CFB-BFC, mais do que siglas invertidas? Hoje novo capítulo...
Quando publiquei a minha primeira antevisão de um jogo neste blogue (sobre o SCP-CFB), prometi a mim mesmo que só escreveria tais artigos antes dos jogos mais importantes, sobretudo pela tremenda falta de tempo para mais. Assim sendo, deveria privilegiar os “clássicos” em detrimento de outros desafios, mesmo que sejam tão ou mais difíceis que um “clássico”. Sem entrar por outro tipo de análises, porém, devo dizer que um Belenenses-Boavista para mim não tem o estatuto de clássico. E a questão do “4º grande” passa-me ao lado em boa medida (não é um prémio de consolo?).
Porquê então este artigo? Basta olhar para os últimos encontros para perceber que algo mais se joga do que uns “meros” 3 pontos, mesmo que em desafio à lógica. Com polémica e as tais discussões de “grandeza” à mistura, é difícil ficar indiferente.
O Belenenses e o Boavista têm percursos históricos um pouco antagónicos, partilhando contudo a condição de serem os únicos campeões para além dos “três”. O Boavista que hoje chegará ao Restelo, curiosamente, conta com um inusitado número de ex-Belenenses nas suas fileiras: Guga, Carlos Fernandes, Hélder Rosário e Cafú. Do lado do Belenenses, José Pedro e Casaca (Director Geral da SAD) passaram pelo Bessa, sendo que o último guardará melhores recordações, quer como jogador quer como treinador-adjunto (aliás foi Manuel José que o trouxe para o Belenenses). Não podemos esquecer também que Pedroto, um dos principais responsáveis pelo início da afirmação boavisteira, surgiu como jogdador-estrela no próprio Belenenses (onde o FCP o foi buscar numa transferência “record” para a época). Infelizmente (ou não), as afinidades entre os dois clubes não vão muito além disto.
No histórico dos Belenenses-Boavista os “azuis” levam vantagem clara, embora a marcha dos resultados acompanhe em boa medida os percursos distintos. O Belenenses em queda desde as décadas de 60/70 e o Boavista, pelo contrário, em ascensão. Realizaram-se já 43 encontros, longe do número de jogos de “totalistas”, isto porque no total das edições do campeonato/liga o Boavista andou pelo escalão secundário por cerca de 20 vezes, enquanto o Belenenses por 4 épocas ficou na segunda.
25 vitórias “azuis”, 11 empates e 7 derrotas, com um saldo igualmente positivo em matéria de golos: 116 marcados e 44 sofridos. O resultado mais frequente, porém, é o empate a 1 bola, com 6 ocorrências (o que é pouco… e pouco significativo). Olhando para a diferença de golos, o mais frequente é o empate na mesma, com 11 ocorrências (6 empates 1-1, 2 com 0-0 e 3 com 2-2).
De destacar por outro lado que até ao início da da década de setenta eram comuns as “goleadas” do Belenenses. Uma delas, em 40/41, figura mesmo como o 5º melhor resultado do Belenenses nos campeonatos nacionais/liga (de entre 6 resultados onde se alcançaram os 2 dígitos): 10-0! (mesmo nessa época não foi o “record”, pois o Unidos de Lisboa foi derrotado por 13 golos!).
Em compensação desde a época 94/95 que o Belenenses não vence o Boavista no Restelo (curiosamente uma época em que veio treinar o Belenenses um outro ex-boavisteiro, João Alves). Desde então, 3 derrotas e 4 empates… e muita polémica.
