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Faltam as garantias



Por Joaquim Rita

As razões desportivas que radicam do bom desempenho da equipa do Estrela da Amadora na Liga têm sido sufocadas pelo habitual incumprimento salarial do clube, com os jogadores e técnicos a suportarem a inexistência de qualquer remuneração esta época.

Dir-se-ia que há um vício instalado na Reboleira que privilegia a não liquidação atempada dos seus compromissos salariais. É assim há vários anos, pese a exigência da Liga de Futebol Profissional de uma «declaração emitida pelo clube (ou SAD) subscrita pelos seus legais representantes e certificada por Revisor Oficial de Contas ou Sociedade Revisora de Contas, da inexistência da situação de dívidas salariais a jogadores e treinadores, com referência à época 2007/2008». Resumidamente, parece poder concluir-se o seguinte:

- o Estrela, para poder participar no Campeonato de 2008/2009, teve que apresentar documentação comprovativa da inexistência de dívidas relativas a épocas anteriores;

- cumprida essa imposição da Liga de Clubes, o Estrela fechou a tesouraria e os seus profissionais (e famílias)... aguentem-se.

Qualquer que seja a arquitectura de argumentos tendente a justificar a ausência do pagamento de qualquer salário - e não tarda em se completar o 4º vencimento... -, mais do que chocante, é imoral o comportamento dos dirigentes estrelistas. Ao bom desempenho desportivo dos seus profissionais (10 pontos conquistados à 6ª jornada), o Estrela tem respondido com promessas acumuladas, deixando-os, meses a fio, de mãos vazias.

Não me custa acreditar que o Estrela da Amadora não é caso virgem neste regabofe de imoralidade, mas nenhum, porventura, com o desplante de nem sequer se ter estreado com qualquer pagamento.

Há quase sete meses, mais exactamente a 2 de Abril, neste mesmo espaço, sustentei «a necessidade de duas medidas defensoras da verdade e salvaguarda dos interesses dos profissionais de futebol. Estas:

- o depósito, por parte dos clubes, na Liga (ou Federação), no início de cada temporada, de uma garantia bancária de valor a determinar em função do mapa salarial e que só seria accionada ao 2º vencimento em falta;

- a apresentação, por parte dos clubes, no final de cada época, de documento comprovativo da liquidação dos ordenados aos seus profissionais, só depois ocorrendo a homologação das competições em que participaram»

Infelizmente, parece que estava a adivinhar! O exemplo do Estrela da Amadora deve levar Hermínio Loureiro a reflectir sobre novas medidas a adoptar, tendentes a despejar verdade sobre o futebol. Profissionais a terem de suportar «meses» com noventa, cem ou cento e vinte dias é fomentar o descrédito, a leviandade, o desrespeito. O futebol não pode ser um cóio de mentira.

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