Uma entrevista de Gonçalo Brandão
Gonçalo Brandão, defesa do Siena, mostra-se orgulhoso pela primeira internacionalização e agradece ao técnico do Inter de Milão as indicações dadas a Carlos Queiroz. Aos 22 anos, diz-se fã de Bruno Alves, do futebol italiano, e confessa ter uma costela benfiquista
Correio Sport – Estreou-se na selecção nacional frente à África do Sul (vitória por 2--0). Como se sentiu?
Gonçalo Brandão – Bastante bem. Ao início foi complicado, estava um pouco ansioso, mas com o decorrer do jogo senti-me bastante confiante.
– O facto de ter sido um encontro de carácter particular retirou pressão?
– Não. Encarámos o jogo sempre de forma séria e em momento algum pensámos que era um particular.
– Como analisa as críticas feitas ao seleccionador nacional e a alguns jogadores depois dos recentes resultados nos jogos de qualificação?
– Injustas. Ninguém mais do que nós quer vencer e assegurar a qualificação para o Mundial o mais rápido possível. As coisas não têm corrido bem mas temos praticado bom futebol e as vitórias vão aparecer.
– Como foi conviver num balneário com jogadores como Cristiano Ronaldo, Ricardo Carvalho, Pepe, Deco...?
– Maravilhoso. São todos cinco estrelas. Deram-me muito apoio e puseram-me à vontade desde o primeiro minuto.
– Como reagiram os jogadores ao facto de Ronaldo ter dito que se todos fossem como ele Portugal já era campeão do Mundo? Disse isto na véspera do jogo com a Suécia (0-0)?
– Prefiro não comentar.
– Os jogadores estão com Carlos Queiroz?
– Não há razões para o contrário. Temos um grande grupo. Regressámos às vitórias – e tudo vai ser diferente agora.
– É verdade que quase não conhecia ninguém no segundo estágio na Selecção, para os embates com a Suécia e África do Sul [o primeiro foi com a Finlândia, jogo em que não foi utilizado]?
– (risos) Sim, mas agora tive a oportunidade de fazer mais amizades.
– Destaca algum colega em particular depois do que viu durante o estágio?
– Fiquei impressionadíssimo com o Bruno Alves, devo confessar. Está um craque de nível mundial e a jogar assim será titular em qualquer equipa do Planeta. Depois, gostei muito do Maniche, do Deco... Tudo jogadores de grande classe.
– Carlos Queiroz confessou, depois da vitória diante da África do Sul, que tinha apostado com alguns jogadores que 'faria a barba' quando Portugal voltasse a marcar dois golos. Quem foram os apostadores?
– Por acaso, não sei (risos). Só soube disso quando li os jornais.
– Formou-se como central mas tem sido utilizado como defesa-esquerdo. Em qual das posições prefere actuar?
– Não tenho preferência. No início considerava-me defesa-central mas agora é-me indiferente.
– Também na Selecção se estreou como defesa-esquerdo.
– Exactamente. Uma prova da confiança que o ‘mister’ Queiroz tem em mim e na minha polivalência.
– Por falar de estreias: estreou-se a titular com a camisola do Siena frente ao Inter Milão de José Mourinho (derrota por 2-1). No final, o técnico português elegeu-o como um dos melhores em campo. Como se sentiu?
– É motivo de grande orgulho. Estamos a falar de um dos melhores treinadores do Mundo. Falámos um pouco ao intervalo. Disse-me que estava maior [risos], mais forte e com grande personalidade a jogar. Fiquei muito feliz.
– Sente que essas palavras ajudaram à chamada à selecção principal?
– Sei que foi Mourinho quem me indicou a Carlos Queiroz. E só tenho a agradecer.
– Está em Itália já depois de ter experimentado a liga inglesa ao serviço do Charlton em 2005. Como foi a experiência em Inglaterra?
– Muito boa. Cresci imenso como jogador. É um campeonato muito evoluído.
– Tem saudades do Belenenses, clube onde se formou? Gostava, de facto, de regressar a Portugal?
– Nunca vou esquecer o Belenenses. Claro que gostava de regressar.
– Para actuar num ‘grande’?
- É o sonho de qualquer jogador. Não tenho preferência. O meu clube é o Belenenses. No entanto, quando era pequeno torcia pelo Benfica.
– Notou grandes diferenças entre o futebol português e o italiano?
– Tive a sorte de ter Jorge Jesus como treinador, o que me ajudou muito. Quase não senti diferenças. O ‘mister’ Jesus pode treinar qualquer equipa do Mundo. É muito evoluído em termos de treino e preparação de jogos. Um apaixonado pela táctica e pelo futebol. Os seus ensinamentos prepararam-me da melhor forma.
– Fala-se que pode estar a caminho do FC Porto...
– Que seja o melhor para ele. O FC Porto ou qualquer outro grande só ficarão a ganhar. É um treinador de topo.
PERFIL
Gonçalo Jardim Brandão nasceu a 9 de Outubro de 1986 (22 anos, 1,86m e 72 kg), em Lisboa. Formado nas escolas do Belenenses, onde se destacou pelo seu imponente jogo aéreo, seduz os olheiros do Charlton, que tudo fazem para garantir o seu empréstimo em Janeiro de 2005, então com apenas 18 anos. Regressa ao Restelo mas nunca consegue um lugar na equipa principal de Jorge Jesus. Volta a emigrar, desta feita para o futebol italiano, em que é um dos pilares da defesa do Siena.
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