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Entrevista com Tiago Almeida



Notas Prévias:

Tenho vindo aqui a referir o bom trabalho que tem vindo a ser feito nas camadas jovens, em especial a excelente época do nossos juniores, os quais apenas não foram qualificados para a respectiva fase final, porque o sistema não deixa.

As arbitragens, em especial no jogo com o Benfica, foram decisivas para afastar o Belenenses dos 4 finalistas, número este claramente insuficiente para justificar a existência duma fase final, a qual teve um epílogo lamentável entre os clubes da 2ª Circular.

E como não podem gnahar os dois, houve estalo e ainda há estalo.

Tiago Almeida é um valor seguro dos nossos juniiores e espero bem que ganhe o seu lugar como elemnto da equipa principal de futebol.

Tiago Almeida foi mais um dos casos que João Barbosa esqueceu-se de pagar os direitos de formação. Desta feita ao Casa Pia, indo esta Direcçã/SAD colmatar mais um esquecimento, a somar aos acsos do Mano e Frielas.

Deixo-vos coma entervista dada à
Academia de Talentos.

Foi uma das revelações da época passada dos juniores do Belenenses ao serviço dos quais apontou 20 golos, no final de época foi chamado aos seniores e estreou-se pela equipa principal. Consciente da concorrência pesada que encontra na selecção, Tiago Almeida tem os pés bem assentes no chão e assume que o grande objectivo é garantir um lugar no plantel principal dos azuis do Restelo. Viu-se cobiçado pelos três grandes, mas teve sabedoria suficiente para construir o seu próprio caminho, e hoje para além de ter ganho o seu espaço no Belenenses também é uma aposta na selecção.

OS PRIMEIROS TOQUES NA BOLA E O CONVITE DO CASA PIA

Como é que surgiu o futebol na tua vida?

Eu chegava sempre cedo à escola, tocava às 08:30 e eu chegava sempre às sete e cinquenta com a bola dentro da mala, depois à tarde ficava sempre a ver os treinos no Casa Pia, um dia pediram-me para treinar, eu treinei, treinei bem e fiquei.

Sempre tiveste este gosto pelo futebol?

Sim, semprei! Também tenho dois primos meus que são jogadores e sempre gostei muito de futebol.

De alguma forma eles influenciaram a tua dedicação pelo futebol?

Não, eu já tinha na cabeça que queria acabar a escola e que queria ser jogador de futebol.

Quem são os teus primos que jogam futebol?

O Semedo que agora joga no Steua e o Artur Jorge Vicente que já deixou de jogar futebol, que jogou no Sporting e no Boavista.






Como é que surgiu o convite do Casa Pia?
O convite surgiu porque eles viram-me a jogar na escola e estavam a precisar de jogadores! Eu era escolinha na altura, tinha dez anos e pediram-me para lá ir. O meu pai na altura não estava muito de acordo com os treinos porque eram tarde, mas depois convenci-o e ele aceitou.

Como é que foi essa tua primeira abordagem num clube?

Era diferente! Era organizado, não era como jogar na rua com os meus amigos. Tínhamos de fazer os passes e as posições, já era treino, não era como na rua que só tínhamos de correr atrás da bola, já era tudo organizado, era tudo um bocado diferente.

Como é que se deu essa adaptação?

Adaptei-me bem porque também os meus colegas viram que eu sabia jogar, já sabia algo, foram porreiros para mim e puseram-me sempre à vontade.

Recordas quem foi o teu primeiro treinador no Casa Pia?

Foi o mister Rui e era também uma treinadora chamada Sofia, mas não me lembro muito bem.

Nessa tua primeira experiência como jogador que tipo de conselhos recebias da parte dos treinadores?

Diziam para nos divertirmos ao máximo, que estávamos numa altura em que divertir era o mais importante, que depois mais tarde iríamos abordar outros conceitos importantes, mas que ali era para nos divertirmos.

Como é que correu essa tua primeira época de escolinhas pelo Casa Pia?

Na primeira época fomos à final do campeonato com o Oeiras e perdemos.

Já jogavas a avançado na altura?

Sim, já jogava.

E já marcavas muitos golos?

Lembro-me que nessa época marquei cerca de quarenta e cinco golos, foram mesmo muitos.

Esperavas marcar assim tantos golos no teu primeiro campeonato?

Eu sempre gostei muito de marcar golos, e desde pequenino que era muito refilão, por vezes era arrogante com os meus colegas, porque queria sempre ganhar, ganhar, ganhar. Mesmo a brincar nos treinos às vezes perdia e ficava chateado, por vezes chorava. Tive sempre essa coisa de querer sempre ganhar.

Estiveste quanto tempo no Casa Pia?

Estive seis anos. Dos dez aos Sub-15, depois vim aqui para o Belenenses quando era Juvenil A.

Como é que te correram as outras épocas no Casa Pia?

Em infantis de 7 fomos à final outra vez com o Oeiras, eu já tinha doze anos e perdemos 4-1 ou 5-1, e lembro-me que fiquei bastante triste. Depois passámos para iniciados, o que foi um bocado complicado para mim porque era futebol de onze, outra dinâmica e perdi-me um bocado nesse ano, marquei apenas oito ou dez golos, o que foi pouco. Mais tarde o mister dos iniciados A pegou em mim e pôs-me logo nos mais velhos para começar a trabalhar para a próxima época, porque íamos jogar no campeonato nacional de iniciados. Em iniciados A (Sub-15) já era muito mais competitivo, já apanhámos o Sporting e o Benfica, onde já estavam o Wilson Eduardo, o Diogo Rosado e o David Simão, e eram equipas bastante fortes. Nesse ano conseguimos a manutenção, marquei 25 golos e fui algumas vezes capitão, e já era também uma referência da equipa, era um bocado alto o que já fazia a diferença nessa altura.

Essa média de golos dos Iniciados A também aconteceu nos infantis?

Sim, nos infantis foram cerca de 45 golos, mas também porque nós jogávamos sempre futebol sete e nunca futebol onze. Eu nos infantis sempre joguei futebol sete.

Quais foram os principais obstáculos na adaptação aos iniciados B?

Os movimentos já eram outros, o campo era maior e mais largo, e já eram onze contra onze não eram sete, foi difícil também porque já eram outros conceitos, já era outro nível, outra exigência...

Que tipos de conselhos os teus treinadores te deram nessa fase?

Nessa altura como foi difícil e eu vinha dos infantis, como era dos melhores e também vinha armado em campeão, eles disseram-me logo que eu ali tinha de trabalhar como os outros senão não tinha hipótese, mas quando eu jogava eles incentivavam-me sempre. Depois quando faltava um mês ou dois para acabar a época continuei a trabalhar, porque sabia que nos iniciados A ia ser diferente e era importante conseguir a manutenção, porque íamos jogar contra jogadores já de alguma qualidade, como era o caso do David Simão, que já o conhecia, também o Wilson, o Rosado, eram jogadores já de outro nível.

Consideras essa passagem de infantil para iniciado o teu primeiro grande obstáculo no mundo do futebol?

Foi muito chato para mim, até porque eu estava habituado a jogar e a ser sempre a referência do Casa Pia nos jogadores com a minha idade. Foi bastante complicado, mas os meus amigos ajudaram-me sempre e diziam-me que eu ia conseguir. Como eu ainda era miúdo depois ultrapassei essa fase e só pensava em jogar no campeonato nacional de iniciados.

Na passagem para iniciados tu vinhas rotulado de craque dos infantis, no entanto sentiste algumas dificuldades de adaptação e acabaste por jogar menos do que esperavas. Nessa mesma época acabaste depois por ser integrado na equipa A dos iniciados. Conta-nos como isso aconteceu?

Sim, aí estávamos na honra e estávamos a lutar para subir para o campeonato nacional. Estávamos nós e o Oeiras em primeiro na altura e depois o Oeiras consegui passar-nos no último jogo. Se o Oeiras empatasse nós subíamos, mas eles ganharam o jogo deles, nós também ganhámos e não conseguimos subir. Eu fiz ainda uns 5 a 6 jogos na equipa A e na equipa B não jogava praticamente.

