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Um Belenenses em declínio Parte I - o Clube e o advento da SAD



O Clube de Futebol "Os Belenenses" até ao final do século passado era um clube onde pontificava o gosto pelo futebol, onde o futebol era o cerne de toda a vivência desportiva do Belenenses e quase mais nada se discutiia à volta do Belenenses que não fosse o futebol.

Desde o primeiro mandato de Sequeira Nunes, e dando uma certa descentralização nos seus vices-presidentes para exercerem a delegação de representação nas actividades desportivas ligadas ao Clube, começou a haver com maior notoriedade a existência daquilo a que hoje chamamos as quintinhas do Restelo, sendo, também, certo que a SAD nasceu por volta do ano 2000 e que nasceu torta.

Tão torta nasceu a nossa SAD que foi lançada pelo então designado Banco Alves Ribeiro, o qual, se a memória não me vai faltando, mais não era que uma Sociedade Financeira para corporizar e financiar as obras públicas da empresa de construção civil Alves Ribeiro & Filhos, Lda, a qual, por exemplo, construíu os Estádios do Restelo e o antigo Alvalade, tendo uma quota no actual Alvalade.

Aliás, dos bancos em actividade e extintos não consta a existência do Banco Alves Ribeiro, conforme podemos aqui verificar com detalhe, o qual, ao que parece em 1997 cedeu a sua posição na criação do Banco Invest.

Portanto, nos mandatos do Sequeira Nunes, não só tivemos uma liberalização para esticar o conceito de ecletismo, como partimos muito mal para uma SAD, não só no seu malfadado lançamento via um ficcionário banco, mas também começámos a inventar no futebol, sendo certo que se o lançamento da dita tivesse sido feito com cabeça, tronco e membros não se revalaria agora o acentuado declínio do Clube a todos os níveis.

A invenção começou por se criar uma SAD sem estrutura organizacional, mas com corpos sociais, sendo que o executivo se confunde com o executivo do Clube , o que não é todo recomendável, já que o objecto do Clube pode ser um e o da SAD é completamente diferente, já que tratando-se duma sociedade financeira anónima desportiva devia estar direccionada para o lucro e aqui entende-se muito mal que haja uma sociedade e que tenha de dar lucro e depois é este vertido nas contas do Clube por forma a consolidar as contas, disfarçando o prejuízo da actividade deste último.

Várias foram as vezes que fui invectivado a patrocinar tal SAD, mas em cada momento que lia a forma de aderir a tal projecto e a falta de garantias finaceiras era de todo impraticável alguém de bom senso aplicar dinheiros da família num projecto falido à nascença, além do que não nos forneciam nenhum prospecto de que tipo de sociedade estaríamos a falar, quais os ganhos esperados, quais os investimentos a efectuar, qual o activo fixo para a SAD, que é que era transferido do Clube para a SAD, ficando todas essas questões em aberto e, também, uma outra em particular que não me seduzia desde o seu início: o Belenenses Clube, directamente (Clube) ou indirectamente (SGPS) ficar detentor da validação do activo e do controle da SAD, dependendo de cada eleição no Clube quem, de facto, mandaria na SAD.

Não constesto as acções golden share, porque é a única forma da SAD não sair do Restelo, mas contesto a não privatização de tudo o resto da SAD, ficando o Clube, via SGPS, com as acções golden share ou pouco mais que isso.

E, nos entretantos, entrados no século XXI, damos conta da perda progressiva do activo da SAD e, também, da não existência da mesma no mercado principal da Bolsa de Valores de Lisboa, o que implica, à partida, que na nossa SAD se podem fazer os maiores disparates sem a adequada vigilância da CMVM.

Sendo o Belenenses um Clube de futebol ficaria bem que accionassemos todos os mecanismos para relançar a SAD, dotá-la de parceiros adequados, produzindo lucro e incorporá-lo na referida Sociedade durante os anos que se julguem necessários para dotar o Clube de uma SAD competitiva e, bem assim, ficarmos com melhor equipa de futebol.

E, já agora, criar uma estrutra mínima para dotar a SAD do seu total emparalhamento no mundo do futebol coisa da qual se tem afastado ano após ano.

Os ficcionários ou os vendedores de sonhos e ilusões vivem ainda à sombra dessa coisa do 4º Grande. Ora, os outros 3 grandes já legalizaram as suas SAD's junto da CMVM e não podem verter um tostão sem à mesma darem conhecimento, por efeitos da oscilação do valor do seu activo e , em consequência, de cada acção.

A nossa SAD, suponho eu, ainda não converteu as cautelas em acções e se formos ver o site da CMVM e da Bolsa de Valores, nós não estamos lá, apesar de pomposamente termos uma Sociedade Financeira Desportiva.

Esta é para o JSM e já que ele lá não permite comentários no Belém Integral (eu também não permito os despropositados e ofensivos), direi que uma vez constituida a SAD não há volta a dar se quisermos continura a disputar a Liga Profissional. É da lei.

Hoje, fico-me por aqui dando sequência em dias próximos.

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