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O passevit do Belenenses



Caro amigo Luís Oliveira,

Já me faz lembrar o patrício que no baile da sociedade nunca se calava e embasbacado repetia a todos "A minha filha balha muito bem"até que outro lhe responde "ora, baralha como as outras!"

Tenho lido as suas prosas e outras que não vêm ao caso, mas deixam-me com "a pulga atrás da orelha".

Vivo com a minha ignorância e quanto mais sei, mais ignorante fico por perceber que ainda mais me falta saber (onde é que eu já li isto?).

Não pertenço à sua classe e recuso-me a perceber os seus números do "2+2=4" do "4-3=1" e do mais elaborado à moda do SN que "4-3=-1" porque não pagou ao estado, etc.

Para mim de três buracos, se taparmos três meios buracos não ficamos com um buraco e meio, mas continuamos com três buracos, mais pequenos é certo mas não deixam de ser três buracos (contas minhas de mercearia).

É claro e evidente que o Belenenses é um "passevit" manual que não tem 3 buracos, tem todos os que lhe pertencem até porque o dinheiro ainda não chegou para o investimento na varinha mágica.

Como sabe se meter uma das suas unidades (chamemos-lhe orçamento) num "passevit", por baixo não sai mais que metemos por cima, aliás existem os resíduos que apenas um Salazar consegue recuperar (nem sei como não chamam ao instrumento Ferreira Leite).

O Belenenses é um clube de futebol e respeitando a função desportiva social que sempre assumiu de onde obtém um número significativo de sócios e meios inerentes a estas actividades.

Se as actividades desportivas amadoras de praticantes dão prejuízo, pela insuficiência de contribuição dos interessados, dos subsídios e patrocínios então encerrem-se essas actividades, apesar de ir dizendo que seria caso raro pela proliferação que vejo de ginásios por esse país fora.

Se as amadoras suportadas pelo clube não têm condições para suportar os custos das competições, pois encerrem-se que não existem meios para as manter.

Se as amadoras pagas, chamem-lhe semi-amadoras ou profissionais não têm retorno e o clube tem que investir um cêntimo nelas para além do custo inerente às instalações (e já é grande), pura e simplesmente fecham-se.

O Belenenses não pode estar refém no seu desenvolvimento e investimento por modalidades parasitárias, nem pode existir qualquer ponderação com base na tradição, da quintinha mais ou menos influente ou de um sócio a quem "muito se deve" (se devem paguem).

O Belenenses é um clube de futebol.

Se for necessário que se acabe com todas as amadoras.

Agora o que convinha mesmo é que os custos imputados e imputáveis a cada modalidade ou núcleo de praticantes fosse separado e suficientemente claro de modo a poder-se avaliar o custo real de uma modalidade, coisa que é impossível pelos papéis que já vi e é hábito apresentar.

É raro ver e ler as preocupações com as condições de sócios e adeptos para assistir a um jogo de futebol, onde os bancos de suplentes tapam a visão, não existe sanitários condignos, bares suficientemente apetrechados para uma bebida ou refeição, passagens (distância entre filas) minimamente largas para não incomodar toda a gente da fila, etc, etc.

Ora, se à falta de condições ainda falta espectáculo por parte dos intervenientes, o que é que o Belenenses quer vender?

Afigura-se claro que os adeptos preferem assistir no sofá ou no botequim da esquina aos jogos onde podem ver em melhores condições, terem comentários na hora, repetições e uma refeição sem chatices.

Como devolver o estádio aos Belenenses?

É o desafio desta direcção como das subsequentes e asseguro-lhe que não é com vinagre, como quem diz com estas condições deploráveis que vão atingir esse desígnio.

Muito do que tem dito e escrito é verdade e merece reflexão, mas daí a serem tomadas quaisquer medidas tendentes ao óbvio é falso.

Lia há dias num pasquim que andava o Janela a varrer as Câmaras para um centro de estágios. Ora, afinal que instrumento toca este tipo? Percebe de jogadores, de aspectos organizativos ou agora também é engenheiro ou advogado? Pelos seus escritos estou a ver que qualquer terreno serve desde que seja em Almada.

Pois bem, deixe dizer-lhe que essas coisas e independentemente da localização, implicam estudos que suportem o local, desde as acessibilidades, infra-estruturas, contrapartidas das edilidades, parcerias locais e apoios para partilha das instalações com eventos locais, existência de forte simpatia pelo clube, verbas disponíveis pelo clube, uma ideia concreta do que se pretende etc, etc.

Dá-me a sensação que no Belenenses não se escreve em cima do joelho, é mesmo na palma da mão.

Um abraço,

Zé dos Cucos

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