Mas aqui ficam todos os resultados do CFB-BFC (entre parêntesis as classificações de cada um dos clubes nessa edição):
35/36 – 3-0 (4, 6)
40/41 – 10-0 (3, ultimo)
45/46 – 6-1 (1, penultimo)
46/47 – 7-1 (4, 9)
47/48 – 7-0 (3, 9)
48/49 – 5-0 (3, 14 e ultimo)
50/51 – 4-3 (9, 10)
51/52 – 3-0 (4, 5)
52/53 – 5-0 (3, 9)
53/54 – 2-1 (4, 11)
54/55 – 6-0 (2, 13 e penultimo)
59/60 – 8-0 (3, 14 e ultimo)
69/70 – 3-0 (7, 12)
70/71 – 1-3 (7, 6)
71/72 – 7-1 (7, 11)
72/73 – 1-1 (2, 7)
73/74 – 4-1 (5, 9)
74/75 – 2-1 (6, 4)
75/76 – 1-1 (3, 2)
76/77 – 1-1 (10, 4)
77/78 – 1-0 (5, 7)
78/79 – 2-4 (8, 9)
79/80 – 1-0 (5,4)
80/81 – 0-0 (11, 4)
81/82 – 1-0 (15, 9)
84/85 – 2-2 (6, 4)
85/86 – 1-1 (8, 5)
86/87 – 1-2 (6, 8)
87/88 – 2-0 (3, 5)
88/89 – 0-3 (7, 3)
89/90 – 1-0 (6,8)
90/91 – 2-0 (19, 4)
92/93 – 2-1 (7, 4)
93/94 – 2-1 (10, 4)
94/95 – 3-1 (12, 9)
95/96 – 1-2 (6, 4)
96/97 – 2-4 (13, 7)
97/98 – 0-0 (18, 6)
99/00 – 1-1 (12, 4)
00/01 – 2-2 (7, 1)
01/02 – 0-2 (5, 2)
02/03 – 2-2 (9, 10)
03/04 – 1-1 (15, 8)
Olhando agora para os jogos mais recentes e começando por 99/00 (empate a zero), foi um encontro já de muita polémica, em parte “aquecido” pelo jogo da primeira volta no Bessa. Terá ficado uma grande penalidade por marcar (cometida por Pedro Emanuel), a respectiva admoestação ao jogador, bem como uma série de sanções pelo jogo “duro” dos axadrezados. Vítor Oliveira, então treinador “azul”, foi também expulso por protestos (exageradamente) O árbitro foi Isidoro Rodrigues… o que explica alguma coisa. Depois estalou uma guerra de palavras entre Ramos Lopes e João Loureiro, com o último a acusar o Belenenses de ser… beneficiado! O facto é que a qualidade do jogo foi péssima, tendo a imprensa estimado a ocorrência de faltas em cada 60 segundos (46 minutos de jogo útil!). Seria o estilo de futebol “típico” do Belenenses? Creio que não…
Sobre esta época ainda lembro a prematura saída de Pataca e Gouveia para França, não muito tempo antes do CFB-BFC. Gouveia que curiosamente regressaria a Portugal para ingressar... no Boavista.
Em 2000/01, pelo contrário, o CFB-BFC até foi bem disputado e renhido, com o Belenenses a recuperar por 2 vezes da situação de desvantagem, uma vez por Marcão e a segunda por Verona, a fazer o 2-2 final. Curiosamente nesta altura ambos os clubes mostravam pujança e prometiam um bom campeonato. Jaime Pacheco e Marinho Peres elogiaram as equipas adversárias antes e depois do jogo. No fim do campeonato, porém, o Belenenses ficou em 7º e o Boavista ficou… em 1º.
Nesta época falou-se que Guga iria para o Bessa, mas acabou por ir primeiro para Guimarães…
O jogo de 2001/02 conseguiu ser o mais polémico (e porque não dizê-lo, o mais triste), com a péssima arbitragem de Lucílio Baptista em prejuízo do Belenenses (toda a imprensa assim o considerou). Como se isso não bastasse, os poucos adeptos axadrezados que viajaram até ao Restelo resolveram incendiar a camisola gigante da Fúria Azul, não contentes com o saque em campo que lhes proporcionou a vitória por 2 bolas. Não menos lamentavelmente, porém, o autocarro do Boavista foi apedrejado à saída… algo totalmente inaceitável (embora Silva e J. Loureiro falassem de “Cabul”, um claro exagero).
Poderia adiantar algo mais sobre este triste jogo, mas acho que seria contraproducente. Lembro-me da rábula das “macas”, o “circo” de Sequeira Nunes.
Mas este jogo não foi exemplo para ninguém, espero que Carlos Xistra não siga o exemplo do colega…
O jogo de 2002/03 ficou marcado por coisas mais positivas. Por um lado e recorrendo a uma iniciativa que hoje se deverá repetir noutros moldes (já não há bilhetes de borla, mas sim oferecidos pela Digal), estiveram presentes entre 20 a 25 mil espectadores no Restelo, algo que deu bastante que falar nos media e foi bonito de se ver. Por outro lado os dois Clubes falaram abertamente em “aproximação” e “solidariedade”. Tempos de paz, portanto. O resultado foi o 0-0, num jogo razoavelmente disputado com algum ascendente “azul”.
Isto apesar de no fim da época anterior, porém, ter voltado a discórdia com o “caso” Cafú… no qual a Liga veio a dar razão ao Belenenses… sem determinar qualquer compensação! (apenas multa para a Liga). A amarga troca de comunicados entretanto continuou…
Em 2003/04 o resultado foi 1-1, medíocre em circunstâncias normais, mas um precioso pontinho para Inácio tentar salvar o Belenenses da descida. Pelo Belenenses marcou Hugo Henrique, pelo Boavista marcou… Cafú. O espectáculo foi medíocre e Bruno Paixão deixou marca habitual, ignorando penalti de Paulo Turra sobre Antchouet. Porém até nem foi dos seus piores dias.
E hoje, como será? Não tenho boas recordações de Carlos Xistra. Nada boas, mesmo.
