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Viana de Carvalho ao Record






O jornal record publica hoje uma entrevista a Viana de Carvalho, onde o presidente põe a nu grande parte da situação herdade da Comissão de Gestão e que condicionam o executivo actualmente.

De novidades, pouca coisa ou talvez não uma vez que admite encerrar modalidades profissionais caso não se encontrem soluções. Não deveriam já ter encerrado ou esperamos o início da época para o anunciar?

As nossas suspeitas, medos e receios sobre a CG e as tramóias do CG estão à vista.

Claro que será tudo branqueado e com um bocadinho de jeito até podem atribuir o prémio Artur José Pereira ao pinóquio a terço com os Sequeiras.

Para onde vais Belenenses.

(clique nas imagens para ampliar)

Viana de Carvalho: «O Belenenses não é protegido»
DESCIDAS EVITADAS PORQUE CLUBE CUMPRE OS REGULAMENTOS

RECORD -- Os adeptos de futebol dizem que o Belenenses é protegido pelo sistema já que, em poucos anos, salvou-se por duas vezes da descida na secretaria. Que comentário lhe merece essa ideia que, por certo, já ouviu?
VIANA DE CARVALHO -- Essas situações são fruto de alguma instabilidade que o clube tem vivido ao longo dos últimos tempos. Há grupos de pressão que, em vez de se unirem para tentar projetar o clube para patamares mais elevados, acabam por se gladiar e enfraquecer o clube. É isso que tenho sentido e a que tenho assistido nos últimos tempos. O Belenenses não é protegido! Na prática, as leis têm ajudado o nosso clube na medida em que a regulamentação tem-se adequado àquilo que é a postura do Belenenses. Fazemos por cumprir os regulamentos e, se outros não cumprem, há uma penalização para esses e não uma protecção a nós.
R -- Em que situação encontrou as finanças do clube?
VC -- Muito pior do que esperávamos., quer ao nível do clube, quer ao nível da SAD. Assumiram-se compromissos que não sei o que se passou na cabeça das pessoas e como pensavam cumprir. Estou a falar de contratos com jogadores e de determinadas situações do clube. A nossa SAD vai ter este ano um prejuízo recorde, tremendo. É um exemplo de como não deve ser gerida uma SAD! Só para lhe dar uma ideia, tínhamos uma massa salarial mensal na casa dos 700 mil euros. As pessoas que façam as contas e os sócios que analisem esse valor e verifiquem como é que, no estado atual, o Belenenses pode suportar esse tipo de custos. Nós conseguimos baixar esse valor para cerca de metade, o que se aproxima já dos valores que o Belenenses pode pagar. Ainda temos esperança de baixar um bocadinho mais e o caminho tem de ser este: muito rigor porque só podemos gastar aquilo que temos e não podemos hipotecar o futuro como foi mau exemplo o ano desportivo que agora finda.
R -- É capaz de quantificar esse tal prejuízo tremendo?
VC -- Não temos contas finais, mas penso que rondará os 4 milhões. Este valor é com reservas pois aguardo pelas contas finais, mas esse é um número que está na minha cabeça. É impensável para o nosso volume atual de receitas. Além disso, encontrámos compromissos de avenças com empresas na ordem dos 25 mil euros por ano. O Belenenses não tem dinheiro para isto! Depois, não se pagava e quem viesse a seguir que resolvesse. Nós não fazemos isso.
R -- Mas, teme que o futuro do Belenenses possa estar hipotecado?
VC -- Neste momento, há que não hipotecar já o presente porque encontrámos situações que, a muito curto prazo, iriam fazer perigar o Belenenses. Posso dizer que, segundo estimativas que temos, o passivo do clube poderá rondar os 12 milhões de euros. Se somarmos o clube e a SAD, trata-se de um valor muito acima do que é razoável. O problema não é deste ano, é uma questão estrutural que não se resolve com soluções de curto prazo, do empurra para a frente.
R -- Então, como pensa resolver o problema?
VC -- Estamos a trabalhar nesse sentido e pensamos apresentar aos sócios medidas concretas que ajudem o clube a ultrapassar esta situação, a honrar os seus compromissos, de forma a que todos nós voltemos a sentir orgulho pelo Belenenses ser cumpridor, não apenas nos aspetos regulamentares, mas também nos financeiros.
R -- O que significa para si ser presidente do Belenenses?
VC -- Ser Presidente deste grande clube é uma enorme responsabilidade. O Belenenses tem uma atividade intensa e muito diversificada pelo que é necessário ter uma visão estratégica abrangente e dominar várias valências. Posso dizer-lhe que ser presidente é muito diferente de ser vice-presidente, cargo do qual eu já tinha experiência no segundo mandato de Cabral Ferreira. Como presidente, para além de capacidade de gestão para as questões funcionais, é também preciso gerir emoções e expectativas individuais, controlar necessidades de protagonismo e interesses pessoais, saber distinguir o que são os superiores interesses do clube e seguir esse rumo. É também isto que os sócios podem esperar de mim. Penso estar no bom caminho e quando terminar o meu mandato, daqui a 2 anos, muitas coisas terão mudado para melhor.
R -- Prestes a completar três meses na presidência do Belenenses, qual a medida que mais lhe custou tomar até agora?
VC -- Até agora não me custou tomar nenhuma medida. Temos um desafio muito grande à nossa frente, imensos problemas para resolver e não posso de facto dizer que houve ali uma medida mais custosa. Difíceis houve, desde logo porque agarrámos numa equipa de futebol que estava desmoralizada, abatida, tinha desaprendido de jogar à bola e estava praticamente despromovida. É bom que os sócios não se esqueçam que a nossa permanência na Liga Sagres deveu-se aos problemas de outros e não ao nosso mérito. Ainda conseguimos inverter de alguma forma esse rumo nos dois últimos jogos do campeonato, nos quais a equipa jogou melhor. Essa terá sido uma primeira vitória, fazer com que os jogadores acreditassem em si próprios.
R -- Depois, foi uma corrida contra o tempo para inscrever a equipa na Liga...
VC -- Essa foi a nossa segunda vitória, conseguirmos cumprir os pressupostos da Liga. Foi uma tarefa muito difícil já que tínhamos apenas alguns dias para o fazer e havia que arranjar 1,3 milhões de euros que era, mais ou menos, o montante que estava em cima da mesa. Num curto espaço de tempo, sem conhecer os dossiers, conseguimos resolver essa situação. Finalmente, conseguir ficar na Liga Sagres foi muito importante.

