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Navegadores, pois claro!



Num dos últimos artigos do seu excelente blog (o Belenenses Timor) o nosso consócio Alfredo Azinheira retoma uma interessante discussão sobre a denominação dos adeptos (e atletas) do clube.

De outros clubes grandes é bem conhecida e óbvia a associação entre adeptos/jogadores com os animais que ornamentam os respectivos símbolos. Assim chamam-se as águias (em vias de extinção por cá), os leões (desde sempre só no Jardim Zoológico) e os dragões (estes então nunca existiram). Semelhante coisa nunca se passou no Belenenses, porque em boa hora e sensatamente os adeptos e jogadores do nosso Clube logo desde o início tiveram denominação e símbolos "humanos": "Os Belenenses", com a Cruz de Cristo ao peito. Numa primeira instância isso nunca mudará. Contra águias, leões e dragões seremos sempre e em primeiro lugar "Os Belenenses".


No entanto esta coisa de ter animais e/ou designações "paralelas" tem alguns efeitos colaterais interessantes. No sentido em que pode ser considerado uma mascote, um animalzinho é bastante apelativo e "vendável", sobretudo junto das crianças. Por outro lado existem certas designações (as "paralelas") que criam maior entusiasmo em torno do grupo. Não é preciso ir muito longe. Relativamente a atletas, temos no Belenenses os "Conquistadores", os "Guerreiros", os "Tubarões" (havendo ainda uma associação, não sei se oficial, do Rugby aos descobridores). A lagartada agora anda com a dos "Indomáveis".


E nós? E a nossa equipa de futebol, que infelizmente como designação exclusiva por vezes apenas recebe insultos ("cambada" disto e daquilo)? Aí surge a questão central que o nosso consócio Azinheira abordou. É que aqui há uns tempos, precisamente com a intenção de criar uma mascote azul (mas nunca um símbolo, que é e será sempre a Cruz), lá surgiram os golfinhos. Relativamente a águias, leões e dragões, o porquê dos golfinhos é de fácil e compreensível justificação. Os golfinhos nadavam no Tejo, à frente de Belém; os golfinhos são animais de grande inteligência... embora não seja especialista, arriscaria dizer que a inteligência de um deles equivale à de umas quantas águias e leões juntos (já a inteligência de um dragão nunca foi naturalmente mensurável).


O problema é que, como todos sabemos e o nosso consócio bem aponta, o golfinho é facilmente conotável com aquilo que os Belenenses mais ferrenhos... mais abominam: a "simpatia". Ou seja, "giros" mas inofensivos... até mesmo domesticáveis e obedientes. Ora se toda esta simpatia e candura, repito, podem ser apelativas à criancinha que segura um peluche (por aí concordo com a manutenção dos golfinhos), em pouco nada assenta a uma equipa e uma massa de adeptos que se querem ambiciosas e famintas de vitórias, isto é, nada simpáticas para os adversários (ainda que no melhor sentido, sem atitudes anti-desportivas). Muito menos quando os ditos peluches são aproveitados como presentes para cerimónias/eventos ao mais alto nível, como nos insólitos casos que o consócio Azinheira nos dá a conhecer. O Belenenses que outrora até imagens do Infante D. Henrique e caravelas em filigrana oferecia...
O cúmulo da simpatia faz lembrar a peregrina (felizmente abandonada) idéia de transformar a "Fúria Azul" em "Alegria Azul", passando de claque de futebol... a pitoresco rancho de cantares, muito provavelmente.


Assim sendo, expresso aqui o meu inteiro apoio à sugestão do consócio Azinheira, de adoptarmos a designação de "Navegadores". As razões que favorecem tal designação são quase infinitas e superam em carga simbólica qualquer animal (incluindo os da concorrência), estando mesmo relacionadas com os maiores e mais reconhecidos feitos e símbolos do nosso país. De Belém partiram homens como Zarco, Gonçalo Velho, Perestrelo, Gil Eanes, Bartolomeu Dias, Pedro Álvares Cabral e Vasco da Gama (ainda por cima conterrâneo do Canto Azul ao Sul, como comprovará o Luís Oliveira), em direcção aos quatro cantos do Mundo, a Belém também regressando com todas as suas glórias. Ostentavam a nossa Cruz, a Cruz da Ordem de Cristo, por mão do Infante D. Henrique sucessora da Ordem dos Cavaleiros Templários e então destinada às cruzadas de além-mar. De Belém partiram Gago Coutinho e Sacadura Cabral, também eles navegadores, para fazer história da nossa aviação. Em Belém temos por vizinhos os maiores e mais belos monumentos em honra da epopeia marítima. Foi do azul dos mares sulcados e da Cruz que nasceram os símbolos e o azul do nosso Belenenses. Azul que também é o do céu, céu de bonança e boa esperança dos navegantes.


Para trás águias, leões, "indomáveis", dragões, panteras, cangurus ou até sanguessugas, aí estão os bravos, indómitos, destemidos, intrépidos, corajosos, audazes, ousados, gloriosos e vitoriosos... NAVEGADORES!
Aqueles que não recuam perante o perigo, não temem o desconhecido e para quem o Mundo não tem limites!
Sejamos nós e seja a nossa equipa de futebol, afinal aquela que nos representa ao mais alto nível (como sempre representou), indissociável e incontornável alma do Clube.



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