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Contas de 2004: o relatório desejável



O Henrique Amaral com a sua tradicional paciência fez uma análise exautiva ás 37 folhas do Relatório e Conats doi ano civil de 2004.

Para quando um Relatório Analítico de Exploração

por centros de custos?

Em termos legais, nenhuma empresa está obrigada a apresentar outro tipo de relatório que não seja o aquele que vem no site oficial e disponiblizado para discussão em AG.
Porém, o caso dum clube despotivo com uma multiplicidade de actividades amadoras, para além do Futebol, obrigaria, a meu ver, a outro tipo de relatório e contas, por forma a melhor se conhecer onde e como são aplicados os dinheiros, pecha que este relatório contém.
Passo a explicar.
É voz corrente que algumas modalidades amadoras, algumas profissionalizadas, são auto-suficientes.
Ou seja, pretendem-se fazer passar a mensagem que não é pelo facto de termos o basquetebol, o andebol, o futsal e o râguebi mais ou menos profissionalizados, aliás nestas modalidades há uma vertente profissionalizada e outra de formação, mas sem a criação da respectiva SAD na vertente profissionalizada, no contexto de 27 modalidades ditas amadoras, que se retira a saúde financeira ao Futebol.
Centros de Custos ou uma Contabilidade Analítica de Exploração
Todavia, ainda não é neste Relatório e Contas que vejo as contas imputadas, na origem e aplicação de fundos, modalidade a modalidade, Futebol incluindo.
Futebol também, pois claro, porque, e aqui tenho opinião algo divergente do Henrique, Porquanto entre Clube e SAD existem transfrerências anuais de activos entre as duas empresas.
Um relatório desta natureza é perfeitamente viável e até desejável, dado que possibilitará a análise das receitas e das despesas de cada cento de custos, uma vez que cada modalidade, a parte administrativa e a conservação das instalações mais não no seu todo que um somatório de centros de custos, possiblitando várias ilações a retirar:
1. da justeza ou não da mensagem de que tais modalidades são auto-suficientes
2. da aplicabilidade de rácios económicos ao desempenho despotivo desportivo anual por cada modalidade
3. da imputção dos custos fixos aos diversos centros de custos
Em suma teríamos, isso sim, um Relatório e Contas com base numa contabilidade analítica de exploração, o qual faz todo o sentido até pelos números apresentados de actividades extra-desportivas ou complementares da actividade principal do Clube.
Vejamos:
1. o bingo registou, per si, um volume de receita de 17 milhões de euros (está omiso, tanto quanto li o desenlace do roubo de cerca de € 100.000, de que resultou o pedido de demissão de Jaime Vieira de Freitas)
2. o bar do bingo teve uma prestação de 10% superior, não se mencionando o valor de tal melhoria de arrecadação de receitas
3. as receitas butas de tesrouraria tiveram um encaixe de 21,68 milhões de euros, nos quais estão incluídos os valores do bingo
4 dentro destas receitas, 74,9 % são consideradas prestações de serviços e 18,7% extraordinárias.
Quando se chega ao balanço propriamente dito, fica-se sem conhecer que valores foram atribuídos aos bens corpóreos do Complexo Desportivo do Restelo, havendo um desequilíbrio entre o imobilizado e o capital próprio.
O Movimento Associativo
Aqui é que a porca torce o rabo.
O Relatório apresenta-nos um número algo confrangedor de sócios, ou sejam, 19.156 associados.
Ainda não fazem muitos anos que foi feito a actualização do ficheiro de sócios, com a atribuição de novos números, sendo, também, certo que o ano transacto ao ter inscrito a minha neta, a quem foi atribuído de 28.043, pensei muito legitimamente que estava a haver um crescendo do número de associados.
Pelos vistos teremos de descontar 9.000 sócios que o Belenenses teve arte e enjenho de ver fugir, situação esta que obriga a imediatas acções de reabilitação de ex-associados, cujo tema me é muito caro pelo facto de viver no dia a dia com pessoas que são do Belenenses, mas não se sentem atraídas a regressar á condição de sócio.
O mais incrível é que no Relatório não se apresenta uma causa concrecta, com grau de absoluta certeza da razão do decréscimo de associados, mais se refugiando na conjuntura sócio-económica de crise continuada.
Será?
Ora se o Relatório admite que os valores de quotização não são nominalmente elevados, porquê, então, a sangria de tantos associados em tão poucos anos?
Não será melhor, eventualmente, apontar o dedo à gestão desportiva, via Futebol para se observar a sangria do movimento associativo?
Preocupação Final
Se olharmos onde são aplicados os fundos, verificamos que o Belenenses tem uma máquina pesada.
E tanto assim que cerca de 1/3 dos gastos vão para pessoal.
Esta questão, aliás, tem-me feito repetir até exaustão que uma máquina pesada não é de todo nada flexível para a prossecução dos fins desportivos, porquenato há sempre a dependência de alguém para se fazer algo, havendo, também, um malbaratar de atenções noutras direcções que não sejam os exigidos.
E lá está: 32% dos custos em pessoal. Ou são muitos ou, sendo poucos, ganham bem.
O Lucro do Exercício
Olha-se para o resultado do exercício e lá temos um lucro de € 493.000, o que é razoável para uma Associação sem fins lucrativos.
Lembremo-nos, porém, dum episódio que contribuíu para tal lucro: o recebimento de € 600.000 pelo "negócio Paulo Madeira" que é um ctivo do Clube e não da SAD, dada a sua inexistência jurídica à data do incício do processo, fora do âmbito judicial.
Se asssim não fosse, teríamos tido prejuízo.
Saudações Azuis.



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