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Frente a Frente - III



E cá estamos nós para aproveitar e analisar as entrevistas dos candidatos ao jornal Record, desta vez a terceira ronda das séries de cinco questões. Um pouco à semelhança da semana que findou, este terceiro “frente-a-frente”, em boa verdade, pouco aquece ou arrefece.

No entanto e sem prejuízo de outro artigo, permitam-me divulgar os resultados de uma sondagem efectuada na Mailing List, o mais antigo espaço de debate “virtual” dedicado ao Belenenses. Os critérios de acesso e votação nesta sondagem são relativamente rigorosos no que à protecção de “batota” diz respeito, como quem conheça ou queira conhecer o serviço em causa (Yahoo Groups) poderá comprovar. De facto, a probabilidade de votos “repetidos”, tendo em conta a actividade de subscrições que decorreu durante a sondagem, é diminuta ou até nula (mas isso só Deus sabe, e é para quem acredita). Aqui ficam os resultados, sendo que a cada votante corresponde um voto:

Abstenção - 1 abstenção (2% do total)
Lista A: António Rodrigues Mendes Palitos - 7 votos (16% do total, 17% dos votos)
Lista B: Armando José Cabral Ferreira - 30 votos (71% dos votos, 73% dos votos)
Votos em Branco - 2 votos (4% do total, 5% dos votos)
Voto Nulo - 2 votos (4% do total, 5% dos votos)
Indecisos(as): 0


Mas agora vamos então a mais um “frente-a-frente”.

O Tema: A Área Financeira e o Bingo.

Record - Como classifica a situação financeira do clube?

Mendes Palitos - Não temos conhecimento da situação financeira do clube. O que sabemos é o que nos é transmitido através dos balanços e dos relatórios. Só quando entrarmos é que faremos um exame exaustivo da situação financeira do Belenenses. A verdade é que não podemos estar bingodependentes. Temos de arranjar e inventar soluções para que o clube passe a ter outras fontes de apoio. Mas queremos manter o bingo como um dos melhores, senão o melhor do País.
Comentário: Na evidente impossibilidade de dizer que as finanças do Clube estão num caos, Mendes Palitos preferiu esta abordagem. Bem sei que há 1001 maneiras de os “balanços” e “relatórios” não reproduzirem fielmente a situação financeira ou de esconderem “buracos”, mas não é disso que se trata. À boa maneira dos governos nacionais, nada melhor do que dizer aquilo, ou seja, o estado das finanças será o que eles disserem que é depois de eleitos (se o forem). Será então e de preferência “mau” ou “caótico”, que é para ter uma fasquia mais baixa para alcançar. Aqui nada de novo.
Quanto ao combate à bingodependência, é um discurso igual ao de tantas Direcções anteriores. Curiosamente só esta última (de Sequeira Nunes) conseguiu avançar com um projecto nesse sentido. Mendes Palitos já disse que não é contra o projecto imobiliário, que quer rever este projecto imobiliário, mas também já disse que pretendia aproveitar as áreas em causa para equipamentos desportivos. Qual será então o projecto imobiliário que Mendes Palitos vai desencantar? E onde? E outras alternativas, não estão já pensadas (“Temos de arranjar e inventar” – a parte do “inventar” é especialmente curiosa)?

Cabral Ferreira - Vivi situações muito dolorosas no Restelo há 10 anos, pelo que, neste momento, terei de dizer, obrigatoriamente, que a situação financeira é muito boa. As últimas direcções fizeram um belíssimo trabalho, respira-se tranquilidade, pelo que espero continuar a proceder do mesmo modo e, assim, contribuir para o equilíbrio financeiro do clube.
Comentário: Pelo que pude conhecer, também tenho poucas dúvidas que o Belenenses anda financeiramente mais “certinho”. Mas não espero que Cabral Ferreira faça o mesmo. Gostaria de ter um “desíquilíbrio financeiro” no Clube, para melhor, para proporcionar um fortalecimento extra, uma maior capacidade para investir.


Record - Há dependência do bingo?

Mendes Palitos - Não vale a pena estar a escamotear a situação, ou seja, a dependência do clube em relação ao bingo. Queremos é evitar tanta dependência e arranjar, futuramente, outros suportes financeiros para o Belenenses.
Comentário: Mas quem é que pensou que valeria a pena “escamotear” a situação? O reconhecimento da bingodependência está no discurso de candidatos e dirigentes há uns anitos valentes. Aliás é irónico, o grande e saudoso Acácio Rosa foi curiosamente um acérrimo crítico da abertura do Bingo por Mário Rosa Freire. Mal saberia ele que, alguns anos depois e sem o dito Bingo, o ecletismo (e o próprio Clube em boa medida) já poderia ter acabado.
Voltando à resposta de Mendes Palitos, nada de novo. Aliás a própria questão é quase de retórica.

Cabral Ferreira - Somos bingodependentes, é ponto assente. E o bingo é uma importante fonte de rendimento. A grande missão consiste em tornar o Belenenses menos bingodependente. Sei, como aliás já disse ao vosso jornal em anteriores apontamentos, que isso pode fazer-se através do projecto imobiliário. Além disso, sublinho que temos de manter o bingo em condições, até porque este ano procede-se à renovação da concessão da exploração. Algo que obriga a enormes cuidados. Será, sem sombra de dúvidas, um dos "dossiers" que implica maior atenção.
Comentário: O mesmo que para Mendes Palitos, no fundo, também nada de novo.