Como é que correu essa experiência na equipa A, tendo em conta que eras um jogador mais novo?

Fiquei logo muito contente porque era uma equipa mais velha, que tinha jogadores que vinham do Sporting, como caso do Fábio, o Vitalis, um ucraniano, a equipa era mesmo bastante forte e eles incentivavam-me sempre e passavam-me a bola. Normalmente quando vamos aos mais velhos eles não costumam passar a bola aos mais novos para não sobressaírem e para não lhes tirar o lugar, mas eles foram impecáveis.

Chegaste a apontar algum golo nesses jogos?

Sim, apontei dois contra o Odivelas.

Como é que correu depois a época que fizeste pelos iniciados A?

Ficámos em segundo, mas houve uma equipa que não podia subir por causa de uns problemas e subimos nós para o campeonato nacional.

A nível pessoal como correu?

Já foi mais importante, eu fui capitão muitas vezes e partilhava a braçadeira com o Tiago, que era um excelente jogador na altura também. Tínhamos uma equipa forte, tínhamos um conjunto de doze, treze jogadores muito fortes, mas se faltasse algum tínhamos muitas dificuldades. Treinávamos num campo reduzido mesmo na escola da Casa Pia e sentíamos algumas dificuldades em alguns jogos. Com equipas como o Alverca e o Estrela da Amadora batíamos-nos de igual para igual, mas já contra o Belenenses, o Benfica e o Sporting sentíamos algumas dificuldades. Mas conseguimos ultrapassar isso e conseguimos ficar nos cinco primeiros.

Quantos golos apontaste nessa época?

25.

Como é que foi assumir a responsabilidade da braçadeira de capitão?

Assumi a responsabilidade porque já estava preparado, já estava nos mais velhos, tinha a confiança do mister e ele a minha, acho que não foi muito difícil. E o jogo que mais me marcou foi contra o Sporting, estávamos a ganhar dois a um e depois nos últimos minutos eles viraram para 3-2 em casa.

Tu como referência do Casa Pia já tinhas sido mais vezes capitão?

Sim, nos infantis eu já era capitão e nas escolinhas chegava a ser, não era muitas vezes mas chegava a ser.

Recordas quem foi a pessoa que te entregou a braçadeira?
Nos iniciados A foi o mister Paulo Nunes.

Que nos podes contar sobre ele? Gostaste de trabalhar com ele?

Sim, porque ele tirava a faculdade, tinha outros métodos e foi muito vantajoso para mim.

Ainda no Casa Pia chegaste a jogar pelos juvenis?

Sim. Joguei nos juvenis B mas passei logo para os juvenis A.

Como correu essa adaptação?

Foi fácil. Jogava sempre, joguei com os mais velhos, cheguei e consegui impor-me. Eles também gostavam muito de mim e até cheguei a jogar pelos juniores, uns quatro ou cinco jogos.

Durante essa época de Juvenil A lembras-te como correu a nível pessoal?

Marquei 35 golos. Nós éramos alguns de segundo ano e os jogos mais difíceis eram contra o Estoril, o Oeiras, o Benfica e o Sporting, mas conseguimos batermo-nos bem e não subimos de divisão devido às condições, porque nos faltavam algumas.

Sentiste muitas dificuldades em jogar com jogadores mais velhos?

Naquela altura lembro-me que jogava só com algumas equipas, o Benfica e o Sporting eram todos da minha idade. Não tive dificuldades, porque eu também já era alto naquela altura, já era bem constituído fisicamente, treinava muito isso, corria às vezes mesmo quando não havia treinos, sempre gostei muito de treinar para evoluir o máximo possível.

E a chamada aos juniores como é que correu?

Eu comecei a treinar com eles e no primeiro jogo o mister disse "vai para ali que eu quero ver o que tu vales agora aqui com os mais velhos". Ele depois pôs-me na equipa titular e o primeiro jogo foi em Alverca onde perdemos 2-1, e estávamos a ganhar um a zero e fui eu que marquei. Estava lá o seleccionador António Violante e logo a seguir o mister Paulo Sousa veio nos ver contra o Benfica, onde perdemos 3-2 ou ganhámos 3-2, não me lembro bem, e de seguida fui para a selecção Sub-16.

Como é que os teus colegas dos juniores viam um juvenil B a jogar com eles?

Haviam dois ou três que moravam ao pé de mim e apoiavam-me tanto como os outros. Por acaso eles eram um grupo excelente, a equipa era muito forte e o capitão também era muito forte, chamava-se Ricardo Aires e era espectacular, punha-me sempre à vontade. Levava algumas descascas mas isso também faz parte.

Sentias muita diferença no ritmo de um escalão para o outro?

Sim, era completamente diferente, a agressividade, a qualidade de passe, as posições, era tudo diferente.

Depois dos juniores ainda voltaste a jogar pelos juvenis?

Não, já não voltei a jogar, acabei a época lá.

O INTERESSE DO PORTO E BENFICA, OS TREINOS À EXPERIÊNCIA E UMA ESPERA ANGUSTIANTE

Depois surgiu o Belenenses na tua carreira. Como é que aconteceu?

Antes do Belenenses ainda surgiu o Porto.

Queres nos contar essa história do Porto?

Na altura foi um senhor que era massagista do CAC Pontinha e olheiro do Futebol Clube do Porto, ele ligou-me para casa, para os meus pais, para eu ir lá fazer uns testes. Lá fui e correu bem, mas depois faltou a concordância da parte dos meus pais para eu ir para lá. Eu estava mesmo bastante entusiasmado para ir para lá, mas depois os meus pais não chegaram a um consenso e não fui.

Estiveste quanto tempo no Porto?

Estive um mês.

Com a equipa de Juvenis ou de Juniores?

Primeiro treinei com os mais velhos que era a equipa do André Pinto, mas depois treinei com os da minha idade, com o Josué... que me pôs logo à vontade.

Não ficaste apenas porque os teus pais não chegaram a um consenso?

Sim, interesse sempre houve, mas os meus pais não chegaram a um consenso para eu ir. Depois eles também vieram a saber que eu estava a treinar no Benfica, e depois aí disseram que eu ou decidia ir para um lado ou para o outro, os meus pais também são benfiquistas ferrenhos e queriam que eu fosse para o Benfica. No Benfica estive a treinar um mês ou dois e ninguém me dizia nada, depois chegou o interesse do Belenenses, e na altura o director da formação era o Jorge Marques, pai do Fábio Marques que também está connosco nos seniores e que jogou comigo esta época. O Benfica não se decidia, eu treinei, treinei e eu comecei a ficar chateado e disse aos meus pais que achava que preferia ir para o Belenenses.

Lembras-te qual foi a pessoa que falou contigo do Benfica?

Do Benfica foi o Bruno Maruta.

E como aconteceu o contacto? Ele abordou-te, ligou-te?

Sim, ele ligou-me, disse que já me tinha visto jogar bastantes vezes e que queria que eu fosse lá treinar.

Foste treinar com que escalão?

Com os juvenis.

Tu estavas no Casa Pia e de repente tiveste um mês no Porto, outro mês no Benfica, eram realidades diferentes...

Sim, eram realidades diferentes mas foi bom. Tinha lá o David Simão, o André Soares, o Romão, o central, eram bons jogadores e eles também me aceitaram bem.

Como é que foi a adaptação nos dois clubes, tendo em conta que eram clubes muito diferentes do Casa Pia?

No Porto foi mais difícil porque era longe, não estava junto dos meus pais, não via os meus pais todos os dias, foi um bocado mais difícil, apesar das pessoas terem sido excelentes comigo, mas foi mais difícil. No Benfica já foi diferente, o meu primo ia ver os treinos e o meu irmão também, sentia-me mais à vontade.

Mas nunca houve nenhum contacto do Benfica durante o período em que estiveste lá a treinar? Para uma possível continuidade?

Não. Treinava, treinava e diziam-me sempre para ir no próximo dia, no próximo dia... Éramos três ou quatro os que estávamos lá, depois desisti, achei que eles estavam a gozar comigo ou qualquer coisa do género, que não tinham mais interesse e que não tinham coragem para o dizer. Eu decidi por mim ir-me embora.