Viana de Carvalho: «Deixaram-nos de pés e mãos atados»
PRESIDENTE DO BELENENSES E O CENÁRIO QUE ENCONTROU NO CLUBE
Quase a completar três meses na presidência do Belenenses, o presidente não esconde que encontrou um cenário financeiro pior do que esperava e acusa a comissão de gestão de condicionar as parcerias que tinha preparadas...
RECORD -- Durante a campanha anunciou várias parcerias. Em que ponto está a situação?
VIANA DE CARVALHO -- Nós anunciámos quatro parcerias. Uma para a modernização tecnológica do clube e para a instalação de um painel videográfico no Restelo. Estamos a avançar nesse sentido, já fizemos uma série de reuniões, estamos a analisar os contornos e penso que até final da época poderá haver novidades. É preciso lembrar que estamos em funções ainda não há três meses, dos quais o primeiro foi intensamente vivido para colocar a equipa de futebol na Liga principal. Mas, estamos a trabalhar e esperamos poder apresentar novidades em breve.
R -- Além da questão tecnológica, também anunciou outros parceiros. As negociações estão a avançar?
VC -- Anunciámos depois outra parceria para instalarmos um centro de medicina desportiva e de reabilitação no Restelo e ainda outra com o grupo Jerónimo Martins. Em relação a estas duas frentes, após sermos eleitos começámos de imediato a avançar com o diálogo para concretizar essas parcerias. Simplesmente, tivemos de suspender os trabalhos quando até já tínhamos feito alguns estudos prévios porque encontrámos um contrato celebrado pela Comissão de Gestão uma semana antes das eleições. Isto não deixa de ser curioso porque, em reunião mantida com o presidente da AG, foi-lhes pedido que não assumissem compromissos durante a campanha eleitoral que pudessem condicionar o futuro.

