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2004 em revista - Parte I: O futebol



Com a passagem de ano é comum fazer-se um resumo de todos os acontecimentos relevantes do ano que finda, tal como referiu o Luís Oliveira em artigo anterior. No caso do futebol e demais modalidades as respectivas épocas de competição vão ainda quase a metade, mas não deixa de ser uma boa altura para reavaliar essa "metade" bem como os frutos da época anterior. Sem prejuízo do que já referiu o Luís Oliveira, para hoje preparei alguns artigos de "balanço". Três, para ser preciso. Neste primeiro, vejamos um pouco mais em detalhe como foi 2004 para o futebol do Belenenses.


Balanço de 2004:

Assistimos ao agoniante final da época 2003/04, consumado numa das piores classificações de sempre (a 4ª pior, para ser mais exacto). Ao leme sucederam-se três treinadores. Manuel José "abandonou" o barco (fica a versão "oficial", que terá sido apenas por dinheiro) para dar lugar a um praticamente desconhecido Bogicevic. Embora simpático e aparentemente trabalhador "Bogie" foi praticamente saneado como se pagasse as favas do anterior mister. Os resultados, contudo, não eram de facto animadores.
No meio de tudo isto, a SAD. Seguindo semelhante processo ao da contratação de "Bogie", o necessário reforço do plantel foi levado a cabo com recurso à "boa-vontade" de um ou dois empresários, sucedendo-se as famigeradas cassetes de jogadores estrangeiros de valia mais que dúbia (de campeonatos como o finlandês!). "Bogie", sensato, rejeitou todos.
Se a opinião dos adeptos poderia ser discutível, surgiu então a intervenção directa do Presidente Sequeira Nunes, rotulando o conturbado momento como a "fase da asneira"... e proclamando o fim da mesma com a contratação de Inácio. Sem reprovar ou desautorizar publicamente os elementos da SAD, foram dados sinais claros de quem iria estar ao "leme" daí em diante.
Em consequência foi contratado um "autocarro" de reforços, sendo que a "mão" de Inácio foi preponderante. Ingressaram na equipa Paulo Sérgio, Emerson, Leandro, Andersson, Hugo Henrique, Ceará e Brasília. Ainda com Bogicevic chegou também o suíço Mangiarratti. De todos estes, Emerson, Andersson, Brasília e Mangiarratti foram os mais constantes (embora o suíço afinal viesse a revelar uma lesão crónica). No entanto e para 2004/05 (de todos aqueles ainda) apenas permaneceram Andersson, Brasília e Mangiarratti (Emerson bem que fazia falta agora). No final da época e a fazer companhia aos reforços "recambiados" seguiram Carlos Fernandes, Hélder Rosário, Verona, Mauro e Fábio Rosa.
Há ainda a referir o rocambolesco e "policial" caso de Valdiran, jogador que já tinha cadastro antes de chegar ao Clube, informação que terá sido ignorada ou menosprezada. No final, mais crimes e a natural dispensa de um jogador habilidoso mas pessimamente formado.

Curiosamente valeu um golo desse mesmo jogador (contra o Alverca no Restelo) para desempatar a igualdade pontual com o dito clube. Igualdade só conseguida, por sinal, graças a uma vitória do "descansado" Moreirense, já que a teórica tentativa de salvação própria no Belenenses-Braga não passou de uma vergonha pública. Com um estádio cheio de azuis (uma vez mais apoiando o Clube nas horas difíceis) a exibição da equipa ainda é hoje difícil de descrever. Um pesadelo. Talvez tenha sido a primeira manutenção vaiada do futebol português (com boa dose de razão face ao que se assisitiu). No fundo foi tudo o que as semanas imediatamente anteriores anunciavam. A apática derrota em Alverca (outro dos momentos mais horríveis que vivi na minha vida "azul"), o aparente "pré-despedimento" de Inácio, os desabafos deste último dizendo que iria fazer uma limpeza de balneário... enfim, a fase da asneira continuou e atingiu o zénite!

Assegurada a manutenção, pairava ainda no ar a decisão de demissão de Sequeira Nunes, comunicada a repórteres após uma anterior Assembleia Geral. Ao que parece os "bons ofícios" dos responsáveis da Assembleia Geral (com destaque para o Major Baptista da Silva) impediram tal desfecho.

Ainda sobre a época de 2003/04 deve-se referir o que noutra altura seria uma oportunidade de "ouro". O Belenenses conseguiu chegar às meias-finais da Taça de Portugal, tendo levado de vencida o Estoril num dos jogos mais sofridos da história do Clube. Tanto sofrimento foi em vão, pois a derrota com o Benfica acabou por ser natural e amplamente consentida. No meio da "asneira", mais uma.