Record - Existe a necessidade de obter receitas extraordinárias?

Mendes Palitos - Há, de facto, necessidade de obter receitas extraordinárias e nós já estamos a estudar esse problema e estamos convencidos de que vamos conseguir outras receitas extraordinárias para além daquelas que têm sido conseguidas. Tudo isto se prende com o desenvolvimento, com o aumento da capacidade e com a maior visibilidade do clube. Se o Belenenses tiver maior visibilidade, é natural que tenha melhores patrocínios. Estamos a pensar e a estudar eventuais ligações a quem possa ajudar-nos nessa vertente.
Comentário: A pergunta quase merece uma reposta à “La Palisse”. E é praticamente isso. Quanto à visibilidade e patrocínios, parece-me bem, aliás a exemplo das receitas
“que têm sido conseguidas”. Quanto às “ligações a quem possa ajudar-nos nessa vertente”, fiquei sem saber para quê. Para angariar patrocínios? Para patrocinar? Para fazer publicidade do Clube? São hipóteses, umas melhores que outras.

Cabral Ferreira - Todas as receitas extraordinárias são bem vindas. É evidente que através da área comercial também é possível criar novas receitas, de uma forma progressiva, apostando na intensa actividade desportiva e nos melhores resultados, nomeada e principalmente no futebol.
Comentário: Também responde com o óbvio. Mas gostei do destaque para a importância dos resultados do futebol. Resta saber qual é a ambição subjacente. A minha seria conseguir disputar a Champions League... Duvido.


Record - Está receptivo a parcerias?

Mendes Palitos - Parcerias? É óbvio que estou receptivo a parcerias, desde que sejam benéficas para o clube. Hoje em dia só um louco é que está contra as parcerias... e nós não fazemos loucuras.
Comentário: Não sei qual era o verdadeiro alcance da questão. A resposta é óbvia (embora os “detalhes” nunca o sejam). Mas Mendes Palitos aproveitou para chamar loucos não sei a quem (ainda bem).

Cabral Ferreira - Por definição, as parcerias são benéficas para as partes respectivas, pelo que isso implica uma análise cuidada do assunto. E essas parcerias poderão tomar diversificadíssimos aspectos. Importará é defender, sempre, os interesses do clube.
Comentário: Idem, sem mais detalhes ficamos na mesma. Poderíamos ter 50 candidatos, diriam todos o mesmo. Neste caso temos dois.


Record - Prevê alguma operação de marketing?

Mendes Palitos - Existem varias operações de marketing que estão pensadas e que estamos a começar a desenhar. No entanto, só as poderemos por em pratica depois da tomada de posse. E espero que a tomada de posse aconteça nos primeiros dias de Maio, sinal da vitória da lista A nas eleições.
Comentário: Pois, estas perguntas da ronda 3 não dão muitas oportunidades de esclarecimento. Mendes Palitos afirma que tem várias operações, quem sou eu para dizer que não. Naturalmente não as porá em prática antes de tomar posse (?).

Cabral Ferreira - As acções de marketing têm de ser uma constante, para recuperar adeptos, captar sócios e praticantes, levar mais público aos jogos. E vamos vincar uma imagem de uma grande marca, moderna e atractiva, tirando partido dos êxitos desportivos e adaptando-a aos associados, que devem identificar-se com essa imagem.
Comentário: Hum, hum... também ficamos sem saber que acções de marketing são. No entanto cabral Ferreira enumera bem os objectivos das tais acções, em que destaco o “tirando partido dos êxitos desportivos”. E que melhor ferramenta de marketing do que ter uma equipa de futebol arrasadora? Ou afinal não é disso que está a falar?


Enfim, as perguntas desta vez não permitiam evitar respostas vagas. E tendo em conta que as principais áreas referidas (finanças e marketing) não são propriamente a especialidade de nenhum dos candidatos, não se poderiam esperar respostas mais “sofisiticadas”. Por outro lado e em coisas de negócios, o segredo é importante. Mas é para o bem e para o mal, às vezes.
Longe de mim pensar que algum candidato prometeria um clube “rico”. Tipo “estamos a pensar vender isto tudo ao Abrahmovic” - não vejo muitas mais hipóteses. Excluindo claro a venda de 1/3 do Complexo Deportivo e afins, mas isso são contas de um dos candidatos. Se calhar queria vender 1/4 e ficar bem na “pintura”, mas se calhar já descobriu – finalmente - que o actualmente proposto é 1/25.
Resumindo, por este “frente-a-frente”, parece-me sensato dizer que ficamos na mesma. Embora só um dos candidatos tenha referido expressamente o “equilíbrio”.

Assisti à integralidade do debate realizado na última quinta-feira entre os candidatos na rádio TSF, sobre o qual retirei naturalmente algumas ilações. No entanto e por questões de agenda “interna” provavelmente abordarei esse debate (e já agora também o debate que está previsto para 2ª feira na Sport TV) em dia posterior. Mas posso adiantar que não ouvi grandes novidades.

Por indisponibilidade do meu caro colega de redacção mais “domingueiro” amanhã abordarei um tema que entretanto tem andado meio esquecido. Ah, pois, amanhã há jogo! E o nosso “mister” a pensar que ia ter folga... ainda por cima quando o nosso maior fã dele aqui no Canto é que está (risos).



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