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Dedos nos olhos



Ora cá temos de novo o Zé dos Cucos:


Caro amigo Luís Oliveira,

Escrevo-lhe hoje por via de um assunto que me tem incomodado, as claques esses adeptos com nomes de agrupamentos estranhos que gritam e perturbam o espectáculo que outros pagam para ver concentrados.

Nem falo dessa coisa abjecta que lampiões ou dragões em tempos diversos se meteram, mas daqueles que querem ser pastéis a sério e a quem muito falta.

Outrora não existia essa turba e os estádios eram mais compostos, podia-se beber uma cerveja vendida por passantes como ainda acontece com as cajadas no Restelo.

Dava para ouvir o transistor colado ao ouvido, o remate ou a corrida no relvado, cheirar a relva, escutar o grito de "passa", "toma", "vai lá", etc , percebendo o que os jogadores queriam e se esforçavam.

O esforço era recompensado com o aplauso ou arrasado com o assobio.

Este procedimento não se afaste de qualquer espectáculo que requeira o mínimo de concentração, salvaguardando algumas especificidades como a "patear" que requer ainda mais silêncio.

A geração dos surdos não pode obrigar os restantes cidadãos a aderir às suas modas ruidosas.

A tentativa de se imporem à força dizendo que era um funeral a primeira parte de último jogo é para rir a bandeiras despregadas, porque se ouvia os míudos das escolas a apoiar com cânticos de incentivo verdadeiros e nos momentos certos, tal afirmação é um desrespeito para os míudos que souberam apoiar com toda a oportunidade, nos pontos mortos ou momentos de tensão.

Se deixei de ir ao cinema foi principalmente por não admitir estar num espectáculo onde se ouve a todo o tempo o mastigar de pipocas, o que entendo como selvejaria face à concentração na obra.

Talvez seja a idade, mas não entendo o fado sem um copo e um cigarro na noite dentro e quem não perceber isso, nunca saberá o que é o fado.

Como o tiro ao pombo ou as touradas e não me venham com argumentos do politicamente correcto e mais aquele pessoal que deixa o chão pejado de minas quando sai todos os dias a passear o canídeo, mas sabe dar lições de moral.

Perfiro morrer assim, conhecedor dos prazeres da vida na sua plenitude.

Portanto sou insuspeito no que se refere a gostar de claques a fazer barulho durante os jogos ou outras iniciativas que prejudiquem os espectadores, mesmo que tenham boas intenções (dizem eles), logo é abusivo e estúpido o argumento de todos gostam (nunca perguntaram) e demonstra atraso mental as acusações a quem não concorda que não é Belenenses.

A baixa cultura não justifica serem palermas e usarem argumentos falsos.

O que lhes é exigido é APENAS o nome, nº de bilhete de identidade e contribuinte.

Fazer disto uma guerra é de doidos e não há pachorra, mesmo a morada não são obrigados a dar, basta colocar a morada do CNVD e invocar o nº 2 do artº 82 do código civil, tão simples como isso e transcrevo:




ARTIGO 82º
(Domicílio voluntário geral)



1. A pessoa tem domicílio no lugar da sua residência habitual; se residir alternadamente em diversos lugares, tem-se por domiciliada em qualquer deles.

2. Na falta de residência habitual, considera-se domiciliada no lugar da sua residência ocasional ou, se esta não puder ser determinada, no lugar onde se encontrar.

Ora falar em declarar o emprego, registo criminal, estado civil e outras tretas é tudo mentira, porque não é pedido nem consta da ficha que já mostrou.

Só a má fé pode invocar tais argumentos.

Quando aparece a teoria que têm polícia à porta, dá vontade de rir, pois todos sabem que o clube se comprometeu em não facultar o acesso em dias de jogo às instalações da claque, junto da Polícia e da Liga como forma de contornar o facto de ceder um espaço para sede dentro do perímetro de segurança.

Se tal acontece foi por força dos abusos, porque não souberam comer e calar em tempo.

Bem se calhar é melhor que não se registem porque vemos os jogos sem tanto ruído.
Veja se põem bom para vir ao Restelo, mesmo que seja à nascente que o amigo faz mais falta que a claque.

Zé dos Cucos

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