Para 2004/05 sucederam-se mudanças de vulto. Sequeira Nunes assumiu a liderança da SAD, chamando para o acompanharem Barros Rodrigues (executivo) e Vítor Godinho (formação e prospecção). Na medida em que o desempenho de Jaime Monteiro e João Gonçalves, na minha opinião, deixou muito a desejar (e na do Presidente, como se constatou pela substituição), a mudança de equipa foi bem recebida. Mais ainda foi a criação do cargo de Director-Geral, atribuído a Rui Casaca. Por todo o seu percurso anterior, só poderia esperar uma nova e MELHOR forma de trabalhar.
Para treinador da equipa foi contratado Carlos Carvalhal, considerado uma das maiores promessas, supostamente admirado por Pinto da Costa, comparado a Mourinho e um dos aparentes bastiões do futebol "científico-académico" do próprio Mourinho e também de Peseiro.
No plantel ingressaram José Pedro (vindo do Setúbal e desvinculado do Boavista), Juninho Petrolina (ex-Beira-Mar), Amaral (do Leixões), Cabral (de regresso) mais os "emprestados" Cristiano, Rodolfo Lima (ambos do Benfica) e Lourenço (do Sporting).


Balancete para 2005:

No que da época de 2004/05 já decorreu, é de certa forma prematuro alvitrar qual será o desfecho. Para já, a classificação em pouco difere da homóloga em 2003/04. Entre as certezas, o objectivo explícito de alcançar um lugar entre os dez primeiros parece estar plenamente incorporado, pese a oportunidade única de chegar à UEFA. Bastará o 10º lugar?
Outra certeza foi a necessidade de reforços. No sapatinho chegou mais um emprestado do Sporting, Paulo Sérgio, aparentemente para colmatar a saída de Brasília e aparentemente relegando Eliseu para segundo plano (como curiosidade, Eliseu é mais velho e também internacional). Será assim? Paulo Sérgio parece ter sido útil à Académica na época passada, embora seja certo que de momento não é útil a Peseiro.
Chegou também o saudoso e prestigiado Catanha. Embora vindo de duas épocas fracas (incluindo o naufrágio do próprio Celta) e embora, ao que parece, se estivesse a treinar na praia, poderá ser muito útil. Estranhei um pouco que o interesse do Málaga ficasse por concretizar, o próprio jogador afirma que recusou a proposta. Com a sua chegada, porém, parece-me que Rodolfo Lima terá a vida ainda mais difícil.
Agora chegou também Rui Ferreira, um médio defensivo de 31 anos proveniente do Vitória de Guimarães. Desconheço o seu valor, mas ao que parece é lutador e experiente. Neste caso poderá ser Tuck quem fique com menos hipóteses ainda de titularidade (algo compreensível) e Marco Paulo... em parte (apesar da aposta inicial forte de Carvalhal). Será Rui Ferreira o típico "operário" de que falava Carvalhal (tendo entretanto "chumbado" Marco Paulo para o efeito)?.

Entre outros "ensombrados" (para além de Eliseu, Rodolfo Lima, Tuck ou Marco Paulo) encontro ainda Gonçalo Brandão e Neca. O primeiro não parece constituir opção como central (estranhamente, penso eu) e como lateral as coisas continuam a não sair bem (para além de ser 3ª opção). Como atenuante, a sua juventude (embora para Rolando não fosse impedimento). Quanto a Neca, apesar de um ligeiro vislumbre de qualidade contra o Moreirense, continua "tapado" por Petrolina e Zé Pedro.
Ruben Amorim e Jorge Tavares, dada a sua juventude, não são prováveis escolhas sistemáticas (talvez se aplique o mesmo a Gonçalo Brandão?).
No meio disto tudo e acrescentando as dispensas de Sandro e Mangiarratti, dois centrais de raiz aparentemente experientes e com requisitos técnicos aparentemente satisfatórios, parece faltar alguém para a defesa. Como diz o Luís Oliveira, um "patrão". Aqui gostaria de ter mantido um Emerson ou um Sandro (pensando que este poderia ser como o primeiro). Falta alguém com alguma da experiência de Wilson mas com mais "pernas" que este. Bom, se o Gonçalo não é opção, convém mesmo ter um 4º central, "patrão" ou não...
No meio-campo muitos alegam a falta de um armador de jogo. Ou que pelo menos nenhum dos actuais elementos assume categoricamente essa função. Poderá ser uma hipótese de reforço, mas não deixo de considerar desanimador que nem Neca, nem Juninho, nem Zé Pedro estejam à altura. Afinal há gente para o lugar ou não? Ou alguém mais passará para a "sombra"?

Apesar de tudo e mais que os reforços intrigam-me os desígnios do nosso "mister". Intriga-me o inamovível 4-4-2 com um extremo na esquerda, dois a três "playmakers" (que depois não o são) no meio e o defesa-direito ou o segundo ponta-de-lança a fazerem de extremos direitos. Intriga-me o facto de, considerando Pelé e Rolando jogadores mais que satisfatórios tecnicamente, tenham uma "folha de serviço" tão medíocre. A articulação com os médios defensivos e os laterais por vezes parece esfumar-se. E no meio (tudo está no meio-campo, como diria Cruyff), o intermitente pulsar do que deveria ser o coração da equipa. Muitas vezes mal a defender e alternando contra-ataques fulminantes com sequências de passes errados e apatia generalizada.
Depois há os jogos fora de casa, enigma (quase estigma) para o qual não antevejo solução em breve. Será em Setúbal com golos de Antchouet (sem dúvida a estrela da época) e Catanha?

Em seguida (logo abaixo) apresento um artigo com o que considero terem sido os factos mais relevantes para o Clube (não só o futebol) em 2004, bem como as "figuras" de destaque.



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