O emplastro

No decorrer desta última semana, os corpos sociais do Belenenses entenderam por avisado fazer publicar na imprensa desportiva uma nota respeitante a insinuações ligeiras que o candidato Mendes Palitos havia pronunciado sobre o projecto imobiliário do clube, dando a entender que no dito cujo se escondiam objectivos contrários aos superiores interesses do Belém. Sendo que já foi assim mas não será agora - e para além do "absurdo táctico" de atacar Cabral Ferreira pela obra feita - a resposta me pareceu correcta, merecida e necessária, não fosse haver um emplastro entre os signatários. Na verdade, juntamente com os presidentes da Direcção, Mesa da Assembleia Geral e Conselho Fiscal, lá aparecia o presidente daquela aberração que responde pelo nome de Conselho Geral e cuja utilidade não se lobriga, para além de numericamente se constituir como mais uma assinatura para estas coisas, o que para além do mais será estatutariamente inqualificável, na medida em que ao dito Conselho não caberia fazer política. Mas atendendo a quem o preside, tudo dele se pode esperar e nunca será demais.
Perfeitamente desadequada no tempo, esta pretensa amostra de Senado - que a bem do Clube importa extinguir o quanto antes - para mais não serve do que para manter o status quo dos (piores) interesses instalados. Não deixa aliás de ser assustador que sejam alguns dos próprios membros do Conselho a dizê-lo à boca pequena, que nunca dentro de portas. Ora: para que serve o mamarracho? Se fosse possível entendê-lo como entidade pacificadora e aglutinadora, nunca poderia ter a presidir o dr. Regueira, divisionista de primeira linha; muito ao contrário, que para incendiários já basta o sócio comum. Observem-se os últimos quinze anos do estabelecimento: quando se pretendia apagado, fez por aparecer; quando era necessário ter-se mostrado actuante, foi complacente; quando se devia ter constituído como uma reserva moral, fez-se protagonista...
E apesar da ausência de justificação para a sua existência - seria interessante ouvir as candidaturas em relação à manutenção desta coisa... - sobrevive ano após ano, sendo que as candidaturas ainda apresentam nomes para inacreditavelmente lhe aumentar o recheio. Não se percebe: é uma espécie de Conselho de Nobreza, mas sem Rei nem roque...