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Golfinhos entre rios



Ora aqui vai mais uma antevisão... comprimida pela pressão do pouco tempo disponível!
Uma guarda o Sado, outra o Tejo, Setúbal e Lisboa são cidades antigas que ao longo dos séculos partilharam afinidades e modos de vida semelhantes.
E o Vitória, tal como o Belenenses, também nasceu sob o signo do mar. Foi em 20 de Novembro de 1910. Cedo se afirmou como uma equipa forte, integrando inicialmente a própria Associação de Futebol de Lisboa. A primeira grande prestação dos sadinos ocorreu precisamente alguns meses antes da fundação do Belenenses, alcançando o 3º lugar no Campeonato de Lisboa.

Curiosamente foram os setubalenses os primeiros adversários do nosso Belenenses, em Novembro de 1919 (2 meses após a nossa fundação). Foi um jogo a contar para a Taça "Associação", tendo vencido os sadinos por 1-0 graças a um infeliz auto-golo azul. Apesar de contar com alguns jogadores experientes e excelentíssimos (como o melhor jogador português, o fundador Artur José Pereira), o pouco tempo de preparação da equipa de Belém ainda se fazia sentir.
Nos anos seguintes, porém, o Belenenses superiorizou-se, alcançando a vitória no Campeonato de Lisboa em 1925/26. Esta competição era particularmente difícil, sendo que o Vitória tinha de ombrear com os fortes conjuntos da cidade de Lisboa. Porém a época de 1926/27 foi de ouro para os sadinos, que a par do Belenenses dominaram os campeonatos em disputa. A vitória no Campeonato de Lisboa coube ao Vitória (seguido pelo Belenenses em 2º lugar), enquanto o Belenenses venceu o Campeonato de Portugal derrotando os sadinos na final por 3-0.
Curiosamente foi logo depois da vitória do Setúbal no Campeonato de Lisboa que foi fundada a Associação de Futebol de Setúbal. A partir daí, naturalmente, não mais participou no Campeonato de Lisboa.

Posteriormente os maiores sucessos do Setúbal surgiram já nas épocas de 1964/65 e 1966/67, em que os sadinos conquistaram as suas duas Taças de Portugal (tendo sido finalistas em 1965/66). A equipa era então liderada por Fernando Vaz, treinador que também passou pelo Belenenses. Em 1971/72 conseguiram a sua melhor classificação de sempre no Campeonato da 1ª Divisão, com um segundo lugar. O início da década de 70 foi aliás um período de grande brilho do Vitória, então treinado por um senhor que, como jogador, havia chegado à ribalta no Belenenses (antes de se transferir para o FCP com valores record para a época): José Maria Pedroto.
Aliás o número de jogadores e técnicos que "circularam" entre os dois clubes é quase incontável. De entre todos destacaria o grande Félix Mourinho, excelente guarda-redes que deixou o Setúbal para iniciar grandes épocas ao serviço do Belenenses. Foi também no Belenenses que iniciou a sua carreira como treinador, tendo salvo o nosso Clube em tempos muito difíceis. Mourinho é um exemplo de dedicação abnegada aos dois clubes. Por isso o Belenenses já participou em pelo menos uma das edições do Torneio de Setúbal dedicado a Mourinho. Na última, porém, cancelou estranhamente a sua participação, aparentemente devido a compromissos com equipas internacionais... que não se vieram a verificar nas datas previstas. Na altura falava-se também em "birra", pois o Setúbal dificultava a transferência de Jorginho. Tal facto, a ser verdade, não é boa justificação para perturbar as relações entre os dois clubes, muito menos a homenagem e o respeito que Félix Mourinho merece.
Ah, para quem não saiba, Félix Mourinho é pai do outro rapaz que por acaso até treina uma equipa azul... que por acaso só venceu por uma vez o campeonato do seu país há 50 anos. Coincidências.

Mais recentemente passou pelo Belenenses um outro grande guarda-redes que veio (e depois voltou) do Setúbal: Jorge Martins. Não percebi muito bem e lamentei a sua saída, após a conquista de mais uma Taça de Portugal (em 1989). Foi pena! Nessa altura e para Setúbal também foi Mladenov, o grande "mágico". Outra pena.

Voltando ao Vitória, as décadas de 60 e 70 foram portanto das melhores, sendo que até 1962 já tinha disputado por 8 vezes o Nacional da 2ª Divisão. Porém a partir dos anos 80 e de forma muito semelhante ao Belenenses vieram as "crises". O Belenenses foi o primeiro a sucumbir na década de 80, passando as épocas de 82/83 e 83/84 na Segunda Divisão. O Setúbal, por sua vez, passou por lá a década de 1986/97. Na época de 1990/91 os dois clubes "acompanharam-se" na descida, facto muito lamentado na altura. Dois "históricos" de uma só vez. Enquanto o Belenenses regressou logo em 1992/93, o Setúbal só voltou uma época depois. Entretanto os sadinos regressaram ao segundo escalão mais 3 vezes, incluindo a presença na época transacta (o Belenenses mais uma vez, em 1998/99).
E a última subida do Setúbal foi conseguida com mais um técnico que entretanto passou para o Belenenses: Carlos Carvalhal. Dele já falaremos adiante.

Quanto ao histórico de resultados, o saldo é interessante para o Belenenses: 20 vitórias, 15 empates e 18 derrotas, com 69 golos marcados e 74 golos sofridos.
Quanto aos últimos 5 jogos, o Belenenses venceu 2, empatou 2 e perdeu 1. Esta derrota, a última, já foi em 1996/97.

Olhando para o momento actual, o Setúbal não parece sair-se mal com Couceiro no "leme", ocupando o 8º lugar, a 7 pontos do primeiro. É uma equipa que joga um futebol interessante e conta com bons executantes. Em certas alturas da época já passou mesmo por equipa "sensação". A derrota com o Benfica (estranha, direi eu) fez com que alguns "analistas" depressa se desiludissem com o Setúbal.
Nós, em compensação, deslumbrámos os tais "analistas" com a tareia aplicada aos encarnados... mas estamos em 15º lugar a 13 pontos do 1º, a 6 pontos do Setúbal e a 2 pontos da linha de água.
Se esta classificação não é condizente com o valor que se apregoa existir, terá de ser corrigida rapidamente.
Continuo a não entender a 100% as decisões e tácticas do nosso mister, pese a eliminação tranquila - mas pouco conclusiva - do Pombal.
Hoje é um mau dia num mau sítio para recuperar o que se tem perdido. Se por acaso formos bem sucedidos (isto é, ganharmos), será sinal de quem nem tudo está perdido. Serão 3 pontos importantes. Recordo que até agora o Setúbal só perdeu 2 vezes e empatou 1 no seu reduto.
Se não ganharmos (Deus nos livre), o desfecho será considerado por muitos como normal. Mas entre desfechos normais e anormais a nossa classificação não é um risco a controlar (Pedro?), é um descontrolo arriscado.
Que a sorte esteja conosco e que a equipa e o técnico tenham pelo menos vontade de responder à insatisfação (quase) generalizada. Indignem-se, ofendam-se, qualquer coisa... mas que a reacção sejam vitórias. Porque é que aqui são os adeptos que pagam as favas?



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