam sido duas vitórias seguidas (o que em 2004/05 só aconteceu por 1 vez!). E o resultado desse jogo veio melhorar ainda a "estatística". Vencemos por 3-1... mas a opinião unânime foi de que o resultado superava em muito a qualidade da exibição. Não sei se terá sido o "princípio do fim" de Carvalhal no Belenenses, até porque o Guimarães foi de facto um opositor bem incómodo. No entanto e novamente note-se que o Guimarães acaba 2005 no antepenúltimo lugar, com apenas 4 vitórias, 2 empates e 10 derrotas. E claro, também já fez uso do "chicote".

A seguinte visita, ao Dragom, sem dúvida acabou por ser o estranho ponto de viragem. Estranho porque o ânimo dos adeptos azuis, com 3 vitórias seguidas (nunca sucedeu em 2004/05!), atingiu o seu "pico". Prova disso foi a numerosa excursão ao reduto portista. Estranho também porque o Porto pouco ou nada havia impressionado nos jogos anteriores, para mais vindo de um empate em Braga. Estranho também porque até o próprio Carvalhal (admirado no Porto, ao que consta) aproveitou um certo estado de graça (leia-se tempo de antena, por ser o mister que ia defrontar o FCP) para iniciar uma "cruzada" nacional contra os preços altos no futebol, granjeando simpatias junto de adeptos e claques alheias (com "tarjas" dedicadas e tudo). Justas razões, é certo, mas mais estranhamente ainda... nunca sequer referiu que o próprio Belenenses já praticava dos mais baixos preços para não-sócios (!). E depois, para nossa desgraça, trataria de afastar mais uns quantos espectadores das bancadas do Restelo, por nada que tivesse a ver com os preços... Do Dragom, desde logo, trouxe uma derrota, não sem toques de "paixonite" aguda pelo meio. Mas se este resultado adverso não foi suficiente para abalar a confiança da maioria dos adeptos (para alguns até parece que o resultado naquele jogo seria sempre um pormenor de somenos), o que se seguiu foi como uma segunda "facada".

Veio a derrota caseira face ao Estrela da Amadora, a segunda de uma sequência de 5 derrotas consecutivas, considerando também a penosa eliminação na Taça frente ao Desportivo das Aves. Tudo isto, como sabemos, levou ao afastamento de Carvalhal. Não me vou alongar sobre as razões (válidas ou não) para tal. Certo é que os resultados e exibições caíram a pique, instalou-se a desorientação nos jogadores e na mente do técnico, que às tantas admitia que tinha de recuperar a equipa, sem que se percebesse muito bem como a tinha perdido. O Belenenses afastava-se claramente do "Rumo à Europa". Veio a "chicotada". Valeu a pena? Em jeito de curiosidade reproduzo aqui as declarações de dirigentes de outros clubes que também já recorreram à "chicotada" em 2005. Aproveitem para analisar se o "chicote" faz sentido ou não, e em que circunstâncias:

Leiria (João Bartolomeu): "A sequência de resultados ditou a saída de José Gomes. Mas ele não é o único culpado da situação em que está a equipa. Somos todos culpados."

Naval 1º de Maio (Aprígio Santos): "Quem me conhece sabe que a Naval está antes de tudo (...) Demorámos muitos anos para chegar aqui [Liga], pelo que era necessário encontrar uma solução. Tenho muita pena, pois havia uma boa relação entre mim e Manuel Cajuda, mas os resultados é que contam". O líder da Naval garantiu que nada faltou ao treinador anterior, uma vez que "durante o tempo em que cá esteve, estivemos sempre ao seu lado".

Guimarães (Comunicado da Direcção): "Na sequência dos resultados negativos que o Vitória vinha a realizar, e depois da pesada derrota sofrida em casa frente à turma Leiriense, as condições de trabalho para o Mister Jaime Pacheco ficaram bastante limitadas e o ambiente em torno da equipa e sócios, gerado no treino de quarta-feira foi o corolário de uma situação prestes a chegar ao fim."

