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Fantasmas do Abismo e outros



Fantasmas do Abismo

Fala-se de salários em atraso no Belenenses. Fala-se – e ao que tudo indica é verdade – que ainda pagamos os salários de Carvalhal (estarão estes em atraso?), para que este, para além do seu negócio, ainda possa fazer uma "perninha" na SportTV. Em contrapartida, não se fala do projecto imobiliário. Não se desmentem agora e de forma veemente as notícias que dão conta dos salários em atraso. Também pouco ou nada se fala sobre o caso Antchouet, não se vislumbrando garantias de que não venha a ser um novo caso Paulo Madeira (cujo desfecho poderá ter agradado, ou não, depende da opinião de cada um – na minha não).
E os milhares de Belenenses que não têm a possibilidade de contacto com os meandros do Clube e assim ter o "privilégio" de receber explicações… o que poderão pensar eles? Eles que se orgulhavam de serem adeptos de um Clube cumpridor (um dos poucos consolos, diga-se)? E quem pode dizer que não têm razão?
A complementar tudo isto e para além da realidade que descrevi há dias (artigo), os resultados são os que são. É certo que ainda nada está perdido, com um 7º lugar a 6 pontos, o 8º lugar a 5 pontos e por aí fora. Mas o panorama é sombrio. Elevam-se os “fantasmas do abismo”, espectros de uma nova descida de divisão… que a meu ver e nas actuais circunstâncias (Clube e futebol português em geral) seria a mais letal de todas. Preocupa-me que o esforço pela “Europa” se faça sentir em todas as vertentes excepto na mais importante, que são os resultados. Não percebo como um Clube que em teoria tinha todas as condições para fazer muito melhor, mergulhe a pique afastando-se cada vez mais do topo do futebol nacional (até há tempos, o nosso lugar “natural”) e, mais grave ainda, se divorcie irremediavelmente da sua massa adepta, ao ponto de tornar o Belenenses em funestas cinzas do grande Clube que já foi.

A equipa, o treinador

Perante o cenário actual e na minha opinião resta esperar que os jogadores e a equipa técnica que temos possam evitar o descalabro maior. Não sou por nova “chicotada”, tendo em mente a experiência recente do Belenenses. Também não acredito que a contratação de mais um ou outro jogador possa fazer grande diferença. Tenho e mantenho a minha opinião sobre os actuais jogadores e técnico – como saberão e em geral está longe de ser positiva – mas espero que até ao fim da época se empenhem em dar o seu melhor, combatendo o fracasso como sendo o seu próprio fracasso. Quero que se mantenham unidos, que se galvanizem para a luta. Que se façam respeitar conquistando esse mesmo respeito. Da minha parte não quero virar as costas, embora compreenda perfeitamente quem o faça.
E apesar de ser avesso a aceitar as frequentes críticas aos nossos sócios, faço um pedido aos que como em 2004 (na sua maioria não-sócios, creio) acorreram ao Restelo aquando do jogo da “salvação”. Não esperem por novo jogo da “salvação”. Ou apoiam sempre ou então mais vale trocarem a presença nesse jogo por presenças nas Assembleias-gerais ou onde quer que se possa ajudar a corrigir o que está mal no Clube. Porque os jogos de “salvação” são já o fim da linha.

Conversa de nus

Saindo momentaneamente fora do âmbito do Belenenses, achei particular graça à recente troca de palavras entre os presidentes de Benfica e Porto a propósito da “pirataria” na contratação de jogadores. Parece tal qual um “diz o roto ao nu, por que não te vestes tu?”. Na verdade é mais uma conversa de nus. Eu confesso, ao saber do que o jogador Marcel andava a aprontar com a Académica, desde logo e com uma grande precisão adivinhei (só falta o Euromilhões) qual seria o seu novo clube. Para quem apanhou com um Paulo Madeira...
A coisa deixou de ter tanta graça quando o presidente do Benfica ripostou a Pinto da Costa referindo o caso do César Peixoto. Foram situações diferentes, dir-se-á, porque no caso da transferência do dito rapazinho para o FCP a negociação foi directa e cara-a-cara entre os responsáveis portistas e os do Belenenses, tendo sido fixadas claramente as contrapartidas (uma das quais poderá nunca se concretizar, temo). No entanto e daqui retiro duas ilações, sendo que uma nos diz mais respeito que outra. A primeira é o facto de os descarados presidentes de SLB e FCP assumirem que são uma autêntica máfia que não olha a meios na hora de conseguir o que querem à custa dos mais “pequenos”. E a imprensa, como sempre, faz a “cobertura” (nos dois sentidos) aclamando entusiasticamente as vedetas na exclusiva condição de valiosos reforços dos (seus) clubes piratas. Só de vez em quando lá aparece um colunista que se interroga sobre o “buraco negro” que anda a engolir os clubes “não grandes”, acabando por fazer figura de pateta ou de hipócrita. Afinal quem promove a idolatria de jogadores sem palavra e sem escrúpulos? Quem ajuda a aliciar e incentiva a que façam letra morta dos contratos que têm com os clubes “pequenos” (“não lhes cortem as pernas”)? Quem promove a idolatria dos clubes que os acolhem, onde a sua falta de palavras e de escrúpulos encaixa como uma luva?
A segunda ilação é a de que o Belenenses, nesta história, fica do lado dos perdedores. Tem muita razão o presidente do SLB quando aponta o caso do César Peixoto. Poderemos considerar com menos agravo dado o desfecho final e as contrapartidas que o Belenenses conseguiu, mas abriu-se um grave precedente (como eu e outros companheiros de blogue na altura alertámos na ML). A forma como o César Peixoto “iniciou” o seu processo de transferência é (ou deveria ser) inadmissível. E a questão com o Antchouet, no fundo, é grave pelo mesmo motivo. O sinal emanado é o de que qualquer jogador, se assim desejar, pode sair do Belenenses quando e como quiser, independentemente de o Clube contar com ele, sem que seja penalizado por isso. Está bem que essas coisas não acontecem só ao Belenenses (com a Académica também pelos vistos). Está bem que o mal, em primeiro lugar, é do “sistema”. Mas não está nada bem que clubes como o Braga ou o Boavista raramente ou nunca enfiem estes barretes, bem pelo contrário. Não somos maiores e melhores que eles? Responda quem de direito.

Conversa de nus II

Aqui há uns dias alguns consócios invocavam com saudade os mandatos de Sequeira Nunes no que ao futebol diz respeito. Diziam que com ele não aconteceria o que está a acontecer agora. Pois é, ainda falta um terceiro treinador e um clube que substitua o Moreirense (que está na Liga de Honra). Interessará mesmo discutir e votar sobre qual é a “fase da asneira” menos má? Que clube seremos se as direcções dos últimos anos (ou décadas) se distingam entre as que conseguiram a manutenção e as que não? Um clube que luta para não descer? Já nem eu sei se será mau, perante uma perspectiva pior (a de um clube que luta para subir). Como lamentava eu naquele jogo com o Braga em 2004, por entre vivas ao Moreirense - ou ao Belenenses quando o Moreirense marcava (o que será pior?): ao que chegámos!

VIVA O BELENENSES!



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