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Quando a culpa morre solteira



Ainda meio embriagado com o que anteontem se passou no Restelo, quero crer que a maior parte das críticas que tenho ouvido são injustas - infelizmente injustas visto que, a terem merecimento, seriam os problemas bem mais simples de resolver.
A seguir à extraordinária semi-expulsão do Carvalhal, escrevi eu aqui (é só procurar no arquivo) que daí por dois meses estaria cá eu, sozinho como habitualmente, a defender a continuidade do Couceiro. Errei nos dois meses, que o estado de graça parece que durou menos tempo...
De caminho, suplica-se pela saída pela porta dos fundos da direcção do clube e da administração da SAD. Eis uma barbaridade! Pessoalmente, não me parece que a direcção tenha enganado quem quer que seja, o que é tanto mais evidente quanto se conhece o manifesto belenensismo dos que a integram. Já no que respeita à administração liderada por Barros Rodrigues, não é pior do que outras que a antecederam, não fosse o caso de dar muito o flanco ao invés de se dar ao respeito. Em entrevista à Bola, dizia Barros Rodrigues há menos de um mês que estará aí para as curvas uma equipa B, cujo único senão é não ter onde treinar visto que o Restelo está "saturado" (sic). Ou seja: a SAD paga ao clube por umas instalações de que não pode usufruir na plenitude, em clara violação dos interesses dos seus accionistas - e eventual má gestão.
É justamente aqui que chegamos ao cerne da questão: a tomada de decisões, que, naturalmente, deverá obedecer a um prévio estabelecer de opções e prioridades. Justamente o que não existe - e como é evidente, correr com um ou com outro não resolve os problemas de fundo. E a principal interrogação, a meu ver, é esta: o Belenenses pretende ser um emblema competitivo no futebol ou um clube eclético e prestador de serviços? E façam o favor de não considerar que a conjugação das opções é compatível, posto que não o é em parte nenhuma do mundo civilizado.
Dito isto, julgo que só há um caminho a seguir, dividido em duas fases distintas, a primeira das quais é meter uma cunha ao Luís Oliveira para que por sua vez meta outra junto do Santo Ambrósio (que é da sua devoção) para que esta época não termine como todos neste momento tememos. E uma vez ultrapassado (mais) este pesadelo, fazermo-nos à vida, que é como quem diz ir a votos - perdoem-me as senhoras que eventualmente por aqui passem - com mais "tomates" e menos conversa da treta, explicando claramente aos associados quais são as prioridades de cada qual. E nesse quadro, sendo o futebol o eleito, colocá-lo acima de quaisquer outros interesses de caciques de secção que valem meia dúzia de votos, ainda que transferindo para a SAD todos os direitos de imagem e de exploração de terrenos. Independentemente do resultado do plebiscito, não viria daí mal ao mundo e os sócios diriam de sua justiça sobre o caminho pretendido. Seria então mais fácil, daí em diante, responsabilizar o eleitorado pelas consequências das suas posições.
Não sendo assim, resta a quem deseja um novo impulso para o futebol, a determinação de alterar os estatutos da dita no sentido de a "desblindar", para que possa chegar a vez de investidores privados com ânimo de conquista, uma espécie de rapazes da praia do século XXI. No fundo, é escolher entre isto e a morte lenta.



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