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A diferença está no branco



Por aqui me queixo diversas vezes da gritante falta de tempo que me leva a encurtar certos artigos. As antevisões dos jogos são alguns desses artigos. No caso do jogo de hoje até calha bem, pelo simples facto que a história do nosso adversário de hoje é sobejamente conhecida por muitos de nós.
Assim e para hoje gostaria de me centrar num assunto em especial: a aparente relação de amor-ódio entre Belenenses e portistas. Desde logo assumo que sou dos que tratam Porto, Sporting e Benfica por igual, como adversários. E gostaria muito que fôssemos acérrimos rivais, mas o andar dos tempos encarregou-se de arranjar outros rivais para o Belenenses (basta olhar para a nossa classificação). Sobre Sporting e Benfica talvez tenha algum outro rancor, uma vez que as "facadas" de vizinhos não se tomam tão bem.

Ao que parece e nos primeiros anos do Belenenses o nosso clube gozava de grande estima entre os portuenses, situação que se manteria ainda por muito tempo e justifica aliás o número ainda bem visível de "pastéis" na Invicta. Uma vez que nessa altura não existia ainda campeonato como tal (todos contra todos a pontuar), a única possibilidade de encontros ficava reservada para o Campeonato de Portugal, competição em formato Taça que juntava os campeões regionais, ou para jogos amigáveis. E as visitas da primeira equipa do Belenenses ao Norte passaram a ser aguardadas com sincero entusiasmo e empatia.
Porém e também desde cedo se revelou a outra "face". Já aqui referimos (quando do jogo com o Marítimo), o Belenenses chegou a recusar que a disputa da final do Campeonato de Portugal de 1925/26 fosse no Porto, alegando que os portuenses estariam sempre pelo adversário, contra o clube de Lisboa. Depois lá se fez o jogo no Porto, sendo que o Marítimo ganhou o seu campeonato num jogo muito estranho (como referimos há dias). Os portuenses, esses, não mostraram preferência em especial (recorde-se que o Marítimo havia goleado o FCP na meia final).

Avançando bastante no tempo e recorrendo já à minha experiência pessoal, guardo boas e más impressões dos portistas.
Uma das más marcou-me bastante. Foi no tempo em que surgiram as primeiras claques e o Porto já contava com uma, quando calhou visitar o Restelo. Como podem imaginar, antes de existirem claques (ou onde elas não existam hoje) só haviam coros de "buuus" e coros de insultos que redundavam em "bruaaas". E embora já não fosse jovem e conhecesse já bem certo vocabulário, foi com surpresa e choque que ouvi dezenas de portistas, antes do jogo e sem provocação, a gritarem "f***** ** ****!" para os nossos adeptos. Hoje em dia é coisa banal, mas imaginem assistir a uma primeira vez.
Uma das boas recordações também me marcou bastante, embora se refira a uma só pessoa. Já foi há vários anos, tinha por vizinho nos cativos um senhor com... bastantes mais jogos vistos que eu, por assim dizer. Acontece que o dito senhor era portuense e como tal também meio-portista. Porém e porque há muitos anos residia em Lisboa resolveu ser do Belenenses (diria bem mais que "meio"). Recordo com saudade esse excelente vizinho e indefectível adepto do Belém, pois creio que já faleceu também há vários anos. Era uma entre muitas provas que essas tais guerras Norte-Sul são como quaisquer outras guerras: a única certeza é que vão haver mortos e feridos. Curiosamente o sogro de um nosso amigo aqui do Canto era também portuense-pastel (fiquei sempre a pensar se não seria o meu vizinho de cativo? Seria?).

Mas se o Porto instituição - grande e antiga - é uma coisa, o Porto de Pinto da Costa por vezes é outra. E sobre esse já só recordo o jogo da 1ª mão.
Espero que não levemos com um apito azul e branco para acerto de contas no saldo global dos apitos.
E quanto à homenagem ao Pepe, singular e louvável nos tempos que correm, recordo também o que aqui escrevi depois do jogo do Dragão. Sem um relacionamento honesto entre instituições e sem que seja uma homenagem sentida, não faz sentido. E quando digo sentida não basta ficar comovido ao pôr flores na estátua de um rapaz que morreu novo e envenenado. Tem que ser um momento de respeito, de respeito por José Manuel Soares, pelo Belenenses e pelo adversário que vão defrontar. Respeito não são agressões, jogo sujo e pressão sobre o árbitro.
Enfim, preferia talvez que fossem os adeptos do Porto a fazer a homenagem, nalguns casos seria mais sincera e exemplar.

Quanto à nossa equipa... Bom, o tempo manda. Tenho de ser curto: VAMOS GANHAR HOJE! Os azuis vão ganhar aos azuis E brancos, mesmo que com um azul mais "esbranquiçado" (do equipamento Pepe). Pelo menos na recepção ao Benfica o resultado lembrou outros tempos. Assim deixo um outro para lembrar, de 1941/42: Belenenses 7 - Porto 3 (infelizmente já não tínhamos o nosso Pepe há muito).



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