Marítimo (Carlos Pereira): [sobre a saída de Juca]: "Os resultados acontecem... ou não. Achámos que não tínhamos os pontos suficientes nesta altura e, para bem da estabilidade e para atingirmos o que nos propusemos, entendemos que era o momento certo para suspender funções"

Belenenses (Barros Rodrigues): "Não estava em causa a dimensão humana, bem como a sua capacidade técnica. A decisão foi tomada muito devido à degradação da relação do técnico com a massa associativa (...) Não estando minimamente em causa a capacidade de Carlos Carvalhal como treinador, tornou-se impossível prosseguir face aos últimos resultados. Como de resultados vivem as SAD´s, não tivemos outra alternativa. (..) Os ingleses têm uma expressão que se aplica muito bem a esta situação: ‘Shit Happens’, às vezes acontece que o bom cozinheiro deixa queimar o ovo..."


Perceberam porque foi despedido Carvalhal? (não estou a perguntar se concordaram ou não, note-se). Numa primeira instância é referido o desagrado dos adeptos. Ora, está condicionada a SAD à vontade dos adeptos? Se calhar sim. Deveria estar? Na minha opinião, claramente, não. Note-se no entanto que em Guimarães um dos motivos para a saída de Pacheco foi o mesmo. Em segundo lugar foram apontados os resultados, esse sim, motivo comum a todas as "chicotadas" (incluindo a de Peseiro no Sporting). Ou seja, perfeitamente sustentável ou não, na "tipologia" das "chicotadas" este acaba por ser um motivo normalíssimo. Assim sendo e por aí nada a estranhar, não fosse a bizarra (e imprópria) conclusão de que a "shit happens". E não, como observei, que a m**da faz-se, não acontece.

Não sou grande adepto das "chicotadas", sobretudo pelas tantas que vi no Belenenses com raros resultados positivos (embora hajam alguns exemplos). No entanto e tomada a decisão, achei que poderíamos ter hipótese de melhorar algo com alguém novo no "leme". Isto sem prejuízo de ter a opinião de que mesmo com Carvalhal a situação poderia ser melhorada, embora sem grandes esperanças (a "Europa"... pelo "cano", de certeza). Mas foi então que surgiu o nome de Couceiro. "Outro não!", desabafei eu num outro espaço azul. Isso resume o que pensava e penso do novo treinador. Confesso que não é exactamente igual a Carvalhal. Alguns dizem que é melhor, outros dizem que é pior (e Couceiro, naturalmente, acha que é melhor que o colega). Mas...

Em matéria de resultados e exibições as coisas não melhoraram muito. Ao 5º jogo com Couceiro lá ganhámos ao Nacional, depois de um empate algo risonho na Luz, em ambos com uma postura inteligente e uma pontinha de sorte (quem não a tem de vez em quando?). Com mais alguma sorte até poderíamos ter vencido na Luz... O pior foi o resultado e exibição em Setúbal, parecendo que tudo voltava à estaca zero. E quando digo estaca zero teria de regressar a 2003/04, quando recomeçaram os receios de uma descida de divisão. Estávamos de novo a "namorar" a linha de água. Com as últimas vitórias frente ao Paços e à Académica... ufff, podemos respirar um pouco.

Ao entrarmos em 2006, porém, a situação em pouco difere da época anterior. O mais estranho (ou não), porém, é o facto de persistirem dúvidas sobre o real valor do plantel, que se tinha por "reforçado". É certo que Silas tem andado lesionado mas também é certo que Meyong tem sido o nosso "abono de família" em matéria de golos. E agora vai à CAN, situação perfeitamente previsível mas aparentemente (e estranhamente) não acautelada. Mas enfim, fico por aqui, quando se ouvem notícias de novos empréstimos e Couceiro deu há poucos dias uma entrevista apontando o dedo aos sócios e a Carvalhal (ainda que indirectamente). Não gosto nada do que leio. Mas lá está, "outro não!", porque de desculpas esfarrapadas já tenho grande conta. Agora é aguentar e esperar por melhores dias. Costumo ser dos primeiros a acreditar, mas quando o discurso de quem mais pode (o treinador, digo eu) é o que é, já não sei.