Lembras-te quem era os treinadores na altura, tanto do Porto como do Benfica?

Do Porto não me lembro bem quem era o treinador, mas no Benfica ele agora estava nos juniores acho, chamava-se Alexandre.

Quando deixaste de ir treinar eles não te disseram mais nada?

Passadas duas semanas disseram, disseram que pensavam que eu ia para o Porto e que já não valia a pena, que iam entrar em conflitos. Depois eu disse que já não vou para um nem para outro, decidi ir para o Belenenses.

Podemos saber quem te disse isso?

Foi o Bruno Maruta, acho eu.

Com o Bruno Maruta chegaste a falar com ele sobre o que ele pensava de ti como jogador, como uma aposta para o futuro?

Ele contactou-me e disse que eu tinha qualidade e que tinha possibilidades de ficar no Benfica, e ele disse para eu ir lá treinar e eu treinava, treinava e eles não me diziam nada. Acabei por me fartar e quando recebi o contacto do Belenenses vim logo para aqui.

Na altura quando estavas no Porto, quem era o treinador que orientava os treinos?

Não sei, porque era o Padroense, eram juvenis B e eu não sabia mesmo quem era.

Já nos disseste que foste contactado pelo Benfica e pelo Porto. E do Sporting nunca foste contactado por ninguém?

Do Sporting, o Casa Pia como tinha protocolo com o Sporting na altura disseram para eu não ir para o Belenenses, porque poderia haver uma possibilidade de eu ir para o Sporting ou de o Sporting ficar com o meu passe, qualquer coisa assim do género, e eu disse que no Sporting achei que não ia jogar com regularidade e descartei logo essa hipótese. Preferi vir para o Belenenses, onde tinha mais hipóteses de jogar regularmente.

Recordas qual foi a pessoa do Sporting que falou contigo?

Não, no Sporting eles contactavam directamente com o Casa Pia, porque eles tinham um protocolo com o clube.

Durante o período que estiveste no Porto e no Benfica, alguma vez tiveste um conversa com os treinadores?

No Benfica eu falava e eles gostavam bastante de mim, os treinadores. Diziam sempre para eu ir, mas depois eu cheguei a um ponto em que falei com o treinador e disse-lhe que eles não me diziam nada e que o Belenenses tinha vindo falar comigo e que eu ia para o Belenenses, porque achava que era o melhor para mim.

E o que é que ele te disse na altura?

Ele disse que se eu achava que era o melhor para mim, que era isso que eu devia de fazer.

Esse interesse do Belenenses surgiu através de um contacto directo contigo ou falaram com o Casa Pia?

Não, foi directo comigo, depois eu cheguei a acabar a época lá e depois vim para aqui. Vim para aqui e vim logo para os juniores, era juvenil e comecei logo a treinar com os juniores.

Para ti, que eras um jovem, tendo em conta que tinhas praticamente os três grandes interessados em ti, foi importante manteres os pés bem assentes no chão?

Foi bom porque nunca foi nada de concreto, eles se me quisessem mesmo nem ia lá treinar, eles pegavam em mim, assinava e fazia logo parte do plantel, mas eles queriam ainda ver se eu tinha condições para representá-los. Por isso eu continuei na mesma a trabalhar, porque o meu sonho na formação foi sempre jogar no Sporting, sempre quis jogar no Sporting, mas ir para lá também para não jogar e ver os outros jogar, preferi vir para o Belenenses, que aqui sempre me deram todo o apoio e sempre joguei regularmente.

Esses testes que fizeste nos outros clubes foram durante a época de juvenil B?

Sim, durante a época de Juvenil B, nas paragens do Natal e da Páscoa.

E o Casa Pia estava a par desses testes?

Eles chegaram a saber do Porto.

E do Benfica?

Do Benfica acho que não, mas do Porto souberam de certeza.

Diziam-te alguma coisa no Casa Pia? Sempre levaram a bem a tua possível saída?

Não, eles não gostaram porque acho que por lei as equipas têm de mandar um fax, a pedir autorização para os jogadores irem lá treinar e nem o Porto, nem o Benfica fizeram isso. O Benfica fez isso posteriormente mas o Porto não fez.

Eles alguma vez tentaram impedir-te de ir treinar a esses clubes?

Eles nunca me impediram, apenas me disseram para ter cuidado, aconselharam-me apenas, mas impedir não impediram.

Para além do interesse dos três grandes, alguma vez recebeste um convite de um clube estrangeiro?

Ouvi rumores mas não era nada de concreto e acho que não era nada importante, o importante é continuar a trabalhar, dar sempre o máximo em cada treino, em cada jogo e esperar para ver o que possa acontecer.

O INTERESSE DO BELENENSES E O CONFLITO COM O CASA PIA

Depois com o interesse do Belenenses houve algum contacto com o Casa Pia? A transferência foi fácil?

Não, não fácil. Eu quando vim para aqui comecei a treinar, eles depois souberam por terceiros que eu estava aqui a treinar e só comecei a jogar em Dezembro. O meu primeiro jogo pelo Belenenses foi contra o Estrela da Amadora, perdemos 2-1 e também fui eu que marquei. Entrei ao intervalo, estávamos a perder um a zero, eu igualo e depois eles fizeram o 2-1.

E essa estreia foi pelos Juniores?

Não, foi pelos juvenis. Eu fiz a pré-época toda com os juniores, nos jogos de pré-época, era na altura o Mister Rui Jorge, chegou mesmo a pôr-me a jogar porque na altura não havia muitos avançados aqui. Eu comecei a jogar mas depois de eles não me darem os papeis e de não estar inscrito, ele achou melhor eu ir para os juvenis porque também não ia jogar ali nos Sub-19 e porque o campeonato deles começava mais cedo.

Alguma vez o Casa Pia te deu uma justificação do porquê de estarem a dificultar a tua transferência?

Eles disseram que eu não era um jogador qualquer, porque diziam que o Belenenses não foi correcto com eles, mas eu acho que uma oportunidade de vir jogar para o Belenenses, qualquer jogador que esteja no Casa Pia ou noutro clube mais abaixo acho que não a quereria desperdiçar.

Quem é que desbloqueou a transferência?

Foi o meu tio, o meu pai e o senhor Miguel Quaresma, que agora está no Benfica como adjunto do Jorge Jesus.

Mas falaram com os directores do Casa Pia?

Sim, falaram, o meu pai ia lá e dizia que eu não andava contente porque só treinava, chegava na hora da convocatória ia lá ver e o mister dizia para ter calma, que depois iria jogar. Eu andava mesmo angustiado, até as notas na escola começaram a baixar, nada corria bem, até que o meu pai foi lá e falou com eles. Eu fui lá uma vez e eles viram que eu não andava contente e decidiram dar-me os papéis.

Deram-te mais alguma justificação para estarem com estas complicações?

Sim, na altura que eu fui à selecção fui como jogador do Belenenses em vez de ir com o nome do Casa Pia e aí gerou-se a confusão, porque eles disseram que eu ainda não era jogador do Belenenses e que deveria ter ido com o nome do Casa Pia. Foi a primeira vez que fui internacional e gerou-se a confusão por causa disso.

Porque é que o Miguel Quaresma se intrometeu na transferência?

Porque ele era o director da formação do Belenenses na altura.

Durante todo esse período em que estiveste sem jogar deve ter sido complicado para ti. Alguma vez ponderaste deixar o futebol?

Não, isso nunca. Porque eu desde pequeno que sempre tive força de vontade de lutar contra tudo e contra todos até conseguir aquilo que quero. Depois, tinha colegas, como o Fredy, que é muito meu amigo, ele é o meu melhor amigo aqui, tinha também um colega meu que não podia jogar, que veio da Suiça e que morava ao pé de mim, o Pina, tinha o Zazá, eram todos muito meus amigos e sempre me apoiaram, e isso de desistir do futebol nunca me passou pela cabeça.

Mas foi uma das etapas mais complicadas da tua vida?