R -- Está a dizer então que os seus antecessores não cumpriram o que estava combinado?
VC -- A uma semana das eleições foi assumido um compromisso com uma empresa para um projecto a desenvolver no Complexo Desportivo do Restelo que passava por essa empresa durante um ano com mais duas possíveis prorrogações de 6 meses cada. Ou seja, durante o nosso mandato ficámos proibidos de contactar com qualquer outra entidade, facto que colocou em causa as parcerias que tínhamos. Isto é lastimável porque a uma semana de eleições condicionou-se o mandato da futura Direcção, no caso nós que vencemos as eleições. O assunto está entregue aos nossos advogados pois sentimos que ficámos de pés e mãos atados, o que não é saudável.
R -- Como classifica essa atitude da Comissão de Gestão?
VC -- Os sócios que qualifiquem. Enquanto presidente, seria incapaz de tomar uma atitude durante o ato eleitoral que condicionasse a futura Direção, mesmo que me candidatasse. Esperaria naturalmente por ganhar as eleições e faria esse contrato no dia seguinte. Ainda para mais porque esse contrato passava os direitos de superfície para a posse dessa empresa, cujo nome prefiro não revelar.
R -- Esse tal acordo abria a porta a qualquer tipo de alienação de património?
VC -- Face ao que encontrei no clube, não me espanta que estivesse, de forma direta ou indireta, em cima da mesa alienar património. Lembro-me muito bem dos compromissos que assumi perante os sócios. Temos de encontrar soluções que defendam o Belenenses e o seu património, o qual deve ficar sempre na posse do clube. Estamos a trabalhar em formas que permitam enriquecer o clube e, em 2 anos, tenho esperanças de conseguir fazer coisas muito engraçadas.
R -- Como reagiu a Jerónimo Martins a esse retrocesso no processo?
VC -- Não ficou, naturalmente, satisfeita, mas esperamos resolver depressa o assunto de forma a retomarmos os contactos e começar a trabalhar.
R -- Só falta falar da anunciada parceria com um fundo de investidores que permitiria um encaixe importante...
VC -- Mesmo em cima das eleições, anunciámos uma parceria com um fundo de investidores que traria 2 milhões de euros para o clube. Passado o período eleitoral, quando quisemos concretizar, as coisas não correram da melhor forma. Os sócios de mim podem esperar apenas a verdade e, por isso, tenho de me penalizar. Considero que as pessoas em causa não agiram de boa fé para comigo e reservo-me o direito de, em tempo oportuno e em sede própria, explicar os contornos e as entidades que estiveram envolvidas. Hei-de dizê-lo aos sócios porque essas pessoas queriam ganhar dinheiro à conta do Belenenses e não ajudar o Belenenses. Quando me apercebi disso, abandonámos essa ideia, mas estamos a trabalhar agora nesse projeto com outros contornos. Tenho esperança de arranjar uma parceria com outras entidades.
R -- A venda de 9 por cento da SAD ao Kabuscorp por 400 mil euros anunciada pela Comissão de Gestão chegou a consumar-se? O dinheiro entrou ou não no Restelo?
VC -- Não. Fizemos várias tentativas para falar com o senhor general, todas elas foram infrutíferas, e não fomos contactados por ninguém. Não tenho conhecimento de nada assinado. Sei apenas que havia um primeiro projecto, mas não sei se terá sido negociado e enviado para Angola. Neste momento, penso que é um assunto que não estará em cima da mesa. Contudo, estaremos sempre disponíveis para falar com o senhor general se houver iniciativas nesse sentido já que as nossas não deram frutos.
R -- Mas esse protocolo, do qual diz não haver nada assinado, chegou a ser anunciado publicamente pelos seus antecessores...
VC -- Sim. É estranho, mas enfim...
R -- Encaixaram 500 mil euros com Júlio César e 100 mil com Marcelo. Essa verba será utilizada para reforçar o plantel ou terá de ser canalizada para tapar algum buraco?