Quanto ao futebol em si (é o que interessa), o Belenenses tem-se mostrado poderoso e mandão na sua casa, enquanto o Boavista ainda parece procurar melhores dias. Até poderá ser um bom jogo de futebol… se os artistas forem só 22 e não 25…
De qualquer forma e como não poderia deixar de ser… FORÇA BELÉM!!!!
Porquê então este artigo? Basta olhar para os últimos encontros para perceber que algo mais se joga do que uns “meros” 3 pontos, mesmo que em desafio à lógica. Com polémica e as tais discussões de “grandeza” à mistura, é difícil ficar indiferente.
O Belenenses e o Boavista têm percursos históricos um pouco antagónicos, partilhando contudo a condição de serem os únicos campeões para além dos “três”. O Boavista que hoje chegará ao Restelo, curiosamente, conta com um inusitado número de ex-Belenenses nas suas fileiras: Guga, Carlos Fernandes, Hélder Rosário e Cafú. Do lado do Belenenses, José Pedro e Casaca (Director Geral da SAD) passaram pelo Bessa, sendo que o último guardará melhores recordações, quer como jogador quer como treinador-adjunto (aliás foi Manuel José que o trouxe para o Belenenses). Não podemos esquecer também que Pedroto, um dos principais responsáveis pelo início da afirmação boavisteira, surgiu como jogdador-estrela no próprio Belenenses (onde o FCP o foi buscar numa transferência “record” para a época). Infelizmente (ou não), as afinidades entre os dois clubes não vão muito além disto.
No histórico dos Belenenses-Boavista os “azuis” levam vantagem clara, embora a marcha dos resultados acompanhe em boa medida os percursos distintos. O Belenenses em queda desde as décadas de 60/70 e o Boavista, pelo contrário, em ascensão. Realizaram-se já 43 encontros, longe do número de jogos de “totalistas”, isto porque no total das edições do campeonato/liga o Boavista andou pelo escalão secundário por cerca de 20 vezes, enquanto o Belenenses por 4 épocas ficou na segunda.
25 vitórias “azuis”, 11 empates e 7 derrotas, com um saldo igualmente positivo em matéria de golos: 116 marcados e 44 sofridos. O resultado mais frequente, porém, é o empate a 1 bola, com 6 ocorrências (o que é pouco… e pouco significativo). Olhando para a diferença de golos, o mais frequente é o empate na mesma, com 11 ocorrências (6 empates 1-1, 2 com 0-0 e 3 com 2-2).
De destacar por outro lado que até ao início da da década de setenta eram comuns as “goleadas” do Belenenses. Uma delas, em 40/41, figura mesmo como o 5º melhor resultado do Belenenses nos campeonatos nacionais/liga (de entre 6 resultados onde se alcançaram os 2 dígitos): 10-0! (mesmo nessa época não foi o “record”, pois o Unidos de Lisboa foi derrotado por 13 golos!).
Em compensação desde a época 94/95 que o Belenenses não vence o Boavista no Restelo (curiosamente uma época em que veio treinar o Belenenses um outro ex-boavisteiro, João Alves). Desde então, 3 derrotas e 4 empates… e muita polémica.
Mas aqui ficam todos os resultados do CFB-BFC (entre parêntesis as classificações de cada um dos clubes nessa edição):
35/36 – 3-0 (4, 6)
40/41 – 10-0 (3, ultimo)
45/46 – 6-1 (1, penultimo)
46/47 – 7-1 (4, 9)
47/48 – 7-0 (3, 9)
48/49 – 5-0 (3, 14 e ultimo)
50/51 – 4-3 (9, 10)
51/52 – 3-0 (4, 5)
52/53 – 5-0 (3, 9)
53/54 – 2-1 (4, 11)
54/55 – 6-0 (2, 13 e penultimo)
59/60 – 8-0 (3, 14 e ultimo)
69/70 – 3-0 (7, 12)
70/71 – 1-3 (7, 6)
71/72 – 7-1 (7, 11)
72/73 – 1-1 (2, 7)
73/74 – 4-1 (5, 9)
74/75 – 2-1 (6, 4)
75/76 – 1-1 (3, 2)
76/77 – 1-1 (10, 4)
77/78 – 1-0 (5, 7)
78/79 – 2-4 (8, 9)
79/80 – 1-0 (5,4)
80/81 – 0-0 (11, 4)
81/82 – 1-0 (15, 9)
84/85 – 2-2 (6, 4)
85/86 – 1-1 (8, 5)
86/87 – 1-2 (6, 8)
87/88 – 2-0 (3, 5)
88/89 – 0-3 (7, 3)
89/90 – 1-0 (6,8)
90/91 – 2-0 (19, 4)
92/93 – 2-1 (7, 4)
93/94 – 2-1 (10, 4)
94/95 – 3-1 (12, 9)
95/96 – 1-2 (6, 4)
96/97 – 2-4 (13, 7)
97/98 – 0-0 (18, 6)
99/00 – 1-1 (12, 4)
00/01 – 2-2 (7, 1)
01/02 – 0-2 (5, 2)
02/03 – 2-2 (9, 10)
03/04 – 1-1 (15, 8)