Curiosidades: Nos jogos em casa só temos menos 1 derrota e menos um empate relativamente ao total de derrotas e empates caseiros da época passada. Nos jogos fora já igualámos o número de vitórias da época passada (2!). Caso vençamos o último jogo da 1ª volta (frente ao Gil) teremos feito metade dos pontos do total da época passada. Considerando as classificações das épocas mais recentes bem como o facto de nesta época descerem quatro, o Belenenses terá de conseguir na 2ª volta pelo menos mais 19 pontos (embora com menos também seja possível). Ou seja, se fizermos uma 2ª volta como a 1ª (com 20 pontos até agora) vamos sofrer, e muito. Vencer o Gil poderá ser o primeiro passo em contrário, complementado com brilho se ganharmos em casa ao Sporting (assim queira o nosso mister). Mas o caminho ainda é longo e pouco ou nada nos diz que vai ser fácil. Europa? E pergunto mais, para quê? Para atrapalhar um novo ano zero?

Modalidades

Olhando para o resto da actividade do Clube salta logo à vista uma façanha não só digna de figurar entre as maiores da nossa história mas também nos anais (curiosa coincidência) do desporto português. Refiro-me obviamente a Anaís Moniz, Campeã do Mundo em Triatlo (Juniores). Não é todos os anos (bem longe disso) que o Belenenses e Portugal contam com Campeões do Mundo seja em que modalidade fôr. No entanto e como é habitual a imprensa e demais meios de comunicação pouco ou nenhum destaque deram (e dão) ao feito. E tal nem foi por desdém para com a modalidade, porque o facto de uma outra senhora - de outro clube, claro está - ter ficado em branco nos séniores, isso sim, teve destaque e porventura será mesmo a única notícia respeitante ao Triatlo nacional nas habituais revistas do ano que finda. Nós aqui não falhamos, elegendo eu a Anaís como a Figura do Ano do Belenenses. Dado não tratar-se de uma modalidade de equipa, de uma modalidade "popular" ou que mova grandes dinheiros, maior ainda é o mérito de Anaís. Agora é apoiar, vamos levar Anaís aos Olímpicos de 2008!
De resto o ano para o Triatlo (mais o Duatlo e o Aquatlo) foi bastante feliz para os Belenenses: Bruno Pais sagrou-se Campeão Nacional de Triatlo, conquistou uma medalha de prata no Torneio Internacional de Makuhari (Japão) e conquistou uma medalha de bronze em Corner Brook (Canadá), prova a contar para a Taça do Mundo (feito inédito por um português); João Cavaleiro foi Vice-Campeão Nacional de Triatlo; Anaís Moniz (para além do título mundial de juniores) e Sarah Moniz lograram respectivamente o 2º e 3º lugares no Campeonato Nacional Absoluto; Daniela Inácio e Harriet Smith sagraram-se respectivamente Campeã e Vice-campeã nacionais em Aquatlo (Juniores e Absolutos).

Continuando pela "água", a natação azul, como já vem sendo habitual (felizmente) foi de novo uma autêntica fábrica de títulos e recordes nacionais (e regionais), seja nos diversos escalões (com destaque para os juvenis), piscina curta ou olímpica.

