Voltar à Página Inicial

Belenenses como nós



Quando exercemos o nosso direito de escolha através do voto sentimos frequentemente um clima de confusão, temos dúvidas e procuramos razões. A confusão começa muitas vezes com o baralhar (fomentado até pela própria Comunicação Social) das noções de direito e dever. Votar é, evientemente, um direito de qualquer cidadão numa sociedade democrática. Poderá ser um dever, se a consciência de cada um assim o ditar, mas não é necessariamente um dever. Até porque existe o direito de não votar. Outra confusão muito frequente diz respeito ao significado de alguns tipos de voto, em particular o voto branco e o voto nulo que, em minha opinião, são claramente distintos no seu significado, ainda que pouco no seu efeito. As dúvidas resultam normalmente da diversidade de propostas de escolha, sobretudo quanto estas não são assim tão diversas ou não se lhes consegue associar a credibilidade necessária. Finalmente, a razão é aquilo que procuramos para justificar a decisão, mesmo sabendo que ninguém nos pode pedir justificações.

Todas estas considerações de carácter geral que acabei de tecer sobre o que a eleições diz respeito, se aplica obviamente àquelas que em breve vão ocorrer no Clube de Futebol “Os Belenenses”. Quanto ao direito de voto, está estatutariamente assegurado. Neste caso porém, eu próprio, que faço questão em considerar o voto como um direito e não como um dever, acho que é um dever de todos os belenenses. A abstenção às urnas só tem significado quando o acto eleitoral é uma farsa ou não está correctamente organizado, o que manifestamente não é caso. Não votar, nestas eleições, siginificará sobretudo uma atitude de desleixo, de indiferença em relação ao futuro do Clube. Espero, por isso, que no próximo dia 9 de Abril os belenenses dêm uma imagem da grandeza do seu Clube acorrendo massivamente às urnas.

Mesmo após a decisão de ir votar, que espero seja largamente maioritária, restarão naturalmete as dúvidas e as razões que poderão levar a fazer uma opção. Como todos sabemos, existem duas candidaturas e será tarefa de cada belenense fazer a respectiva avaliação e procurar as tais razões que fundamentem uma decisão. Quem considerar que uma delas reúne as condições suficientes para corresponder ao que deseja para o Clube, terá encontrado a opção a fazer. Quem, pelo contrário, não se reveja em nenhuma das candidaturas, poderá exprimir essa sua insatisfação votando nulo, ao exercer o seu direito de voto. Seja como for, e em que sentido for, o voto será sempre uma decisão do foro íntimo do eleitor, compete à sua consciência e não é passível, em minha opinião, de aconselhamento por terceiros.

No meu caso pessoal, como certamente terá acontecido a muitos outros beleneneses, passei (ou estarei ainda a passar?) pelas três fases que acima referi: confusão, dúvida e procura de razões para uma decisão. De uma coisa estava certo desde o ínicio, e continuo convicto: irei votar! Porque quem vai dirigir o CFB deve ser eleito e porque o futuro do meu Clube não me é indiferente, pelo contrário, interessa-me e preocupa-me muito. A confusão está ultrapassada. Mas como irei votar? Aí está a dúvida. Duas candidaturas se perfilam. Conhecidos os nomes que as integram e analisadas as respectivas manifestações de intenções (mais do que verdadeiros programas concretos, que nenhuma apresentou) não me consegui rever completamente em nenhuma delas, o que não admirará ninguém dada a minha conhecida conotação com o projecto Mendes Pinto, que não foi (ainda) desta vez que voltou a ser posto na balança do jogo democrático. Parece que poderá portanto concluir-se, pelo que acima disse, que vou votar nulo. Confesso que considerei essa hipótese. Acredito que muitos belenenses farão essa mesma opção, por razões semelhantes... ou por outras, e respeito a sua decisão. No entanto, no momento que o Clube atravessa, embora consciente do forte significado de um voto nulo, não creio que o seu efeito fosse benéfico para o Belenenses. Vou votar numa das listas concorrentes. Mas qual? E porquê? É aí que entram as razões...

Escrevi há tempos, num dos artigos da série que dediquei às eleições, que no dia 9 de Abril tínhamos de votar com a cabeça... mas também com o coração. Não conheço ninguém da lista Mendes Palitos. Nenhum nome (com todo o respeito, naturalmente) me é familiar, parecendo-me antes um conjunto de coelhos tirados de uma qualquer cartola, já algo amarrotada, numa sessão secreta de ilusionismo realizada nos insondáveis bastidores do poder no Restelo. Da lista Cabral Ferreira tenho o privilégio de conhecer três pessoas. O Armando (o Cabral Ferreira, propriamente dito) desde os nossos seis anos da nossa já longínqua instrução primária (também não tão longínqua assim, que não somos tão velhos como parecemos – desculpa, Armando), contacto que se manteve no Liceu e depois na Universidade, e, é claro, no nosso Restelo. As outras duas pessoas, o Vítor Ferreira e o Miguel Barreiros, conheci-as, há menos tempo, no local “próprio”, ou seja no local onde também encontro o Armando – o Estádio do Restelo. Apesar de ser mais curto o tempo de convivência com estes dois últimos, não é menor a empatia que nos liga. Mas o mais importante nem é o facto de os conhecer pessoalmente. O mais importante é que eles são belenenses como nós. Quantos dos que andam pela ML e pelos blogues não os conhecem também? Eles também fazem parte, como nós, daqueles que nestes espaços compartilham as suas preocupações, daqueles que vão aos almoços da ML, daqueles que encontramos nas escadas de acesso às bancadas do Estádio de Restelo. É daqui que os conheço, é daqui que muitos de nós os conhecemos. Não dos camarotes VIP, de acesso reservado, onde não costumamos entrar. Eles são belenenses como nós!

É por estas três pessoas, o Armando, o Vítor e o Miguel, que vou votar na lista que integram. Não estou convencido – já o disse a eles próprios – que sejam a solução ideal para o Belenenses (ninguém será...), mas acredito que são a melhor na actual conjuntura. Sei que me posso dirigir a eles para oferecer o (pouco) que de bom possa fazer pelo meu clube. Sei também que me ouvirão quando quiser expressar o meu desacordo em relação a decisões que tomarem. Desejo-lhes as maiores felicidades (que, aliás, são para o próprio Clube) e espero que eles consigam levar a cabo algumas das muitas mudanças que considero urgentes no Clube de Futebol “Os Belenenses”.

Quando for votar no dia 9, levo a cabeça. Mas voto com o coração. Voto em belenenses. Em belenenses como nós.

Saudações azuis.



Enviar link por e-mail

Imprimir artigo

Voltar à Página Inicial


Weblog Commenting and 
Trackback by HaloScan.com eXTReMe Tracker