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Os 10 Mandamentos dos Árbitros



A arbitragem portuguesa vive uma preocupante crise de identidade.
É dessa crise de identidade que nasce, aliás, a crise de qualidade e a crise de credibilidade que assola o futebol nacional. E, se é verdade que a arbitragem portuguesa há muito vive mergulhada num nevoeiro denso, que nunca ou só raramente levanta, bem se pode dizer que a situação piorou dramaticamente com a saída de árbitros como Vítor Pereira e Jorge Coroado.
Pode ser que ninguém resista ao sistema, para usar uma terminologia pitoresca do nosso futebol, capaz de, por si só, desresponsabilizar quem, de facto, tem responsabilidades, mas é sempre bom contar com a personalidade e a competência de árbitros capazes de estar acima dessa tremenda alcateia de lobos que fustiga e dizima o numeroso rebanho.Coroado assinalava, no seu modo brusco mas certeiro, que o mal está em que aqueles que governam são, eles mesmos, governados. E de fora, como todos muito bem sabem mas fingem não saber.
É, aliás, ao nível dessas interferências brutais e despudoradas na arbitragem nacional que se afirma, cada vez mais, um universo caótico, onde faltam homens de coragem e sobram servos do império.A questão não parece tão difícil, assim, de entender.
Há um problema de identidade na arbitragem nacional, porque há um problema de personalidade nos homens que comandam os árbitros e autorizam, sem queixas e até solícitos, os desmandos e os impropérios daqueles que, verdadeiramente, não precisam de ser os comandantes para comandar.
Os próprios árbitros sabem tão bem isso que alguns deles se multiplicam em equilíbrios impossíveis, para melhor cumprirem os sagrados mandamentos da arbitragem portuguesa:
1 – não desagradarás aos mais poderosos;
2 – não ousarás afrontar os que aparecem mais vezes nos jornais, nas rádios e nas televisões;
3 – nunca admitirás que os mais pequenos sejam iguais;
4 – não colocareis, sequer, em dúvida que os grandes senhores têm sempre razão;
5 – não procurarás a salvação na defesa da dignidade pessoal ou do conjunto dos árbitros de futebol;
6 – respeitarás os que mandam em ti acima de todas as coisas;
7 – não deverás cobiçar o jogo do próximo;
8 – estarás sempre de acordo com aqueles que foram mandados para te julgar;
9 – mostra os cartões conforme o jogador;
10 – não revelarás, nunca, os segredos dos túneis dos estádios de futebol. E se assim tudo seguires e a tudo te conformares será teu o reino dos céus, que os nossos deuses do futebol, enfim, te oferecerão.



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