O ano de 2005 foi também alegre para o nosso andebol (e para variar em relação aos últimos anos!). De entre as boas prestações das camadas jovens, destaque para os Juniores, nada mais nada menos que Campeões Nacionais! Relembro que este título nos andava a escapar desde 1972...
Se o futuro parece assim prometedor, o presente (isto é, em séniores), também não está nada mal. O Belenenses fecha o ano de 2005 em 1º lugar e com apenas 3 derrotas. O facto de ser campeão de "Inverno", numa competição com "play-offs", tem o significado que tem. No entanto ao ser campeão da "1ª volta" o Belenenses já garantiu o acesso aos "final four" da Taça da Liga. É portanto um sinal claro de que meio caminho está andado!
Para continuar com modalidades onde vencemos títulos máximos e onde somos líderes no escalão principal, o "senhor" que se segue é o rugby. Os Juvenis conquistaram a "dobradinha", sagrando-se Campeões Nacionais e vencendo a Taça de Portugal. Como tal e para mim levam o "prémio" de Equipa do Ano!
Nos séniores, embora escapasse o título máximo da época 2004/05, não deixaram porém escapar o título na variante de Sevens. Aliás nas duas variantes os atletas azuis têm sido também dignos e influentes representantes do Clube nas respectivas selecções nacionais, contribuindo decisivamente para que estas tenham alcançado resultados nunca dantes conseguidos pelo rugby português. Hoje pode mesmo dizer-se que Portugal é das selecções mais fortes da Europa (salvo as 3 ou 4 selecções "do costume", claro está, mas a distância é hoje mais curta!).
Quanto ao campeonato de 2005/06, embora apenas tenham decorrido 4 jornadas, as indicações são excelentes. Estamos em primeiro lugar com 4 vitórias, exibições convincentes e bons reforços. Junte-se a isto a auto-suficiência da modalidade (comprovada pelo orçamento), pode-se dizer com justiça que o nosso rugby não brinca em serviço.
Não esqueçamos ainda que Juniores e Juvenis já garantiram a passagem para a 2ª fase (em 1º e 2º lugar, respectivamente). Força rapazes!

Continuando com vencedores, segue-se o futsal, também com um título nacional em 2005, embora do escalão secundário. O futsal cumpriu assim um dos objectivos principais da sua implantação no Belenenses, alcançando o escalão maior (em qualquer modalidade o Belenenses tem de estar sempre no escalão maior!). Recorde-se também a presença nos "final four" da Taça de Portugal.
Agora, como se esperava, as coisas são mais difíceis. Sobretudo quando os maiores adversários dispõem de um nível de profissionalismo (incluindo reforços profissionais estrangeiros) que naturalmente não está ao nosso alcance... nem deveria estar, digo eu.

Quanto ao basquetebol, terá sido a nossa modalidade mais "Peseiresca" em 2005, sem ofensa (para o nosso basquete, claro). Na Taça da Liga alcançou-se a meia-final, enquanto para a Liga e Taça de Portugal conseguiu-se a presença nos "final 8". Debalde. Oliveirense (Taça de Portugal) e Porto (Liga e Taça da Liga) impediram a progressão do Belenenses.
Quanto à época que decorre, alguns dos resultados, algumas das exibições e a classificação actual deixam tudo em aberto (apesar de à hora que escrevo ainda não saber o resultado do último jogo, com o Aveiro Basket). Acreditando numa presença no "play-off" final, talvez seja necessária uma maior regularidade para fazer esquecer as frustrações de 2005.

No que diz respeito às modalidades e a meu ver, foram estes os destaques das mais "populares" e/ou vencedoras em 2005.

Clube


O ano de 2005 fica indubitavelmente marcado pelo acto eleitoral a que aqui demos cobertura (ver em "Especiais" todos os artigos). Sobre o acto em si, nada mais a dizer, saudando-se o facto de não terem existido "manobras sujas" (salvo alguma fumaça na dita "blogosfera"). Não obstante a participação dos sócios foi relativamente modesta. De notar a razoável cobertura dos "media" (TV e rádio), ainda sintomática da nossa grandeza (vamos ver até quando?).

A meu ver ainda é cedo para fazer um balanço do executivo de Cabral Ferreira, embora reconheça que pouco faltará. No futebol, modalidade-rainha e indicador maior da saúde do clube, foi o que se viu e já expus acima. Foi difícil não ver outra "fase da asneira", mesmo que seja menos grave (até ver) que a outra. O factos são: o projecto para 2005/06, com confiança renovada em Carvalhal, foi por água abaixo, por onde seguiu Carvalhal também (embora com salário pago, por enquanto); os resultados, face ao objectivo "Europa", têm sido medíocres, para dizer o mínimo; as exibições, em consonância, estiveram longe das melhorias esperadas, sobretudo considerando a remodelação significativa do plantel (para mais elogiada nos jornais); as assistências, em queda livre...
Como costuma dizer o prezado Salema Garção, é a ditadura da "bola que entra ou não entra". Mas quando não entra muitas vezes...