Foi, mas consegui superar bem, graças também aos meus amigos e à minha família que está sempre presente, consegui superar isso facilmente.

Como é que foi vestir a camisola do Belenenses, certamente que é uma realidade diferente daquela a que estavas habituado?

Sim, é. São exigências diferentes, éramos juvenis no campeonato nacional a lutar pela passagem à segunda fase, era tudo diferente, o horário de treino era às 20:30, era complicado depois sair daqui, tomar banho, ficar à espera do autocarro e ir outra vez entrar às 08:30 na escola. Foi um ano de garra, de luta...

Tu moras onde?

Em Carnaxide.

Como é que conseguiste gerir esse tempo entre o futebol e a escola, certamente tinhas pouco tempo para descansar?

Tinha pouco tempo, foi complicado mas conseguia conciliar. Não sou muito bom aluno, mas nunca tive negativas, as notas baixavam mas negativas nunca e sempre consegui conciliar.

Os teus pais alguma vez te disseram alguma coisa por causa das notas baixarem?

Falavam, porque eles também gostavam que eu acabasse o 12º ano e puxavam também um bocadinho por mim. Sabiam que eu gostava de futebol, estava sempre ligado ao futebol, estou em casa e estou sempre a ver futebol ou estou a jogar consola com o meu irmão, tem quase tudo a ver com o futebol sempre que estou lá em casa. Depois o meu pai gosta também muito de futebol.

Como é que correu essa primeira experiência pelos juvenis do Belenenses?

Ficámos em quarto lugar, depois fomos jogar contra o Louletano para passarmos à segunda fase, ganhámos aqui 5-1 e lá empatámos 1-1. Passámos à segunda fase e depois apanhámos o Sporting, mas passou o Sporting, mas eles eram bem mais fortes que nós. Nós bem tentávamos, chegávamos a alturas em que igualávamos o jogo mas por vezes quebrávamos e eles aí eram fatais.

Era um ritmo completamente diferente daquele a que estavas habituado?

Sim era, porque também já tinha outros jogadores, tinha na altura o Fredy, o Zazá, o Oliveira, o Zé Ricardo, o Daniel Pinto também, tinha já jogadores de outra qualidade. E mesmo nas outras equipas também já era bem mais competitivo.

Os teus colegas receberam-te bem aqui no Belenenses?

Sim, eles aceitaram-me bem. Porque também vim para os juniores e eles viram que eu também tinha qualidade e aceitaram-me bem, até porque eu joguei em juvenis B contra eles todos.

Quantos golos apontaste nessa época de Juvenil A?

Foram 20.

Quem era o teu treinador na altura?

Era o mister Filgueira.

Depois como correu a passagem para os juniores?

Essa época de juniores foi bastante complicada porque aí a exigência também já era outra e o mister também já era outro.

Mas complicada porque jogavas pouco?

Eu era júnior de primeiro ano mas ainda joguei uns dezoito jogos.

Então porque achas que essa época foi complicada?

Também derivado à minha atitude, às vezes tinha uma atitude desligada do treino, por vezes queria fazer uma coisa e saía outra. Também saía às 17:00 da escola e tinha de vir sempre a correr para os treinos, vinha cansado. Mas ele (Rui Jorge) puxava sempre por mim, dava-me muito na cabeça e depois consegui evoluir, e nesses dois anos que estivemos com ele, foi o melhor treinador que eu já tive, em termos pessoais, em termos de treinos e de motivação.

Tu sempre jogaste a ponta de lança ou alguma vez te colocaram noutra posição?

ei a ponta de lança.�����Qual é o es

Qual é o esquema táctico que melhor se adapta às tuas características?

Eu gosto de jogar nos dois, 4-3-3 ou 4-4-2, desde que jogue... este ano joguei com o Abel Camará e também jogava com o Figas (André Figueiredo), eram dois colegas espectaculares, trabalhávamos todos em conjunto, remávamos todos para o mesmo lado e eram bons companheiros, não havia problemas.

A ÉPOCA QUE TERMINOU, O PRIMEIRO LUGAR, O SONHO DA SEGUNDA FASE E AS ARBITRAGENS

Falando da época que terminou, como é que analisas a vossa prestação no campeonato?

Não posso dizer que tenha sido excelente porque não passámos à segunda fase, mas foi quase excelente, foi muito boa.

Já esperavas uma época a este nível?

Nós queríamos fazer o máximo de pontuação possível de sempre dos juniores A do Belenenses, mas eu pelo menos tinha na minha cabeça que era este ano que íamos conseguir passar à segunda fase. Mas o primeiro objectivo era o máximo de pontuação possível e depois se possível passar.

Quando ao longo da época se viram no primeiro lugar o que é que sentiram?

Nós estivemos sempre com os pés bem assentes no chão, até porque o nosso treinador não nos deixava fica com muitas vaidades, e depois acho que a chave do nosso sucesso, 50% coube à equipa técnica, que foi espectacular, excelente, e os jogadores também eram muito competentes.

O vosso grupo era mesmo muito unido?

Era muito unido e era também bastante humilde, treinávamos todos com muito afinco e acho que isso também foi uma das chaves do nosso sucesso.

Como é que conseguiram construir um grupo assim tão unido?

Penso que o treinador conseguiu criar esse ambiente e nós também já éramos alguns que transitámos de juniores B para juniores A, mais os que vieram também para ajudar, e nós sempre nos apoiámos muito uns aos outros, nos bons e nos maus momentos.

O que é que achas que faltou à vossa equipa para não conseguirem o apuramento para a segunda fase?

Em termos de condições faltou-nos o campo, o campo é a condição mais relevante, porque se nós tivéssemos pelo menos o campo número 2 para treinar duas vezes por semana, ou uma, ou mesmo só para jogar, acho que poderíamos ter tido melhores resultados. Em relação aos treinos, tínhamos sempre campo para treinar, tínhamos condições, acho que foi mesmo o campo, jogar em campos emprestados, jogar aqui e ali, acho que isso foi o factor mais relevante de não termos passado.

Estiveste presente no jogo com o Marítimo na Madeira? Passou-se alguma coisa de anormal durante esse jogo? Falou-se muito desse jogo no que diz respeito à qualidade da arbitragem...

Sim, estive, a arbitragem também não foi a melhor, mas eu acho que não podemos pôr a culpa só na arbitragem. Acho que 50% foi a arbitragem e outros 50% fomos nós. Entrámos de uma forma que não era a nossa equipa, não se identificava connosco, entrámos muito mal no jogo, entrámos logo a perder, depois quando quisemos ir atrás do prejuizo já era tarde. Tivemos depois ao longo do resto do jogo atitude, trabalhámos, tentámos dar a volta, mas até podíamos ficar ali a jogar dois dias que não dava mesmo.

E o jogo com o Atlético em casa, no Monte da Caparica (risos), aconteceu alguma coisa?

Sim, a arbitragem aí também não foi a melhor, até porque jogámos bem na primeira parte, mas depois na segunda parte o árbitro começou a inventar um pouco, nós começámos também a exaltarmo-nos, irritámo-nos, depois eles conseguiram fazer o empate e nós não conseguimos vencer o jogo.

No jogo com o Sporting na Academia, em que o Guarda-Redes Golas foi expulso e o Nuno Reis foi para a baliza e até defendeu um penalty, também houve algum caso de arbitragem?

Não, casos de arbitragem acho que não. Acho que nós tivemos um bocado de medo no princípio do jogo, por causa do Sporting que já não perdia há alguns anos em casa, tivemos receio de entrar logo como costumávamos entrar no jogo. Entrámos mal, jogámos mal a primeira parte, na segunda parte rectificámos, mas já não conseguimos vencer o jogo.

O Golas foi expulso por dar uma cotovelada num jogador do Belenenses?

Sim, ao Abel Camará. E eu tenho a certeza que se fosse um guarda-redes naquela baliza que a bola entrava no penalty, mas a sorte estava um bocado do lado deles, e temos que também dar mérito ao Nuno Reis, de louvar a coragem dele de ir para a baliza e defender o penalty.

