Voltar à Página Inicial

"Eu, Carolina" - Parte I (O Amor é tão lindo...)



Recebi no meu mail aquilo que é suposto ser a transcrição da famosa obra literária que envolve um dos mais prestigiados dirigentes de clube, agora passada a filme e como a maldita da perna direita não me deixa ir ver o filme ao cinema lá terei de esperar pelo DVD.
Vale a pena a gente rir um pouco, aos poucos.
Comecemos pelo início de uma história de amor à primeira vista.
"Foi também no Calor da Noite que conheci pessoas muito influentes da nossa sociedade, tal como o senhor Reinaldo Teles, que era um cliente habitual, bem como vários responsáveis da SAD do Futebol Clube do Porto, como por exemplo o doutor Fernando Gomes, um homem muito reservado, de olhar inteligente.
A acompanhar este grupo vinha, quase sempre, o senhor Joaquim Oliveira, proprietário de um grande império ao nível dos media, onde se incluía uma estação de televisão, a Sport Tv, e um jornal desportivo, O Jogo. Faltavam poucos anos para acrescentar aos seus haveres, títulos como o Jornal de Notícias, o Diário de Noticias e o 24 Horas., o que lhe viria a conferir um domínio sobre parte significativa da dita comunicação social.
O senhor Joaquim Oliveira apresentou-se sempre perante mim como muito culto, humano, bem-educado e de diálogo fácil. A sua presença no Calor da Noite era sempre sinónimo de festa de arromba. Como era sempre ele que pagava a despesa, os outros aproveitavam para beber champanhe à vontade sem se preocuparem com custos.
Adorava ouvi-lo falar dos seus negócios e de tudo o que se passava em Lisboa, visto que por lá levava grande parte da sua vida profissional.
Uma certa noite, por sugestão do meu patrão, que nunca perdia oportunidade para fazer negócio, dirigi-me a uma mesa ocupada por empresários ligados ao futebol, por isso mesmo muito lucrativa. Aqueles clientes importantes e ricos queriam conhecer-me. Fui para lá.
O senhor Reinaldo Teles perguntou-me, de imediato, se eu gostava de futebol e se o conhecia. Eu respondi: «Gosto, mas não o conheço. Deveria conhecê-lo?» Ficou meio envergonhado, mas não desistiu de meter conversa.
«Qual é o teu clube?», perguntou-me. Respondi: «Boavista e Futebol Clube do Porto.» O meu pai sempre foi boavisteiro do coração e eu, de pequenina, simpatizava com o emblema. No entanto, as vitórias internacionais do FCP fizeram-me pender mais para os azuis e brancos. Mas eu não estava ali para dar troco ao senhor Reinaldo Teles, facto que ele percebeu perfeitamente. Alegou, então, que se fosse presidente de um desses clubes certamente eu o conheceria, o que provocou uma gargalhada geral nos ocupantes da mesa.
E insistiu: «Não vês os jogos na televisão? Costumo estar sentado no banco. Nunca reparaste?» E eu ripostei, sem me desmanchar: «Não me diga que é o apanha-bolas!?» Desta vez, as gargalhadas foram provocadas por mim. Apercebi-me que não achou graça nenhuma, que se sentiu humilhado, mas mesmo assim quis ter a última palavra. «Gostas do presidente do meu clube? Trago-o cá e apresento-to e já lhe podes pedir um autógrafo.» Eu sorri, mas não acreditei.
Entretanto, com os dois empregos, o cansaço, tanto físico como psicológico, já era extremo porque o único dia que tinha para descansar era o domingo. Todos os momentos disponíveis, e não eram muitos porque quando chegava a casa eles já estavam a descansar, aproveitava para os usufruir junto dos meus filhos. Do ponto de vista financeiro, a minha aposta estava a resultar em cheio. Numa semana, no bar, eu facturava tanto como num mes inteiro a trabalhar de hipermercado em hipermercado. Passava a vida a fazer contas e a projectar o momento em que pudesse ter uma vida mais tranquila. Já não faltava muito, pensava com optimismo. A minha única tristeza era que o meu pai e o meu irmão não falavam comigo.