Tendo resumido os resultados, podemos olhar agora para as medidas. Em matéria de preparação da pré-época, sobretudo no tocante a contratações/renovações, os processos pareceram-me invulgarmente bem planeados e executados, penso eu. O Belenenses esteve em várias frentes com as doses certas de segredo, pragmatismo, marcando o seu próprio ritmo e exigências negociais. Se as contratações foram boas, isto é, se contratámos bons jogadores, já é outra coisa.
Também foi agradável de ver a "afinação" de discurso do Carvalhal no início da época, reconhecendo a grandeza do Clube, reconhecendo a grandeza ainda latente ou adormecida da sua massa adepta (a "Nação Azul") e assumindo com poucas reservas (mas algumas, ainda assim) um objectivo mais ambicioso que os anteriores.
No que diz respeito às assistências no Restelo foram também tomadas algumas medidas, porventura não tão abrangentes e eficazes como muitas das que se impunham (e impõem), mas de qualquer forma "romperam" já em boa medida com as políticas do passado. Veio a "prática" QSU mais uma tabela de preços atractiva, que não deve constituir, a meu ver, um obstáculo para ninguém que queira ir ao estádio (resta saber quantos dos espectadores-alvo estarão ao corrente de tudo isto).
Ainda sobre medidas ou posturas que me pareceram correctas, a clara separação dos papéis do Presidente em relação ao comando da SAD. Esclareço, não defendo que o Presidente se alheie do rumo geral, das grandes metas ou decisões da SAD. Defendo sim que o dia-a-dia fique exclusivamente a cargo da própria SAD, de preferência comandada por alguém que conjugue o carisma de grande belenense ("presidenciável", direi eu) com as qualificações específicas necessárias para o cargo. Para o Presidente do Clube basta assim "ter" tudo o que diz respeito às restantes modalidades e actividades. No fundo, o que é mesmo do Clube e não da SAD...

Se aquelas foram as medidas que me pareceram positivas, as negativas acabam por ser, a meu ver, um simétrico exacto... "reverso da medalha". No fundo, um sair de "tiros pela culatra" quando tínhamos o "alvo" bem na "mira", "munições" e "caça" farta. Por vezes basta pouco para que o bom passe a mau, o feitiço se vire contra o feiticeiro ou os bestiais passem a bestas. Não é tanto assim, mas quando os resultados são maus, algumas medidas que poderiam ser boas, caprichosamente, ampliam ainda mais o desastre.
O objectivo mais ambicioso ("Europa") foi substituído por um evitar de males maiores (descida de divisão). Nestas coisas das expectativas dos adeptos (sobretudo os nossos), grande é a queda.
As contratações, que pareciam boas, agora parecem mais duvidosas. Soma-se a lacuna devida à ausência de Meyong na CAN, afinal falha de planeamento pouco compreensível.
O discurso inicial e optimista de Carvalhal foi substituído por um discurso de crise, de quem não sabia o que se estava a passar nem porquê... e pior de tudo parecia não saber o que havia de fazer. No fim, saiu o treinador que tinha a confiança dos responsáveis. E lá veio Couceiro, com novo discurso. Já não fala em "Nação Azul", mas sim em "assobiadores".
Sobre a QSU já ouvi com alguma frequência sócios dizerem-se defraudados, porque mesmo com o desconto acham que afinal pagaram mais jogos que os que vão querer (e vão) ver.
Quanto ao afastamento do Presidente relativamente à SAD, também já não sei o que diga. Em toda a recente convulsão Cabral Ferreira poderá ter tido alguma influência (nomeadamente na escolha de Couceiro), mas pouco faz-se ouvir junto dos sócios.
Quanto a Barros Rodrigues, depois do "shit happens" e já em recente entrevista, embora forneça uma explicação mais sólida para a "fase da asneira II", deixa ainda no ar alguma incapacidade em justificar a "débacle" (e para enfim evitar repetições). Um bom discurso, mas como sabemos isso pode não chegar. Desde logo estranha-se a divergência com o treinador quanto aos objectivos traçados, algo debilmente justificada com a divergência dos "públicos-alvo". Para quem fala Barros Rodrigues quando deixa entender que o "caminho da Europa" não se perdeu de vista? Para quem fala Couceiro quando deixa entender que nem quer ouvir falar nisso e que tal género de aventuras pode levar à 2ª Divisão? Mistério...