Quando falaste há pouco nos esquemas tácticos referiste o 4-4-2 e o 4-3-3, no entanto o Rui Jorge revelou que joga consoante os jogadores que tem, e uma vez que ele tinha quatro avançados-centro de qualidade, optou pelo 4-4-2 losango precisamente para dar mais oportunidades a todos eles. Tu e o Abel foram os que jogaram mais vezes juntos?

Sim, fomos os que jogámos mais tempo, mas o Figueiredo também jogou alguns jogos.

Tendo em conta que jogaste mais vezes com o Abel, podes-nos dar algumas dicas sobre as principais características dele?

Eu acho que me entendia com ele, porque se eu fechasse na direita ele sabia automaticamente que teria de fechar na esquerda, eu se estivesse mal ele sabia como me corrigir, porque é possante, ele também é trabalhador e identifica-se muito comigo. E também por ser bastante meu amigo fora do campo, e acho que isso era também uma das chaves para nos darmos muito bem.

No jogo com o Benfica no Seixal em que perderam 2-1, podes-nos falar um pouco sobre essa partida, até porque pelo que percebemos através dos teus colegas, vocês estavam muito confiantes durante essa semana?

Sim, estávamos confiantes, entrámos bem no jogo, tivemos logo as duas primeiras oportunidades, mas infelizmente não conseguimos fazer o golo, depois o Benfica teve oportunidade e fez o 1-0. Nós continuámos sempre a jogar taco a taco com o Benfica, e eles fizeram o 2-0, e depois fizemos o 2-1 já perto do final, depois ainda tivemos oportunidade para fazer o 2-2, mas infelizmente não o conseguimos fazer.

O que é que tu pensas do desfecho do campeonato de juniores?

Eu falei com o meu pai sobre isso e acho que assim até foi melhor, porque nós também merecíamos ter passado e tínhamos também uma palavra a dar sobre quem iria ser campeão.

Mas não haver campeão é uma penalização muito grande para os jogadores que trabalharam durante dez meses. Achas que o título deveria ser atribuído na secretaria?

Não, eu acho que o título tem de ser decidido a jogar. Também falei com alguns dos meus colegas e já joguei com alguns na selecção e acho que mereciam, deveria haver mais um jogo para atribuir o campeão.

Ao longo da entrevista falaste em vários jogadores, como por exemplo o David Simão, o André Soares, o Diogo Rosado e o Wilson Eduardo. Falas muito desses jogadores porque são uma referência para ti?

Referências para mim não são, mas tal como o Fredy e o André Almeida, são jogadores que têm bastante qualidade e com sorte podem chegar lá acima.

Tirando o Belenenses, tens bons amigos nas equipas grandes?

Amigos não digo porque não estou com eles, só quando sou convocado para os treinos da selecção ou quando mando mensagem para eles a perguntar como ficou o jogo. Não tenho assim melhores amigos, mas dou-me bem com eles todos.

E tendo em conta a tua posição de avançado, tens algum interesse particular em ver jogos do Wilson Eduardo ou do Nélson Oliveira?

São os dois muito bons jogadores, a prova disso é que são os dois que estão nos Sub-19, mais o Rui Fonte, que é um jogador de quem eu também gosto muito, acho que o Sporting tem ali um avançado de futuro e que também pode vir a ser um avançado de futuro da selecção.

Não podendo escolher um jogador do Belenenses, dos jogos que viste ao longo da temporada, quem achas que foi o melhor jogador do campeonato nacional de juniores?

Do Porto não posso dizer muito porque só via as crónicas no site da Academia de Talentos (risos), do Benfica e do Sporting...do Sporting acho que este ano o Wilson foi o jogador que esteve mais em destaque e o Pedro Mendes, os dois, sem escolher um em particular acho que é isso, porque o onze era forte também, era bastante forte. E o Benfica também tinha um onze forte de grande qualidade, tinha o Saná, o Danilo Pereira, o David Simão, o Leandro Pimenta e o Nélson Oliveira é um jogador também com bastante qualidade, prova disso é a pré-época que está a fazer com o Benfica. O Roderick Miranda também me surpreendeu muito, porque não o conhecia bem e acho que também tem muita margem de progressão.

TREINADORES E O INTERESSE DO OLIVAIS E MOSCAVIDE

Quando falas com os teus colegas certamente que trocam impressões sobre os treinadores, tens assim algum treinador da formação com quem gostarias de ter tido oportunidade de trabalhar?

O mister Leonel Pontes, o adjunto do Paulo bento, que era meu treinador do Desporto Escolar quando eu tinha nove anos, sempre tive curiosidade, na altura ele também treinava o Sporting em juvenis, sempre tive curiosidade de ser treinado por ele e pelo mister Paulo Sousa.

Porquê o Paulo Sousa em particular?

Porque o Fredy e o Fábio Marques me diziam que os métodos de trabalho dele eram os melhores e que ele era muito bom treinador.

Que memórias guardas do mister Leonel Pontes durante o tempo em que ele foi teu treinador no Desporto Escolar?

Ele dava-me muitos conselhos porque eu queria a bola só para mim, não passava a bola ninguém e quando perdia chorava sempre, queria sempre ganhar e ele explicava-me que não podia ganhar sempre e dava-me muitos conselhos, até porque era professor de Educação Física lá na escola.

Que jogadores na tua posição é que tu aprecias mais?

Eu gosto muito do Thierry Henry e do Fernando Torres, gosto muito do Liverpool, mas a minha equipa preferida e a que eu mais gosto é o Arsenal, mas gosto muito de ver o Liverpool a jogar, por causa das movimentações do Fernando Torres, que acho que é um jogador excepcional, mas o meu ídolo é mesmo o Thierry Henry.

A época que passou foi uma época de ascensão para muitos jogadores do Belenenses. Como é que analisas a tua época a nível pessoal?

Acho que foi boa, até porque tivemos um mister bastante competente, que era bastante exigente e acho que isso foi benéfico para nós. Já jogou no Sporting e no Porto, veio com outros métodos de trabalho, tem outros conhecimentos, acho que é um excelente treinador e devemos-lhe muito a ele. Eu especialmente nestes dois anos foram os anos em que aprendi mais, e agradeço muito a ele pelo contributo que ele teve na minha evolução na formação.

Guardas algum conselho especial que ele te tenha dado?

Lembro-me quando o Olivais e Moscavide em Janeiro perguntou-me se eu queria ir para lá, o mister Filipe Moreira gostava de mim e queria que eu fosse para lá na altura. No jogo com o Torreense, ganhámos 5-0, marquei dois golos e o mister chamou-me à cabine dele e deu-me os parabéns, depois disse-me: "por mim sabes que se quiseres ir não há qualquer entrave e eu também posso falar com o Belenenses, mas eu acho que essa decisão só tu é que podes tomar". Depois disse-me também para avaliar as condições que haviam lá e acho que isso foi preponderante e eu decidi ficar, porque achei que ainda teria mais coisas para aprender com ele até final da época.

Indo para o Olivais e Moscavide seria para a equipa sénior?

Sim.

Voltando à época que passou, achas que as diferenças do Belenenses para o Benfica e Sporting foram só a nível de condições?

Este ano foram só as condições, porque em termos de jogo jogado não diria que eles tivessem um ascendente durante o jogo, porque o jogo era completamente repartido com eles esta época, tínhamos um grupo muito forte e não era como nos outros anos que via-se claramente a superioridade deles em termos de jogo. Este ano já não se viu isso, mas também porque nós treinávamos com uma dinâmica semelhante a uma equipa sénior, treinávamos sempre forte, o preparador físico também era muito bom, era tudo mecanizado, também às vezes íamos ao ginásio, este ano já tínhamos ginásio e o mister via os tempos de treino, as horas de descanso no treino, era tudo muito competente e acho que o Sporting e Benfica este ano não tiveram muita superioridade sobre nós.

Nas conversas que já tivemos com os teus colegas muitos disseram que por vezes não havia transporte para os jogos. Curiosamente num jogo frente ao Oeiras chegaram ao Restelo e não tinham como ir para o jogo. Queres falar-nos sobre isso?

