A verdade escondida

O Belenenses é um clube original, onde o impensável acaba sempre por acontecer. Escolhi o título em epígrafe para saboerar melhor o filme que vi com esse nome com a Michelle Pfeiffer e o Harrison Ford. Pensei que pudessemos ter protagonistas à altura deles, mas nem isso.

Li, se surpresa, uma ténue reacção dos ex-membros da extinta comissão de gestão, tentando contrariar o que Viana de Carvalho afirmou ao jornal Record.

E, já agora, digo eu aqui que Viana de Carvalho nas suas revelações, esteve muito longe de revelar o que por lá encontrou e disso lhe dei devida nota no dia em que foi publicada a entrevista. Podia ter ido muito mais longe, mas talvez reserve tais revelações para uma eventual AGE, tanto mais que também eu quero saber a quantos ando em matéria de contas.

No meu entendimento, e já que a sua função se esgotou no acto da eleição, para ao qual se bem leio na reacção ainda não digeriram os resultados eleitorais, coisa que, aliás, vai passando de quando em vez aqui ou acolá de quem se atreve ainda a escrever sobre o Belenenses.

João Barbosa e os seus correlegionários deixaram no tinteiro diverso tipo de explicações e não apenas aquela que por lá teceu evoluídas críticas aos actuais e legítimos dirigentes do Clube, porque foram sufragados em acta da assembleia-geral eleitoral.

Não vou aqui discutir o caso do contrato celebrado com o Rui Pereira, mas vou, outrossim, questionar da legitimidade da comissão de gestão em ter celebrado esse contrato.

Tanto quanto sabemos, deviam os ex-comissários terem explicado a razão pela qual aceitarm tomar posse, sabendo que a decisão da AGE contrariava as normas estatutárias e não se observando a eleição por maioria qualificada de 2/3 dos votos, deviam ter-se abstido de tomar posse por não reunirem aconfiança dos sócios. Mas a sede de poder e de protagonismo ofusca os menos avisados.

Assim não o fizeram, pactuando com a ilegalidade cometida pelos membros da AG em exercício. E não se venha argumentar com o desconhecimento da lei, porque tal não aproveita a ninguém.

Numa altura crítica para o Clube, devia ter havido o bom senso de não se dar à Imprensa aquilo que ela mais gosta: casos.

Já uma vez convidei, aliás, sugeri ao Viana de Carvalho solicitar a convocação de uma Asembleia-geral para no local certo e não nas páginas de um qualquer jornal, aponte o dedo a quem de facto deixou o clube no estado em que ele se encontra, caso a caso e com a indicação expressa do respectivo responsável.

E são tantos os casos a enumerar que receio bem que tal Assembleia-Geral ainda fosse pior a emenda que o soneto.

Há coisa que João Barbosa não explicou:
1. porque levou a equipa a Angola e andou por lá feito vaidoso, cansando os jogadores sem um único cachet?
2. onde estão os € 450.000 da alienação de 9% das acções ao dono do Kabuscorp?
3. e porquê o Kabuscorp?
4. se assumiu funções de redução do déficit, ele que explique a inusitada situação de salários em atraso no futebol que íam colocando em causa a nossa participação na Liga.
5. com que autorização dos sócios celebrou o contrato com tal promotor?
6. porque não envidou esforços para não descermos de divisão?
7. terá celebrado contrato com, pelo menos, um jogador de uma modalidade dita amadora em que parte do salário seria a pagar pela SAD?
8. porque vinha para a comunicação social justificar o atraso no pagamento dos salários no futebol, sendo certo que isso é uma questão que à SAD diria respeito, colocando, assim, o Clube em desvantagem, gerando má Imagem e dando trunfos à Victoria para rescindir o contrato connosco.
9. porque celebrou contratos plurianuais com alguns jogadores de Inverno, dando origem a problemas na renegociação com vista à rescisão contratual?
10. porque razão, ao invés de terem poupado, ainda foram utilizar uma fatia do empréstimo no valor de cerca de € 250.000, fazendo, assim, aumentar os acréscimos financeiros de tal empréstimo?
11. a comissão de gestão tinha como finalidade poupar e reduzir o déficit. Não só não poupou, como aumentou o déficit. Porquê?