A par de tudo isto falta referir que já sob a "era" Cabral Ferreira foi uma vez mais reforçado e confirmado o estatuto "amador" dos administradores da SAD. Até quando isso será sustentável? Aqui é o Clube/SAD que divergem, não só da tendência do futebol moderno, mas das próprias exigências que deveriam obrigatoriamente emergir no âmbito da gestão de uma sociedade bem capitalizada e com orçamentos consideráveis. Assim continuaremos com Barros Rodrigues em part-time... e Jaime Monteiro... não sei exactamente. Então a falada hipótese de aumentar o número de administradores da SAD (sempre amadores), espero que tenha sido pura especulação. Serviria, na ausência de uma gestão a tempo inteiro, para implementar uma gestão por "turnos"?

No resto, 2005 foi - preocupantemente - de "banho-maria" para o projecto imobiliário, senão mesmo de "passo atrás" (com a radical mudança do plano de contrução). Aqui há uns anos havia quem risse sobre a importância do Bingo (quando este foi criado). Hoje somos Bingo-dependentes. Agora atrasa-se o projecto imobiliário... esperemos que não se concretize só já quando o Bingo tiver esgotado o seu filão (bem provável), passando nós a ser... imobiliário-dependentes. Temos de nos antecipar! Precisamos do projecto... e de muito mais!

Quadros de Honra e Desonra de 2005

Apesar de reconhecer que não tenho autoridade alguma para isto, aqui ficam as pessoas que a meu ver merecem destaque (realço, portanto, que a escolha é pessoal e só minha). Note-se ainda que relativamente ano anterior resolvi reduzir a lista de contemplados...

Figura do Ano: Anaís Moniz, Champion... of the World!

Equipa do Ano: Rugby – Juvenis, Natural Born Winners

Jogador do Ano: Meyong, pois claro, faz aquilo que o meu povo gosta, como se não houvesse amanhã

Belenenses do Ano: Vicente, é repetente de 2004, agora chegado a uma bela idade (70 anos). Long live the King!

Vilão do Ano: Antchouet, que o ano passado até levou com a distinção que agora é do Meyong... mas aquilo não se faz, cedo ou tarde pagarás (aliás já está a pagar, ao que parece)

"Saltador" do Ano: Neca, saltou para cima mas anda lá em baixo. Olha que galo...

"Dandy" do Ano: Juninho Petrolina, entre ele e Deco a diferença são umas quantas caipirinhas... foi pena!

Belenenses-mas-que-não-parecem-muito do Ano: Infelizmente esta é uma (nova) distinção com muitos candidatos. Para não deixar ninguém triste ficam ex-aequo os "assobiadores" e Vítor Serpa. Os primeiros porque existem, de facto, mas são uma raça persistente. Masoquistas? Já não bastam os que assobiam para o lado quando as coisas correm mal?!?!?!?
O segundo, não gostando eu muito de duvidar do Belenensismo de ninguém (incluindo dos "assobiadores"), é director de um dos segundos jornais do Benfica. Convenhamos, não é cargo muito próprio para Belenenses. Para não ofender, a distinção explicita "não-parecem", mas...
Ficou safo Alexandre Pais, abonado pela correcção ad-hoc à classificação do Marco Aurélio num dos jogos, contrariando a bizarra avaliação de um empregado seu. Pelo contrário e em desabono de Vítor Serpa algumas "pérolas", achando eu particular graça ao facto de a Bola online, na secção de andebol, dar todo o destaque à segunda divisão da modalidade. Será porque a dita "elite" é sempre onde estão Benfica e Sporting? A juntar a isto, contei também com aquela que eu considero ter sido a capa de jornal mais tonta, ridícula e vergonhosa do ano (a do "pequeno Miccoli"!).

Não-sei-o-quê do Ano: Conselho Geral do Clube

Deixem passar o tom de brincadeira de algumas destas últimas distinções, que a hora é de preparar a festa. Adeus 2005, pernas para que te quero!



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