Sim, foi logo quando chegámos aqui a Belém disseram-nos na hora que não havia transporte, o mister na altura até ficou bastante chateado, mas disse logo que independentemente de não termos transporte, mesmo sem condições, que nós íamos lutar até final, e foi com essa mentalidade que ele nos passou que nós tivemos a força e a garra a época toda.

Como é que foi para ti chegar ao dia de jogo e deparares-te com uma situação de não haver transporte?

Foi chato na altura, até comentámos uns com os outros que isto não podia ser, que deviam ter mais consideração por nós e que poderiam ter avisado durante a semana, mas como íamos ter jogo rapidamente esquecemos isso. Os meus colegas telefonaram aos pais para saber se podiam levar-nos e rapidamente resolvemos isso, fomos para o jogo e até ganhámos 1-0, com alguma dificuldade até, e se calhar até foi bastante saborosa essa vitória, atendendo às condições que tínhamos antes do jogo e a equipa que era, que precisava de pontos na altura e foi bom, um a zero, às vezes as vitórias por um a zero nos últimos minutos são as que sabem melhor, apesar de custarem mais.

Achas que todas estas particularidades fortaleceram e ajudaram a construir um grupo unido?

Acho que mesmo que não houvessem essas contrariedades esse espírito ia haver, até pela personalidade dos treinadores que tínhamos que era muito forte e passavam-no isso treino a treino.

Achas que havia alguma falta de consideração do clube em relação ao vosso plantel?

Não era falta de consideração, mas davam mais importância à equipa sénior. Eles respeitavam-nos, porque havia sempre o presidente a ver o jogo, o director, a equipa sénior, o João Freitas também via o jogo bastantes vezes, o adjunto do mister Jaime Pacheco, acho que não fizeram foi tudo, mas também se mostravam receptivos em relação a nós.

Pelo que nos tens dito, achas que a equipa do Sporting e do Benfica não era tão forte como em épocas anteriores?

Forte era, mas acho que nós é que estávamos mais fortes este ano, acho que eles, fortes são todos os anos, mas eu acho que nós este ano estávamos ao nível deles.

E a vitória do Belenenses sobre o Sporting no Restelo foi um marco histórico ao fim de tantos anos sem ganharem ao Sporting no Estádio do Belenenses. Que sentiste na altura?

Foi o momento mais marcante que eu tive, foi a vitória mais saborosa que eu já tive, e nesse jogo até fui suplente utilizado, mas foi a vitória mais importante para mim, porque eu já a procurava já fazia algum tempo. O Sporting era a única equipa a quem eu não tinha ganho e que eu gostava bastante de ganhar.

Já tinhas ganho ao Benfica?

Já, já tinha ganho. Não foi o ano passado, mas em infantil já tinha ganho, ao Sporting é que nunca tinha ganho.

Como é que foi o ambiente à volta dessa vitória?

Foi muito bom, mas sempre com os pés bem assentes no chão, nada de euforias, era mais um jogo, três pontos, ganhámos, fizemos a festa que tínhamos a fazer, cumprimentámos os adversários, respeitámos o que tivemos de respeitar e na segunda-feira continuámos a trabalhar à mesma para o próximo jogo. Não foi nada de vencermos o campeonato porque ganhámos ao Sporting, foi um jogo bom, estivemos bem nesse jogo, tivemos também a felicidade e vencemos.

A CHAMADA AOS SENIORES

No final da época foste chamado aos seniores. Como é que se deu essa chamada?

Acabou a nossa época e disseram que cinco jogadores iriam começar a treinar com os seniores, na altura fui eu e o Insa Sagna, o Fredy, o André Almeida e o Pelé já lá estavam.

Como é que recebeste essa notícia?

Fiquei bastante contente, porque é uma recompensa saber que o nosso trabalho está a ser acompanhado pela equipa sénior. Fomos para lá, continuámos a trabalhar, até que eu tive a oportunidade de no jogo com o Trofense ter sido chamado. Apesar de termos perdido, não correu lá muito bem, mas é sempre a primeira vez e fica sempre gravado na nossa memória.

Recordase quem é que te disse que estavas convocado para esse jogo?

Nós estávamos todos no balneário e o roupeiro na altura chegou lá e disse que só o André Almeida é que ia ser convocado. Como eu sou Tiago Almeida e ele também é Almeida, normalmente confundem sempre os nomes, e eu já me estava a vestir para ir para casa, estava um bocado chateado, até comentei na altura com o Pelé, "pronto somos convocados para a próxima semana". Depois, deu-me curiosidade para ir ver a convocatória, fui ver e vi lá o meu nome, e perguntei ao roupeiro porque é que ele tinha dito André Almeida, e ele disse que como tínhamos o nome igual confundiu. Fiquei bastante contente, telefonei logo aos meus pais, depois liguei à minha tia que está em França e que também me acompanha muito e dei-lhe logo a notícia. Como era para estar aqui às cinco horas, fui para casa, mandei mensagem aos meus amigos, eles foram lá e incentivaram-me, depois vim e fomos para Santo Tirso, para o estágio.

Como é que foi a tua ligação com os seniores?

Era diferente, eu nos juniores chegava lá e conhecia todos, falava bem com todos. Lá, apesar deles serem espectaculares nesse aspecto, recebem-nos sempre bem, dão-nos sempre incentivos, no treino passam a bola para nós, o plantel do Belenenses nesse aspecto foi espectacular esta época. Eram muito receptivos. Depois, eu também ia com o Silas para os treinos, falava mais com o Mano e com o Assis, como o Assis jogava comigo o ano passado ficou no meu quarto e era com ele que eu falava mais.

Estavas nervoso antes de entrares em jogo?

Estava um bocado nervoso, quando estava a aquecer não via a hora do mister me chamar, mas estava um bocado nervoso, depois também estávamos a perder e eu ia lá para dentro para tentar fazer o meu melhor, para tentarmos virar o resultado. Foram cinco minutos, mas são cinco minutos que eu nunca mais vou esquecer.

Notaste muita diferença nessa experiência em relação ao campeonato de juniores?

Não notei diferença de ritmo, mas notei foi o calor do jogo, a forma como o jogo estava, porque era um jogo de aflitos, o estádio estava cheio, as bancadas são mesmo junto ao relvado e nós no campeonato nacional de juniores nunca tivemos assim um jogo que esteja toda a gente em cima, com tanta pressão. Quando eu entrei estava um bocado nervoso mas depois libertei-me facilmente, até porque o tempo não foi muito.

Foste convocado para mais algum jogo?

Fui convocado para o jogo com o Sporting de Braga mas não cheguei a entrar, fui suplente não utilizado.

E depois não integraste mais nenhuma convocatória?

Fui convocado contra o Benfica, mas fui o décimo nono jogador.

Como é que foi fazer parte de uma convocatória para um jogo onde ganhar não era suficiente para não descerem de divisão?

Nós estávamos bastante confiantes, tínhamos vencido o Rio Ave e acreditávamos durante a semana que íamos conseguir, íamos fazer tudo, se dependesse de nós íamos conseguir. Mas depois houve aquela infelicidade do Saulo, que foi expulso, sofremos um bocado e depois perdemos por 2-1. Mas saímos de cabeça levantada porque demos tudo o que tínhamos para dar nesse jogo.

Olhando para a época que passou surpreende-te teres tido esta ascensão e a chamada aos seniores?

Acho que não, porque eu comecei a confiar nos métodos de trabalho do mister, porque nos juniores de primeiro ano eu estava um bocado desligado das coisas. Nos juniores de segundo ano já não me desligava tanto, ouvia o que ele tinha para me dizer, ele dava-me bastantes concelhos e era um treinador em quem eu confiava mesmo a 100% este ano, e acho que isso foi a chave do sucesso para eu ter esta ascensão tão grande.

Para além da parte final do campeonato, já alguma vez tinhas sido chamado aos seniores?

Nos juniores de primeiro ano cheguei a treinar algumas vezes com o mister Jorge Jesus, foram apenas oportunidades que nos davam por estarem jogadores lesionados.

