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Dormindo com o inimigo



Caros belenenses,

Era meu propósito, ao retomar a “segunda fase” da minha colaboração neste blogue, escrever uma série de artigos curtos e concisos sobre um assunto que, a meu ver, se justifica não só pela sua importância como pela sua inserção no período que se vive no Clube: as eleições no Belenenses. È o que tenciono fazer a partir da próxima semana.

Contudo, um outro tema veio recentemente a lume e tem sido comentado em vários fóruns de debate azul, incluindo este blogue, pelo que considero pertinente escrever também duas ou três linhas sobre ele. Trata-se, como será fácil adivinhar, da surpreendente (?) aliança que Sequeira Nunes fez com outros clubes da Super Liga.

Atitudes como esta, por parte do presidente da Direcção do Belenenses, não são para mim completamente surpreendentes uma vez que ele já tem tomado atitudes inesperadas, e aparentemente inexplicáveis, sem que ninguém perceba a razão por que as toma e sem consultar os sócios, nem sequer delas dar conta em Assembleia Geral. Não quero com isto dizer que o presidente da Direcção tenha que convocar uma AG sempre que vai tomar uma decisão. O estatuto do Clube concede-lhe poderes, como responsável máximo do órgão executivo, para decidir em assuntos de gestão corrente. No entanto, há assuntos de transcendente importância para a vida do Clube, como me parece ser o caso desta aliança, que não são meros actos de gestão corrente e, como tal, deveriam ser postos à consideração dos associados.

Entrando no assunto propriamente dito, devo dizer que esta “nova aliança” também não é surpreendente no que respeita aos parceiros, nem é aliás tão nova como parece. Vários indícios preliminares, num passado recente, deixam antever, em minha opinião, esta súbita (?) simpatia de Sequeira Nunes por Dias de Cunha e Luís F. Vieira. Foram os lanchezinhos amigáveis com a direcção dos lampiões, foi a dívida semi-perdoada do Paulo Madeira, foi a confissão pública perante o presidente dos lagartos de que gostava que estes fossem campeões… Enfim, um conjunto apreciável de preliminares amorosos que deixavam antever este infeliz casamento.

O problema é que ainda ninguém viu quais as razões que levaram a esta aliança e os objectivos que com ela se pretendem atingir. Se calhar, só Sequeira Nunes é que sabe porquê, se é que sabe. E se sabe, ainda não explicou que benefícios daí resultarão para o Belenenses. Não me parece que instituições como o benfica e o sporting, que ao longo da história sempre tentaram destruir-nos e actuaram como nossos inimigos, ocultos ou declarados, venham de repente a tornar-se aliados úteis aos nossos interesses. Em matéria de alianças com outros clubes, veria em primeiro lugar o F. C. Porto como parceiro válido, quer por razões estratégicas quer, sobretudo, pelo passado de boas e (quase sempre) honestas relações entre estes dois clubes. É claro que haverá no nosso Clube opiniões divergentes da minha, que respeito em absoluto e terei todo o gosto em debater, se for o caso, o que manifestamente não é no actual contexto.

Devo dizer que não sou, por princípio, contra políticas de alianças. Estas podem justificar-se, em determinadas circunstâncias, se o interesse de todos os intervenientes assim o determinarem, e sem prejuízo de terceiros. Tem é que haver clareza nas razões, honestidade nos métodos e justeza nos objectivos. E tudo isto, tratando-se de entidades colectivas, não pode assentar apenas em decisões pessoais.

Seja como for, e quaisquer que sejam as alianças que se fazem ou vierem a fazer, há um aspecto importante que deve ser tido em conta neste tipo de “negociações” e que está a ser completamente descurado neste caso. Refiro-me a um certo “secretismo”. Não quero com esta expressão dizer que as alianças tenham de ser escondidas por incluírem algo de obscuro ou perverso nas suas intenções, dado que, como disse atrás, devem ser claras, honestas e justas. No entanto, no seu próprio interesse, para que uma aliança funcione bem e atinja os seus (justos) objectivos, os assuntos têm de ser tratados com objectividade pelos parceiros intervenientes e não expostos em praça pública como panfleto a agitar e manipular pela comunicação social.


"Dormindo com o Inimigo", o Filme

Todos sabemos que a comunicação social tem um papel cada vez mais preponderante na sociedade actual. Não nego a sua importância e presto a minha homenagem a muitos excelentes profissionais que trabalham nesta área. No entanto, há assuntos que parece que são inventados apenas para servir de alimento a jornais, rádios e televisões. É o que me parece ser o caso desta aliança, transformada em espalhafato público pelos “media”, em detrimento de reais (embora desconhecidos) interesses dos seus membros ou (talvez só) de alguns deles. Será que o único interesse desta aliança é agitar os meios de comunicação, ou isso servirá para esconder outros interesses?

Não sei se Sequeira Nunes tem resposta a esta pergunta. A sensação que tenho é que ele anda a dormir com o inimigo. Se calhar, anda mesmo a dormir. E só isso.


Saudações azuis.



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