VC -- O volume de dívidas que temos na SAD é tão grande que as verbas que vão surgindo são rapidamente absorvidas pelos pagamentos dos compromissos fiscais e de segurança social, dos salários e aos fornecedores. Este ano temos de fazer uma revolução no plantel e na nossa forma de actuar, com um orçamento condizente com o dinheiro de que podemos dispor. Naturalmente, quanto mais dinheiro entrar, maior margem de manobra teremos para gerir a SAD. Os 500 mil euros que vão entrar pela venda do Júlio César vão ser utilizados nas prioridades que temos, sendo que nos abre possibilidades de reforçar a nossa equipa de futebol.
R -- A seu ver, o plantel atual dá garantias de uma Liga sem os sobressaltos da anterior?
VC -- Sim, porque diria que temos dois grandes reforços. Em primeiro lugar, um treinador novo, com métodos de trabalho modernos e atuais, com uma capacidade de trabalho acima da média, conforme os sócios já reconhecem. Essa foi, no meu entender, uma grande contratação. Depois, temos uma série de jovens com um potencial extremamente elevado. Durante a campanha eleitoral, disse aos sócios que íamos apostar nos jovens e isso vai acontecer. Estou convencido de que temos ali 3 ou 4 jogadores que podem dar muitas surpresas agradáveis. Não quero referir nomes, mas ainda temos outros jovens com imenso potencial que precisam de rodar noutros clubes para evoluir e ganhar maturidade para virem a integrar o plantel num futuro próximo.
R -- Confirma que falta um defesa-central e um avançado para fechar o plantel?
VC -- Os plantéis nunca estão fechados e estamos sempre abertos a completar e melhorar o plantel. É possível e desejável que ainda cheguem um avançado e um central até ao jogo de apresentação.
R -- A equipa vai contar ou não com jogadores emprestados pelos grandes? Porque motivo não veio ninguém cedido do FC Porto na sequência da transferência de Rolando?
VC -- Estamos abertos a isso, mas queremos privilegiar as nossas escolas de formação. Quem olha para o nosso plantel atual, já o pode confirmar na prática. Depois, não colocamos de parte uma política de empréstimos que nos possa dar uma margem de segurança para um jogador que se lesione ou tenha uma baixa de forma. Quanto ao FC Porto, mantemos o diálogo, mas os jogadores em que demonstrámos interesse, como, por exemplo, o João Paulo e o Varela, acabou por não ser possível a sua cedência ao Belenenses.
R -- O facto de Rui Jorge, primeira opção para o cargo, ter recusado continuar como treinador foi o seu primeiro revés?
VC -- A opção pelo Rui Jorge era de continuidade, mas ele desde logo disse-nos que não estava disponível para continuar. Por isso não considero ter sido um revés. Reconheço a nobreza do seu carácter e o espírito de sacrifício que demonstrou nos dois jogos, mas nem sequer chegou a ser hipótese porque disse sempre que não queria ser o treinador para esta época.
R -- A aposta em João Carlos Pereira foi uma escolha sua?
VC -- Estavam referenciados vários treinadores e o João Carlos Pereira estava na lista por ser da nova vaga e ter imenso potencial. Portanto, ouvimos vários treinadores e a decisão foi pensada, ponderada, numa perspectiva de fazer a ligação entre as camadas jovens e a equipa principal num espaço de tempo mais largo. O João Carlos Pereira encaixou no perfil, foi uma decisão da SAD e, enquanto presidente, tive uma participação activa.
R -- O que pode prometer aos sócios?
VC -- Temos vários objetivos em termos de clube e de SAD. No clube, temos de reestruturar e adequar os custos às receitas. Estou convicto de que daqui a 2 anos os sócios vão ver que o clube estará muito melhor do que estava quando entrámos. Na SAD, queremos fazer uma Liga tranquila, queremos reforçar a ligação entre os juniores e o plantel principal e ter um orçamento dentro da nossa realidade, a rondar os 4 milhões.
R -- De forma sucinta, quer fazer algum apelo ou pedido aos associados do Belenenses?
VC -- Peço que compreendam o esforço que está a ser desenvolvido na SAD e no clube e que incentivem a equipa. Vão ao estádio apoiar, mesmo que os resultados não sejam os melhores. É importante apoiar a equipa até porque o plantel é muito jovem e precisa de ser acarinhado neste ano de transição que se antevê de muito sofrimento.

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