Boa tarde Sr. Vítor Oliveira, mas...

Hoje o Belenenses recebe na sua casa um clube com pouca história na “ribalta”, o Moreirense Futebol Clube. É muito curiosa a história deste emblema, marcada por uma recente e impressionante ascensão aos escalões principais do nosso futebol. Apesar de ter sido fundado em 1938 e de pertencer a um Concelho (Guimarães) e a uma Associação (Braga) bem fortes na modalidade, o Moreirense viveu anos difíceis. Após dois campeonatos ganhos na 2ª distrital de Braga (anos 40) e por causa dos efeitos económicos da IIª Guerra Mundial o Moreirense ficou sem disputar provas oficiais até… 1970! Mesmo assim e em 1978/79 já este clube conseguiu subir à IIIª divisão. Em 1987/88 foi a vez de alcançar a 2ª Divisão B. Em 1994/95 passou à Divisão de Honra, se bem que em 1999/2000 foi despromovido (o único percalço nesta ascensão, diga-se). A seguir foi o grande “salto”: logo em 2000/01 regressou à Liga de Honra e em 2001/2002 foi o campeão da mesma, atingindo assim o “cume” do futebol nacional de forma “meteórica”.
Esta época (2004/05) já é a terceira para o Moreirense na Superliga, após um 12º lugar em 2002/03 e um razoável 9ª lugar em 2003/04. Nesta última época ficou portanto à frente do Belenenses, que sofreu para não descer. E não descemos… graças ao Moreirense!
Enfim, esta história ainda está demasiado fresca nas nossas memórias e é demasiado amarga para repeti-la exaustivamente. O facto é que no Restelo houve quem comemorasse os golos dum já “descansado” Moreirense frente ao outro "aflito", o Alverca, enquanto o próprio Belenenses pouco ou nada fazia para merecer a manutenção, cedendo uma vitória relativamente fácil a um Braga igualmente “descansado” na classificação. Em suma, se esta época recebemos o Moreirense na Superliga, é graças a este mesmo clube…

Este jogo de hoje com o Moreirense marca também mais um reencontro com um ex-técnico azul, Vítor Oliveira. Foi com ele que em 1998/99 o Belenenses consumou o nosso regresso à 1ª Liga, facto pelo qual, com maior ou menor mérito (depende das opiniões), creio que merece gratidão. Pelo menos cumpriu o que se lhe pediu.
Curiosamente o último jogo dessa época (em 30 de Maio de 1999) foi precisamente o primeiro Belenenses-Moreirense em Campeonatos Nacionais (neste caso na Liga de Honra). O Belenenses já tinha assegurado o segundo lugar e a promoção (quinze dias antes), enquanto o Moreirense tinha assegurado a permanência na Liga de Honra (na mesma altura). Ainda assim os azuis brindaram o seu público com uma alegre vitória por 4-0 (o resultado da 1ª volta, em Moreira de Cónegos, fora um empate 1-1). A primeira parte desse jogo foi "morna", pouco disputada. na 2ª parte, porém, Brandão abriu caminho à goleada inaugurando o marcador. Seguiram-se Quim* (com 2 golos) e... Tuck! No final o treinador moreirense, apesar de insatisfeito com o resultado, considerou o jogo como uma "participação simpática" na festa do Belenenses. Acabou assim o que espero ter sido o último jogo do Belenenses no escalão secundário. E o Moreirense... uma vez mais presente no fim de um dos nossos pesadelos!

Entretanto Vítor Oliveira poderá ainda reencontrar alguns dos jogadores com quem trabalhou no Restelo, como Marco Aurélio, Tuck, Wilson, Cabral ou Neca. Curiosamente todos eles chegaram à equipa principal dos azuis no tempo de Vítor Oliveira, sendo que Tuck e Wilson "acompanharam-no" do Gil Vicente para o Belenenses...

Introduzidos os primeiros confrontos (na Liga de Honra), passamos aos outros resultados. Devido à presença muito recente na Superliga do Moreirense (como já se disse, esta é a 3ª época), o historial resume-se a 4 jogos, não permitindo assim uma análise estatística com especial significância. Podemos até adiantar um breve resumo dos 2 jogos disputado no Restelo.
Em 2002/2003, mais concretamente a 25 de Outubro (o meu aniversário!) o Belenenses (então orientado por Marinho Peres) recebeu e venceu o Moreirense por 1-0, com um golo de Carlos Fernandes a abrir a 2ª parte. Foi uma vitória mais “prática” do que brilhante, e nos minutos finais o Belenenses podia ter marcado… mas Marco Aurélio também impediu o empate com mais uma das suas grandes defesas. Os pontos, contudo, confirmaram um início de época interessante (segundo lugar provisório à 8ª jornada)…
O jogo de 2003/2004, a 2 de Novembro (curiosamente também na 10ª jornada), acabou com um empate a 0 bolas no Restelo, com uma exibição muito “pálida” dos azuis, quase à mercê dos "cónegos". Com efeito nos dois jogos anteriores o Belenenses havia perdido no Restelo com o Porto por 1-4 (apesar de Gonçalo Brandão ter aberto o “placard”) e na Choupana com o Nacional por 4-0. Há quem diga que estes dois resultados influenciaram decisivamente a saída de Manuel José... e no jogo com o Moreirense já não seria provavelmente a maior autoridade no balneário. Isto digo eu…

Como é habitual respeitamos a ordem visitado-visitante e excluímos a análise aos jogos em Moreira de Cónegos. Contudo é-me difícil não recordar o triste jogo de 2002/2003 (em que o Belenenses foi derrotado por 3-1) marcado por atitudes lamentáveis dos adeptos moreirenses, intimidando o árbitro e ameaçando explicitamente a integridade física de adeptos, dirigentes e atletas do Belenenses. Acredito que tenham sido umas “ovelhas ranhosas”, mas não esqueço…

Hoje espero uma vitória. Ou melhor, desejo mais que o habitual (se isso é possível) que o Belenenses ganhe. Os últimos resultados e as últimas exibições deixaram interrogações sérias relativamente a alguns aspectos, sobretudo a capacidade defensiva (tantas vezes explicada com a “transposição defesa-ataque”… não será ataque-defesa?).
Brasília já se foi, mas creio que o balneário não se ressentirá. Os contornos do caso levam-me a concluir que a SAD optou por um inequívoco reforço da confiança e da autoridade do técnico. Agora falta que Carvalhal mande também neste jogo e consiga o que nós todos (incluindo o “mister”) gostamos: muitos golos (Antchouet!!) sem resposta. Assim esperamos.
Quanto a Vítor Oliveira, que tenha uma boa tarde de Sábado neste regresso a uma casa sempre especial, mas deixe cá os 3 pontos!

O árbitro da partida, Lucílio Baptista, tem registos de sobra na lista "negra" do Belenenses. A atenuante é não tratar-se de um jogo contra um "grande" ou similar. Pode ser que não influencie muito o resultado final, já não seria mau.