Então só começaste a ir para os seniores quando terminou o campeonato de juniores?

Cheguei a jogar na Liga Intercalar umas quatro ou cinco vezes, mas treinar mesmo foi só na semana do jogo com o Trofense.

A Liga Intercalar é importante para a integração dos mais jovens?

Eu acho que para nós é importante jogarmos com jogadores mais velhos. Nós por acaso até levávamos bastantes seniores, mas foi bom encontrar também jogadores da nossa idade no outro lado, era mais um jogo durante a semana e era bom jogar e competir.

Queres-nos falar do jogo contra o Benfica na Liga Intercalar em que venceram? Foi a única vitória que tiveste contra o Benfica esta época?

Sim, foi a única vitória contra o Benfica esta época. Esse até é um jogo que não esqueço porque foi quando o Daniel Pinto partiu o perónio, ele estava bastante preocupado e no final do jogo eles andavam a dizer que era grave, no momento não pareceu nada de especial, mas depois disseram que era grave. Mas foi bom, é sempre bom ganhar, ainda por cima contra o Benfica. Os seniores recebiam-nos bem, tratavam-nos bem e era sempre bom jogar com eles.

Quantos golos apontaste esta época no campeonato nacional de juniores?

20 golos.

Já tens contrato profissional com o Belenenses?

Não, ainda não. Faltam apenas alguns pormenores mas está para ser renovado até 2012.

Neste momento tens contrato de formação?

Sim.

Que expectativas tens para a próxima época?

Eu primeiro quero ficar no plantel e depois quero tentar jogar o mais possível.

Tendo em conta que jogas a ponta de lança, qual foi o adversário que achaste mais difícil de defrontar?

Eu acho que o Pedro Mendes e o Nuno Reis fazem uma dupla de centrais muito forte.

Mas o que é que eles têm que os outros não têm?

Eles conhecem-se muito bem os dois, dobram-se muito bem e são fortes fisicamente, são fortes no jogo aéreo, é difícil passar por eles... não é impossível, mas é difícil.

Pode-se dizer que estás plenamente satisfeito aqui no Belenenses?

Sim, estou satisfeito, fiz um bom trabalho este ano com a ajuda dos meus colegas e com os meus treinadores, sem eles não teria conseguido, e agora espero começar uma nova etapa na minha vida profissional.

A ESTREIA NA SELECÇAO E A CONCORRÊNCIA FEROZ NOS SUB-19

Quando é que se deu a tua estreia pela selecção nacional?

Foi nos Sub-17.

Como é que recebeste a noticia?

Lembro-me que éramos cerca de 42 jogadores porque havia dois torneios, um nos Estados Unidos e um em Inglaterra, e eu fui seleccionado para o torneio de Inglaterra. Estava bastante entusiasmado até porque era fora do país, íamos jogar contra a selecção de Inglaterra, da Turquia, com jogadores que eu não conhecia, outros jogadores, outra cultura e também pelo grupo, eram os melhores jogadores de Portugal que estavam lá e foi bastante importante para mim, e estava muito feliz.

Lembras-te da tua estreia?

Sim, foi contra a Turquia.

Como é que te correu esse jogo?

Perdemos 2-1 apesar de termos jogado melhor, mas eles eram bastante fortes fisicamente e nas bolas paradas tivemos algumas dificuldades.

Como foi ouvir o hino?

Foi bastante importante, os meus pais são Cabo Verdianos mas eu sempre quis representar a selecção nacional portuguesa, eu via na televisão, sempre tentei ver todos os jogos da selecção e quando cantei o hino quase que me vieram as lágrimas aos olhos. Foi o culminar de um sonho.

Foi uma boa estreia pela selecção?

Não foi a melhor, não marquei nenhum golo e perdemos 2-1. Acho que podia ter feito melhor.

Quantas vezes já foste chamado à selecção?

Sete.

E já marcaste algum golo?

Não.

Que escalões já representaste?

Os Sub-17 e os Sub-18.

Disseste que a concorrência nos Sub-19 é muito forte, com a presença do Nélson Oliveira, do Rui Fonte e do Wilson Eduardo. De alguma forma sentes-te descontente por não estares na selecção?

Descontente não, porque eu sempre desde pequeno fui um bocado reguila e refilão, mas sempre respeitei as decisões dos treinadores. Se o treinador acha que são aqueles três que dão mais certezas para obter resultados, então eu só tenho que respeitar e continuar a trabalhar.

A nível da selecção tens algum jogo que te fique na memória?

Agora este último no Torneio Internacional de Sub-18 em Lisboa, nunca tinha ganho nada pela selecção e fiquei bastante contente.

Como foi trabalhar com Paulo Sousa, ele que foi o primeiro treinador que te convocou para a selecção?

Foi diferente, por acaso estava lá o Fredy que eu já conhecia, e como eu já disse anteriormente, não é a mesma coisa que estar a treinar num clube. As ideias do treinador são outras, o treino é outro, era relvado e eu nunca tinha treinado em relva, foi tudo diferente, mas foi bom, são memórias que eu não me esqueço.

Tendo em conta que ele era um dos treinadores que tu querias encontrar, correspondeu às tuas expectativas?

Correspondeu, porque ele também é bastante competente.

Quais são os teus grandes objectivos para a selecção?

Eu acho que primeiro que tudo é ficar no plantel sénior do Belenenses e depois pensar na selecção, mas acho que agora o mais importante é ficar no plantel sénior do Belenenses e jogar, depois a selecção há-de vir se eu estiver bem no Belenenses, pelo menos a um treino ou dois na selecção irei de certeza.

A MANUTENÇÂO NA PRIMEIRA LIGA

Com a manutenção decidida na secretaria, achas que foi um prémio justo para a vossa equipa?

É sempre desagradável descer de divisão, e as pessoas que estão do lado de fora pensam que a equipa perde jogos porque os jogadores não se esforçam, mas não é bem assim. Do pouco tempo que eu lá estive o pessoal trabalha bem em todos os treinos, mas depois no jogo não saía como queríamos. Sofríamos sempre bastante e foi uma fase complicada para nós jovens, que depois do campeonato que fizemos nos juniores, quase nas duas primeiras equipas da Zona Sul que passaram à segunda fase, ir para os seniores e estar na última ou penúltima posição. Mas temos de crescer e não é só com as coisas boas que se cresce, temos de aprender com os erros e nós chegámos lá e aprendemos, a situação estava difícil. O pessoal fez tudo para dar a volta por cima, não deu, mas agora na secretaria, graças a Deus que conseguimos ficar na primeira liga.

CURIOSIDADES

Qual é o clube de sonho onde gostarias de jogar?

Eu primeiro que tudo penso em ficar a jogar no plantel do Belenenses, não adianta estar a sonhar com esta equipa aqui ou ali senão ficar a jogar no plantel do Belenenses. Acho que tenho de estar com os pés bem assentes na terra, jogar, mostrar as minhas qualidades, e depois talvez mais tarde possa sonhar e jogar no Real Madrid. Mas acho que isso agora não é importante.

Qual é o campeonato que mais aprecias?

É o inglês.

Lembras-te em particular do jogo em que o Arsenal goleou o Inter de Milão em San Siro?

Sim, ganhou 5-1 e o Henry marcou três golos.

Como é que estás na escola?

Acabei agora o 12º ano.

Vais ficar por aqui em termos de estudos ou vais continuar?

Agora vou dedicar-me exclusivamente ao futebol.

Para além do futebol, que outra profissão gostarias de ter senão fosses jogador profissional?

Se eu não fosse jogador de futebol, queria fazer alguma coisa ligada ao futebol. Ser director da formação, professor de Educação Física, tinha que ser alguma coisa a ver com o futebol.

Sempre foste muito ligado ao desporto. Que outro desporto aprecias para além do futebol?

Eu desde pequeno que sempre foi futebol, os outros desportos não gostava muito. Mas o andebol talvez porque a irmã de um amigo meu joga e é a melhor jogadora da selecção. Vejo-a às vezes mas não me fascina muito, é só mesmo o futebol.

