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Pagando facturas de pai incógnito



Artigo de opinião do associado João Pela

Excluindo as temáticas de gestão, eleitorais e inerentes às modalidades, o Belenenses tem vindo, desde há uns largos anos a esta parte, a padecer de três grandes problemas básicos relativos ao futebol, modalidade que afinal é a sua razão de ser, a saber:

A falta de uma liderança forte e qualificada,

Fruto de um amadorismo que não se coaduna com o volume de negócios, onde alguns espíritos voluntariosos cumprem com uma missão para a qual foram ungidos de forma solitária na base do desenrasca.
Outros clubes do 1º e 2º escalão tem graves dificuldades em conseguir um único pré-candidato, começa a ser recorrente a busca de uma solução de consenso para listas únicas, vidé casos do Sporting, Vitória de Setúbal, Boavista, etc, e não é inédito as eleições ficarem desertas, como foi o caso recente do Gil Vicente.
No Belenenses o ciclo é levogiro (contrário ao sentido do relógio) e quando os nossos adversários têm dificuldades nós temos abundância e vice-versa. Vá-se lá saber porquê?
O amadorismo gera naturalmente um regime de experiências continuas, fruto de quem quer agarrar instrumentos que desconhece, sem disponibilidade para a aprendizagem ou conhecimentos adequados, quanto mais para o exercício corrente. Os curtos mandatos e a rotação de dirigentes em nada favorece a tarefa.
O resultado são as más escolhas de plantéis, deficientes preparações de épocas, má gestão das pressões para fora, falta de controlo do plantel e um navegar à vista permanente por mais que se invista e sem obter a contra-partida esperada do investimento.

Manutenção das instalações,

Uma das práticas usuais que têm sido usuais é a falta de manutenção das instalações, saneando o mínimo dos mínimos exigidos regulamentarmente para dar continuidade à actividade normal, sem se falar em investimento.
Aqui vai faltando tudo ou quase tudo, desde sanitários impróprios a relvados degradados passando pelas instalações de apoio paupérrimas e sem qualidade, mesmo as condições mínimas que a lei reguladora impõe.
Para além do desincentivo à frequência das instalações por parte dos sócios e espectadores, despreza-se em paralelo as receitas de praticantes que afinal são um suporte das mesmas instalações.

Má gestão do futebol,

A pior pecha que temos sido alvo, salvo talvez o 2º mandato de Cabral Ferreira, estará no pulso sobre a equipa de futebol e no tratamento da modalidade.
Talvez aqui importe separar as causas concorrentes do descalabro que tem vindo em espiral:
a) Má prospecção e avaliação dos jogadores a serem contratados. Por esta razão compra-se por atacado e caro, seja pelo preço de aquisição, seja pelos prémios e comissões e posteriormente as influências na massa salarial.
b) Adquire-se jogadores aos quais não são feitos adequados exames médicos ou com as garantias mínimas de adaptabilidade às funções que vão exercer.
c) Planificam-se muito mal as épocas e interrupções, não salvaguardando os interesses do clube. Chegamos ao ponto de alguns jogadores terem férias desde Maio até Agosto, seguindo-se alguns jogos sem estruturação em que as deficiências são ocultadas pela inferioridade técnica e competitiva absurda dos adversários.

Uma interrupção competitiva superior a um mês para quem não tenha hábitos de manutenção implica necessariamente uma perda drástica da estrutura física que no mínimo demorará quase o mesmo tempo a recuperar, se juntarmos a isso a incorporação num todo que se pretende que seja uma equipa, dará bem a noção do prejuízo para a competição as interrupções superiores. Consequentemente as lesões sucedem-se de forma esperada por falta de preparação. Claro que o mau arranque condiciona de imediato qualquer aspiração pontual e a partipação regular nas competições paralelas (taças) uma vez que as lesões mais ou menos graves obrigam a soluções de recurso permanentes.
d) Havendo falta de pressão sobre o plantel, exigindo-se respeito e resultados, empenho e dedicação, concedendo espaço para indisciplina, inimputabilidade de culpas relativas a passividade, má condição física (a condição física é uma obrigação de um profissional de futebol independemente do apoio de que deve dispor), más práticas de vida com resregulação biológica e acomodação “aos serviços mínimos”, não será possível obter resultados e motivação direccionada à competição.
e) Será mais que evidente que quando um treinador não tem a visão mínima de jogo e não consegue passar o que pretende, não serão os jogadores a adivinhar. A falta de leitura de jogo e de uma táctica que é fruto de um estudo do adversário demonstra pouco respeito pela entidade patronal, neste caso, os responsáveis e os sócios.
f) Claro que sem espectáculo não há receitas e sem receitas não há verbas para as despesas.
Ao ponto a que chegámos e admito que fui um dos que aplaudiram a opção Jaime Pacheco, valeria a pena e em forma de caricatura dizer que qualquer sócio faria igual ou melhor, quer na função dele ou na de muitos ditos jogadores que lá pupulam. Se o pensei, outros melhor o fizeram e foram-se sentar no banco de suplentes, na segunda-feira de manhã! Não sei qual era a intenção e aqui digo que só num clube como o Belenenses isto é possível. Mas se não foi lindo, deve ter sido pelo menos inédito, pena que o carnaval já tenha passado e o 1º da abril também.
E se os dirigentes se preocupassem um bocadinho com o futebol e dessem um puxão de orelhas ao Jaime Pacheco e plantel, deixando de lado um bocadinho as tolices que dizem por via eleitoral, seria pedir demais?

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