Olhando agora para os jogos mais recentes e começando por 99/00 (empate a zero), foi um encontro já de muita polémica, em parte “aquecido” pelo jogo da primeira volta no Bessa. Terá ficado uma grande penalidade por marcar (cometida por Pedro Emanuel), a respectiva admoestação ao jogador, bem como uma série de sanções pelo jogo “duro” dos axadrezados. Vítor Oliveira, então treinador “azul”, foi também expulso por protestos (exageradamente) O árbitro foi Isidoro Rodrigues… o que explica alguma coisa. Depois estalou uma guerra de palavras entre Ramos Lopes e João Loureiro, com o último a acusar o Belenenses de ser… beneficiado! O facto é que a qualidade do jogo foi péssima, tendo a imprensa estimado a ocorrência de faltas em cada 60 segundos (46 minutos de jogo útil!). Seria o estilo de futebol “típico” do Belenenses? Creio que não…
Sobre esta época ainda lembro a prematura saída de Pataca e Gouveia para França, não muito tempo antes do CFB-BFC. Gouveia que curiosamente regressaria a Portugal para ingressar... no Boavista.
Em 2000/01, pelo contrário, o CFB-BFC até foi bem disputado e renhido, com o Belenenses a recuperar por 2 vezes da situação de desvantagem, uma vez por Marcão e a segunda por Verona, a fazer o 2-2 final. Curiosamente nesta altura ambos os clubes mostravam pujança e prometiam um bom campeonato. Jaime Pacheco e Marinho Peres elogiaram as equipas adversárias antes e depois do jogo. No fim do campeonato, porém, o Belenenses ficou em 7º e o Boavista ficou… em 1º.
Nesta época falou-se que Guga iria para o Bessa, mas acabou por ir primeiro para Guimarães…
O jogo de 2001/02 conseguiu ser o mais polémico (e porque não dizê-lo, o mais triste), com a péssima arbitragem de Lucílio Baptista em prejuízo do Belenenses (toda a imprensa assim o considerou). Como se isso não bastasse, os poucos adeptos axadrezados que viajaram até ao Restelo resolveram incendiar a camisola gigante da Fúria Azul, não contentes com o saque em campo que lhes proporcionou a vitória por 2 bolas. Não menos lamentavelmente, porém, o autocarro do Boavista foi apedrejado à saída… algo totalmente inaceitável (embora Silva e J. Loureiro falassem de “Cabul”, um claro exagero).
Poderia adiantar algo mais sobre este triste jogo, mas acho que seria contraproducente. Lembro-me da rábula das “macas”, o “circo” de Sequeira Nunes.
Mas este jogo não foi exemplo para ninguém, espero que Carlos Xistra não siga o exemplo do colega…
O jogo de 2002/03 ficou marcado por coisas mais positivas. Por um lado e recorrendo a uma iniciativa que hoje se deverá repetir noutros moldes (já não há bilhetes de borla, mas sim oferecidos pela Digal), estiveram presentes entre 20 a 25 mil espectadores no Restelo, algo que deu bastante que falar nos media e foi bonito de se ver. Por outro lado os dois Clubes falaram abertamente em “aproximação” e “solidariedade”. Tempos de paz, portanto. O resultado foi o 0-0, num jogo razoavelmente disputado com algum ascendente “azul”.
Isto apesar de no fim da época anterior, porém, ter voltado a discórdia com o “caso” Cafú… no qual a Liga veio a dar razão ao Belenenses… sem determinar qualquer compensação! (apenas multa para a Liga). A amarga troca de comunicados entretanto continuou…
Em 2003/04 o resultado foi 1-1, medíocre em circunstâncias normais, mas um precioso pontinho para Inácio tentar salvar o Belenenses da descida. Pelo Belenenses marcou Hugo Henrique, pelo Boavista marcou… Cafú. O espectáculo foi medíocre e Bruno Paixão deixou marca habitual, ignorando penalti de Paulo Turra sobre Antchouet. Porém até nem foi dos seus piores dias.
E hoje, como será? Não tenho boas recordações de Carlos Xistra. Nada boas, mesmo.
Quanto ao futebol em si (é o que interessa), o Belenenses tem-se mostrado poderoso e mandão na sua casa, enquanto o Boavista ainda parece procurar melhores dias. Até poderá ser um bom jogo de futebol… se os artistas forem só 22 e não 25…
De qualquer forma e como não poderia deixar de ser… FORÇA BELÉM!!!!
1:01 da manhã