Passada cerca de uma semana da visita do senhor Reinaldo Teles, estava eu a dançar na pista a dita música do Sting minha preferida, quando, e qual é o meu espanto, me apercebo que tinha acabado de entrar o senhor Reinaldo Teles, acompanhado pelo presidente do Futebol Clube do Porto, o senhor Jorge Nuno Pinto da Costa. As minhas pernas começaram a tremer, senti um frio no estômago e tive que sair da pista de dança.
Fiquei feliz, mas, ao mesmo tempo, completamente surpreendida e chocada por tão ilustre personalidade frequentar uma casa daquela natureza.
Refugiei-me na casa de banho, na tentativa de me esconder, mas, depois desta primeira reacção, resolvi enfrentar a situação e dirigi-me para a mesa do meu patrão, como era costume. Para lá se dirigiu também o senhor Reinaldo Teles com o intuito de me convidar a sentar na sua mesa, ao que eu acedi. Estava de pé, à nossa espera, o senhor Pinto da Costa, que se preparava para me cumprimentar com um beijo na cara, mas eu estendi-lhe a mão, como fazia com os outros clientes. Senti-o constrangido com esta minha atitude e fiz questão de me retirar, no que fui impedida pelo senhor Reinaldo Teles.
Insistiu para que ficasse na mesa deles, até porque o presidente tinha vindo com ele para me dar «um autógrafo», recordação na qual eu estaria muito interessada. Neguei quanto pude tal interesse, mas um dos empregados da casa, vendo-me tão embaraçada, foi buscar um ticket da caixa registadora e uma esferográfica que o senhor Jorge Nuno utilizou prontamente, dando-me o tão controverso autógrafo. Ao contrário do que era meu hábito, sentei-me não em frente, mas ao seu lado, incapaz de proferir palavra, notando que também ele tinha as mãos e as pernas a tremer. O senhor Reinaldo Teles interveio para quebrar o gelo, dizendo: «Esta é que é a Carolina», indício óbvio de que eu já tinha sido assunto de conversa entre os dois. A ausência de diálogo entre mim e o presidente mantinha-se e, apesar de estarmos lado a lado, apenas nos olhávamos. Até que se rompeu o silêncio. Como todos os demais clientes, o senhor Pinto da Costa resolveu perguntar-me o que estava eu ali a fazer. Mas nem respondi, porque não me deu tempo. Ao contrário dos outros, fez-me sentir à vontade e respondeu ele por mim, dizendo-me que aquele era um trabalho tão digno como outro qualquer e que eu era uma grande mulher, o que gostei de ouvir.
Falámos sobre as nossas vidas e perguntou-me onde trabalhava durante o dia. Contei-lhe tudo sobre a minha vida passada, os meus filhos sem pai e o meu emprego de dia. Soube, mais tarde, que ele foi confirmar tudo o que eu lhe dissera. Mostrou-se sempre muito compreensivo, valorizando-me. Enfim, admirava-me. Com o andar do tempo, passou a vir todas as noites ao bar. E, sem me aperceber, dei por mim, todas as noites, à espera que ele chegasse. Quando o via aparecer, estivesse onde estivesse, levantava-me e dirigia-me a ele. Já todos e todas sabiam que o Jorge Nuno era a minha companhia preferida.
Um dia, convidou-me para dançar. Como sempre, comecei por dizer que não sabia, mas não resisti e fui, o que despertou a atenção de todos. As nossas mãos transpiravam, as pernas tremiam... Previ que estava a nascer um grande amor e não me enganei. Dançámos três músicas seguidas e a sensação que tinha era que apenas existíamos nós, nessa noite não consegui dormir e encarei a realidade: não havia nada a fazer, estava completamente apaixonada. Mas seria que era capaz de viver um grande amor, eu que até tinha deixado de acreditar nesse sentimento? Insegura, perguntei-lhe depois o que pretendia de uma mulher como eu. Triste, perante a pergunta, respondeu que eu era uma mulher de grandes valores e princípios e que me admirava muito, o que me acalmou a ansiedade.Não havia ninguém em volta. Fez-me sentir uma verdadeira princesa.
."

Etiquetas: ,




Enviar link por e-mail

Imprimir artigo

Voltar à Página Inicial


Weblog Commenting and 
Trackback by HaloScan.com eXTReMe Tracker