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Belém! Belém! Belém! (2)



Na última vez que aqui botei escrito fiz uma espécie de "acto de fé", com o qual todos os que gastam o seu tempo e coração com estas coisas do Belenenses poderiam reflectir sobre a sua "irmandade", tantas vezes desavinda, quase sempre desentendida e, recentemente, muito desesperada.
Apesar disso alguma (ou mesmo muita) razão concedo aos que afirmam que as soluções para os problemas do Belenenses poderão não passar pelo juízo dos sócios ou, pelo menos, da sua maioria… com direito de voto, quer o exerça ao não (é indiferente – cada vez mais). Desde logo porque ninguém ou poucos se entendem. Não é que se possa ou deva avançar apenas com soluções de "consenso" - daquelas que deixam meio-satisfeitos a gregos e troianos e o Clube na mesma, ou pior – mas porque as verdadeiras soluções, muito provavelmente, haveriam (ou hão de) de doer a muita gente. Mas considerando a evolução da nossa massa associativa – e passe o cinismo – se calhar não chega a ser assim tanta gente como isso…
Se o que está acima me parece verdade (pelo menos em boa medida), não é o mesmo concluir que o maior problema do Belenenses é precisamente a sua massa associativa. Seja porque são tipos mal-encarados que assobiam, comodistas que preferem o sofá ou malta simplesmente ruim que só tem o Clube (e a correspondente ruína) que merece. A ser assim lá ruiria também meio mundo tal como o conhecemos, a partir do dia em que a freguesia passasse a ser o maior problema de quem a tem de atender. Mais vale fechar a loja. A ser assim, faça-se um trespasse o mais rapidamente possível. Nem que seja só da bandeira (aquela, a do meu post anterior). Do resto alguém tratará.

Tecidas aquelas considerações, desde logo poderão intuir que por estes dias o que mais me preocupa continua a não ser quem joga, quem se contrata, o que escouceia Couceiro ou assuntos similares. Estou quase como aqueles que, sendo até há pouco absolutamente indefectíveis, declaram hoje "trégua" sabática… e compreensivelmente se afastam do Clube – à imagem de milhares que os precederam. Quase, direi eu, quase. A minha vontade, a manter, é de acima de tudo cumprir os deveres básicos de adepto: assistir sempre que seja possível aos jogos, puxar pelo Belenenses e desejar uma bela vitória no próximo jogo (seja com quem fôr). Quanto ao resto vou pedir cabeça (isto é, razão) e coração a todos os Belenenses. Com isso e com os factos, poderemos entender e idealmente, mudar a realidade. É que por muito que se criem divisões quanto aos elencos directivos, quanto ao ecletismo, quanto a isto e aquilo, a realidade é só uma. Assim sendo e apesar de tudo importa apelar aos que sejam capazes de ver essa mesma realidade. Os que não sejam, façam o favor de deixar passar.

Vamos então a factos, vamos então ao que é a realidade.
A realidade é que o Estádio do Restelo está a ficar cada vez mais vazio.
A realidade é que o Belenenses (clube de futebol), nos últimos 30 anos, só se classificou entre os 5 primeiros por 5 vezes e apenas 2 vezes entre os 3 primeiros. Por outro lado acabou em 14 ocasiões (isto é, praticamente metade do universo em análise) do 10º lugar para baixo, incluindo as 4 épocas na 2ª divisão.

A linha de tendência (linear), a amarelo, é elucidativa. Quem a pára?

