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Carta Aberta a Viana de Carvalho sobre salários e afins



Caro Viana de Carvalho,

Como bem sabe, melhor que eu, os trabalhadores do Bingo do Belenenses reevindicam muito justamente os salários em atraso que o clube tem para com eles.

O signatário tem como princípio base nesta matéria algo semelhante como o pagamento da renda da casa no 1º dia útil de cada mês, nos termos do Código Civil ou no dito dia de S. Senhorio nos termos do Direito Consuetudinário. Ou seja sendo salários, sendo a renda da casa, o seu pagamento é sagrado.

Se assim penso, também assim o pratico nos casos em que tenho vindo ao longo de minha vida a intervir. Assim sendo, nos termos da legislação em vigor, ao longo dos muitos anos de dirigente da função pública justamente na área da habitação, raras foram as vezes em que tive dúvidas em colocar acções judiciais de despejo para os incumpridores no pagamento das rendas, em especial a partir de 5 meses de atraso.

Os trabalhadores do Bingo reinvidicam os seus salários. É justo!

Mas não sei se será justo termos cerca de 100 trabalhadores para explorar o Bingo.

Dou-lhe alguns exemplos e casos que conheço de forma directa ou indirecta:
O Vitória de Setúbal não tem mais que cerca de 30 trabalhadores no seu bingo e são mais as vezes que está fechado que aberto.
O Odivelas FC tem pouco mais de 40 trabalhadores no seu bingo.
O Estrela da Amadora, soube-se agora, não tem mais de 50 trabalhadores e também tem salários em atraso.

Aliás, nos termos dos relatórios periódicos da Inspecção-Geral de Jogos, todos os concessionários de bingos sabem da actividade uns dos outros e aí tais dados e outros podem ser confrontados e os trabalhadores sabem disso. Assim como sabem que se ocasionarem malfuncionamento da exploração do bingo, a licença pode ficar em causa.

Interrogo-me se acaso não deixaríamos de ter problemas na área dos salários dos trabalhadores do Bingo do nosso Clube se acaso redimensionassemos ou reestruturassemos a forma da exploração do jogo do Bingo. Serão necessários os tais 90 e tal trabalhadores que lá temos?

E, por favor, não me venha justificar o excesso de trabalhadores, notoriamente o dobro do normal para garantir a actividade, pelo facto de estar excelentemente localizado. Certamente que nenhuma actividade lucrativa como é o jogo de azar cuidará de ser instituição de beneficiência. Nem sequer a Santa Casa da Misericódódia de Lisboa pratica a beneficiência nos seus jogos de azar.

Seria bom para todos, a saber:
1. os que estão descontentes por receberem com atraso, na certa noutro local de trabalho ficariam com o problema solucionado;
2. os que lá ficarem, sabem que as garantias de receberem o seu salário a tempo e horas incrementou substancialmente;
3. para o Belenenses era menos uma fonte de chatices e bastava accionar a caixa registadora, termo este vocábulo sido utilizado pelo seu claro apoiante Mário Rosa Freire quando obteve a licença do bingo, e
4. para si, que deixaria, por tal motivo, receber a adequada medalha de prata do pasquim-mor da nossa praça, o qual, no entanto, goza das mais amplas liberdades no Restelo.

Vamos lá ver umas coisas que são recorrentes no nosso Clube e nem sequer necessito de aí andar para imaginar como são e estão as coisas, dado que existem mais problemas de salários em atraso que não propriamente só os trabalhadores do bingo, porque ás tantas temos desse tipo de problemas e bem mais sérios a nível da maioria dos funcionários do Clube, coisa que se não se observar agora, certamente que historicamente assim tem sido nos últimos anos. De forma ciclíquica, como bem sabemos, quase como um burro a dar à nora, ou seja, ou vira acima ou torna abaixo.

E isso dá para por acréscimo adicionar ás preocupações dos salários em atraso no bingo. É certo que se a coisa corre mal no bingo e ficarmos sem a respectiva licença muito cobiçada pelos nossos parceiros da 2ª Circular, a coisa fia mais pianinho, daí eu lhe sugerir o seguinte e aí o senhor marcaria o Belenenses como o presidente da mudança:
1. reestruture o Clube.
2. faça a cartilha de funções e adeque os meios humanos a tal cartilha.
3. dispense os excendentários, seja no Clube, seja no bingo ou outra actividades.
4. termine com vícios que algumas modalidades se constituiram, em alguns casos, quase como uns estados detro de outro estado.

Não lhe pretendo ensinar como deve exercer o seu cargo, para o qual, aliás, ajudei na eleição, e por favor não interprete esta minha carta aberta como tal. Também escrevi aqui algumas cartas abertas ao Cabral Ferreira e ele não se chateou. Só não o fiz ao Sequeira II, por inutilidade. Ao João Barbosa fiz apenas uma carta aberta a sugerir-lhe para não se candidatar e ás tantas bem o fiz se bem interpretar os sinais que recebo do Restelo e que me deixam vivamente preocupado, os quais ainda não vi, para nosso bem, serem escarrapachados nos jornais.

Mas, caríssimo colega (ambos somos economistas), deixe que lhe sugira que há pelos corredores de Belém muita gente a querer bater-lhe palmadinhas nas costas e a chamar-lhe "amigo", que deve ser o termo mais recorrente no Restelo. Desconfie. É um conselho que lhe dou justamente porque bem sei ao que isso conduz...

Sou um mero sócio que se preocupa, no fundo, com o bem-estar de todos, incluíndo os trabalhadores do Bingo.

Repare que este tipo de moengas só as temos se quisermos e persistirmos em ter, tanto mais que é uma actividade que tem garantido a subsistência dos vícios do Clube e muito pouco ou nada para o futebol, pelo que, na base deste considerando, estou como o falecido Acácio Rosa: se os nossos dirigentes trabalharem sem pensar no dinheiro fácil do bingo pode até ser que regressemos aos tempos áureos deles, ex-dirigentes e muitos deles já falecidos, cuja História e legado devíamos, digo eu, HONRAR, tal como o pagamento dos salários em atraso.

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