Uma vez que gostas muito de jogar computador, qual é o jogo que mais aprecias?

Eu só gosto de jogos de futebol, Pro Evolution Soccer ou Fifa 2009. Os outros jogos não são assim tão bons e é por isso que não jogo.

Não gostas de Chmapionship Manager ou Football Manager?

Não, porque eu não gosto de perder e depois eu mando o jogo abaixo e tenho de voltar a jogar outra vez para voltar a ganhar (risos).

Costumas jogar com os teus colegas de equipa?

No estágio jogo com o Fredy, André Almeida, Pelé e Abel. Eu dava-me bem com todos e gostava de todos, mas eles eram os mais próximos.

E quem é que costuma ganhar mais vezes na consola? É o Fredy?

Não, o Fredy não (risos). Costuma ficar repartido, mas quem ganhava mais era o João Danilo, ele é que ganhava mais.

O que é que achas da apresentação do Ronaldo e daquele aparato todo?

Eu acho que é merecido. Ele era bastante pobre pelo que eu percebi e ele consegui lutar com a ajuda dos responsáveis do Sporting, com a ajuda dos responsáveis do Manchester, ele conseguiu chegar a topo do Mundo com o seu trabalho e acho que é merecido. Para além de ser português, é um exemplo a seguir também para mim.

Há pouco quando falámos sobre isso antes da entrevista tu disseste uma coisa curiosa, tu referiste que o Diogo Rosado com um pouco de sorte também pode lá chegar a esse nível do Ronaldo. Porquê o Rosado?

Eu acho que ele tem bastantes condições para chegar muito longe, é um jogador de quem eu também gosto bastante, porque é imprevisível e pode decidir um jogo de um momento para o outro. O ano passado foi ele que decidiu o jogo do campeonato nacional de juniores. Não quer dizer que tenha feito uma época excelente esta ano, mas ele de um momento para o outro é um jogador bastante perigoso. Gosto dele e até como pessoa, a gente dá-se bem e acho que ele tem muita margem de progressão.

Achas que desta geração de 1990 ele é o jogador mais talentoso, com mais potencial a longo prazo?

Eu acho que esta geração de 90, sem desrespeitar a de 89, 88, 87, é a que tem mais valores, tanto os de 91 que já estão nos Sub-19, como Nélson Oliveira, o Roderick Miranda, o Nuno Reis, o Mário Rui, que também gosto bastante dele, o Nuno Reis, acho que juntamente com a de 91 é a geração mais forte, tem bastantes jogadores. Mesmo aqui no Belenenses, o Fredy, que ontem jogou pela equipa sénior e começou de inicio, também já estava completamente integrado, também o André Almeida, o Filipe Paiva, que é uma pessoa bastante minha amiga, que eu gosto bastante e que é um excelente jogador. E tanto o Benfica como o Sporting têm bastantes jogadores com muito potencial, não é só o Diogo Rosado ou o David Simão, têm mais cinco ou seis que com sorte conseguem lá chegar de certeza.

Olhando para a selecção e vendo a carência que tem havido a nível de pontas de lança que marquem golos, achas que tu podes ser uma solução a médio prazo?

Solução, não digo, eu digo é que trabalho todos os dias para ser sempre melhor, eu gosto muito de treinar, às vezes quando treinamos e o treino pode ser mais leve, eu continuo e treino mais ou treino com o meu irmão. Não acho que seja uma posição carenciada, porque eu gosto bastante do Hélder Postiga, gosto de o ver jogar, é um bom jogador. Não digo que a selecção seja carenciada, porque as pessoas costuman pensar que por a selecção não marcar golos a culpa é necessariamente só dos avançados.

Mas falta um goleador?

Sim falta um goleador como o Pauleta, como as outras selecções têm, mas eu acho que isso vai aparecer naturalmente. Seja eu ou seja outro acho que vai aparecer naturalmente como aparecem nas outras selecções.

Achas que o Orlando Sá, que não é um jogador particularmente alto, mas é razoavelmente forte, pode ser uma solução a curto prazo para essa posição?

Sim, por aquilo que eu vi dele deu para ver que é muito trabalhador, bom finalizador e acho que tem hipóteses, tem margem de progressão e acho que pode conseguir ser uma referência da selecção nacional.

Tendo em conta que o Thierry Henry já não está no auge da sua carreira, há mais algum jogador que aprecies ver jogar e que tentes imitar?

Eu agora aprecio muito o Fernando Torres e o David Villa, porque são da minha posição e movimentam-se bem, gosto do Deco e do Cristiano Ronaldo... não consigo escolher só um.

E costumas ver o campeonato francês uma vez que tens lá família? Tens opinião sobre o Benzema?

Eu gosto muito do Karim Benzema, eu gosto mais é de ver os resumos, não gosto tanto da liga francesa, gosto de ver os resumos, numa semana vejo três ou quatro vezes, estou sempre a ver os resumos de todos os campeonatos.

O que achas da sua transferência para o Real Madrid?

Acho que foi uma boa contratação e penso que ele se vai dar bem apesar de haver uma forte concorrência. Não sei ainda como é que o Real Madrid vai fazer para pôr Raul, Higuaín, Benzema, Cristiano Ronaldo, Kaká, todos na mesma equipa, mas estamos aqui este ano para ver.

Curiosamente tu disseste o mesmo que o Lassana Camará nos disse há cerca de um ano atrás, que não queria ir para o Sporting porque corria o risco de não jogar. Porque pensas dessa forma?

Eu acho que nós nesta idade temos de jogar o máximo possível na formação, não adianta ir para o Sporting e ser campeão três anos seguidos, quando apenas tenho oportunidade de jogar 30 ou 40 minutos. Acho que isso não é benéfico para nós, eu acho que nós temos é de jogar, de mostrar às pessoas que temos qualidades e não ficar à sombra deste ou daquele que já seja referência da equipa. Acho que o Saná até tinha possibilidades de jogar na altura no Sporting, mas se ele achou que era assim fez bem, e agora está bem no Benfica e acho que deve continuar a trabalhar porque é um jogador que tem muita margem de progressão.

A nível pessoal que pontos é que achas que deves melhorar?

Acho que devo melhorar tudo, pé esquerdo, pé direito, cabeceamento, agressividade, temos que melhorar todos os dias. Temos o exemplo do Cristiano Ronaldo, que quer sempre mais, mais e mais, e é por isso que estavam 85 mil pessoas no estádio para o ver. As pessoas dizem que ele não vai aguentar a pressão, eu pessoalmente acho que ele consegue, porque ele já conseguiu coisas bastante importantes e acho que ele vai conseguir lidar com as expectativas.

O Thierry Henry nesta época que passou jogou quase só como extremo adaptado à ala esquerda. O que é que tu achas dessa posição?

Eu acho que ele no outro ano teve muitas dificuldades, até porque as coisas não lhe estavam a correr bem, mas este ano estava tudo mecanizado, um bom jogador acho que joga em qualquer lado e acho que isso não foi problema para ele.

Tu eras capaz de jogar na ala?

Se fosse preciso até jogava a defesa.

Quem achas que vai ganhar a próxima Liga dos Campeões?

Este ano aposto outra vez no Barcelona.

Queres deixar algumas palavras aos teus colegas?

Quero agradecer a todos os jogadores, a todos os directores e equipa técnica, foi tudo espectacular e desejo muita sorte a eles todos, que consigam ter uma carreira profissional e que trabalhando com humildade acho que conseguimos lá chegar. Sempre com o apoio das nossas famílias e dos nossos amigos.

Achas que o apoio da família é fundamental para um jogador?

Eu acho que é bastante importante, porque normalmente quando as coisas correm bem para os adeptos somos os melhores do Mundo, mas quando correm mal são os primeiros a dizer mal de nós, e acho que a família é a primeira a quem recorremos para nos darem carinho e para nos darem apoio pelo jogo ter corrido mal.

Tens tido sorte com a tua família?

Sim, tenho. Tenho bastantes tios na Europa e eles ligam-me sempre a perguntar como está o futebo e o resto...l os meus familiares são espectaculares.

Fonte: Academia de Talentos

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