A realidade é que os nossos escalões de formação no futebol, praticamente nos mesmos últimos 30 anos, produziram poucos ou nenhuns talentos. Com isso não formamos, só compramos, ao preço que seja. Desperdício.
A realidade é que com um futebol pobre e perdedor o Clube, como qualquer outro, não cresce. Não fosse aliás o fluxo extraordinário de sócios "piscineiros" e o nosso número total de sócios seria, não praticamente igual ao das últimas décadas (como é), mas inferior.
A realidade é que, mesmo aumentando o número de filiais, decresce ano após ano o nosso número de adeptos por esse país fora.
A realidade é que entre a descendência de Belenenses, uma grande percentagem (cada vez maior) perde-se para outros clubes.
A realidade é também que a popularidade e potencial de projecção (a todos os títulos) do futebol não tem qualquer paralelo em qualquer outra modalidade. Nem de perto nem de longe.
A realidade é que o Belenenses, mesmo que em tempos antigos tivesse enfrentado uma deslealdade e desrespeito por parte de orgãos de Comunicação Social, agora é quase integralmente votado ao desprezo e ignorância. Mas pior que isso, pouco ou nada no próprio Clube se faz para contrariar isto, em linha com o resto desta triste realidade. Essência e imagem de mãos dadas, ambas em degradação contínua. O site na Internet, por melhor que seja, é uma pequena gota. Ainda mais se fôr, à imagem do Clube, uma colecção de peças em que o futebol é apenas mais uma... e ainda por cima é tida por dar "chatices".
A realidade é também que de momento e entre os centros de actividade/custo do Clube apenas o Bingo proporciona lucros assinaláveis para o Clube. Prontamente absorvidos na sua totalidade.
A realidade é também que, das receitas absorvidas, o investimento efectivo e verdadeiramente estrutural (isto é, capaz de produzir resultados sustentados para o futuro), tende a ser nulo. Remodelou-se o Estádio, mas este, cruelmente, vai estando cada vez mais vazio. Melhoraram-se a aumentaram-se marginalmente os espaços para os praticantes mas, ironicamente, o nosso Complexo permanece saturado. Ao ponto de, ponderando-se a criação de uma Equipa B, não se saber onde a encaixar ou quem escorraçar para a encaixar.
Tudo isto é só parte, haverá mais, mas por ora chega. Chegue-se à frente, por favor, quem contraria ou tiver provas cabais que a realidade não é aquela. Sinceramente, não deve ser muito diferente...

Como conclusão, poderia deixar a idéia - também facilmente aceitável - de que os males do Belenenses não são de hoje. E a ser assim, que quem hoje tem as rédeas do Clube poderá ter de enfrentar décadas de vícios mais as já famosas "quintas", que fora e dentro do próprio Clube dispersam a sua essência e capacidade em prol dos mais variados caprichos e vaidades. Não é fácil dar a volta, isso sei. Mas amigos - amigos, Belenenses é outra coisa. Mais resultados, menos desculpas. Soluções e não mais problemas. Há que mudar o rumo, mas há que mudá-lo radicalmente, não basta ao Belenenses lamentar-se da sorte, do "sistema", dos adeptos ou de outros "terceiros" que sejam. Para conquistar (e não "reconquistar" - esqueçamos o passado, se isso vos perturba (?)) um "lugar ao sol", temos de ser muitas vezes mais arrojados que a nossa concorrência. Temos de ser actuantes, activos, determinados, irrequietos, inconformados. Temos de ser… e parecer!
Os resultados são visíveis, logo são comemorados ou lamentados. A bola entra ou não entra. Se não entra mais vezes do que entra, não há - nem ninguém pode esperar - milagres. Heróis são os que vencem, mais heróis ainda se o fazem superando as maiores adversidades.

Caros consócios, depois do outro "acto de fé", pensem bem, muito bem, sobre o que faz falta ao Belenenses. Aos que já o fizeram profusa e profundamente, poderiam ficar dispensados. Mas não se perde nada. Quais as nossas verdadeiras prioridades? O que é ou não é verdadeiramente vital para o Belenenses? Que Belenenses queremos? Que Belenenses será possível ter?
Se pensam que apenas falta sorte, não sei qual o remédio nem acredito, com tal diagnóstico, no futuro do nosso Belenenses (já agora, sendo hoje 6ª feira 13, nem deveriam andar por aí!). Se pensam que a culpa é de terceiros ou dos adeptos, não vejo que se vá muito mais longe também. Como diz o Luís Oliveira, ou sim ou sopas. Como disse e bem o Pedro Guedes, a culpa não pode envelhecer e morrer sem companhia. Ainda menos que hajam autênticas culpas de "vintage".
Mais uma vez, nem quando nos reste apenas aquele banco de jardim, o dia tem de chegar, aquele em que todos os Belenenses tenham o Belenenses acima de si e do "seu" belenensismo. Pensem no Belenenses! Por favor!

Não ao silêncio! Belenenses, mostra que sentes! Mostra que vives! Mostra que lutas! Luta!
Indignem-se, revoltem-se, agitem-se, o que quiserem, mas façam circular de novo o sangue do Belenenses!
VIVA O BELENENSES!



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