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Belenenses perde direcção num processo a prazo



Notas Prévias:
A Não esquecer mais um "bom" trabalho do concelho de anciãos, que depois se desfez em desculpas para detreminado consócio.

Mas isso são outras contas.

Por Joaquim Rita, in site da RTP
A demissão da direcção do Belenenses, liderada por Fernando Sequeira, nada teve de surpreendente. Talvez fosse legítimo esperar que o presidente demissionário resistisse mais alguns meses (ou semanas...), mas era excessivamente evidente que sempre foi um líder a prazo

Quem seguiu atentamente todo o processo que conduziu à sua chegada ao comando do emblemático clube do Restelo, depressa percebeu três coisas, não diremos conflituantes, mas, pelo menos, suficientemente divergentes:

- a ausência de escola do dirigismo desportivo, sobretudo do futebol – o que até poderia valorizar a sua acção;

- a frontalidade na abordagem de situações mais ou menos híbridas mas que beneficiavam de uma paz conjuntural ditada pelos resultados;

- uma visão marcadamente empresarial, decorrente de um trajecto profissional de sucesso.

Desembrulhando tudo isto, Fernando Sequeira era um pragmático caído de pára-quedas num mundo de expedientes e contas por acertar. Para Fernando Sequeira, dois mais dois são sempre quatro e, no futebol, a aritmética não é assim tão linear, porque a emoção obriga a que se façam outro tipo de contas e se obtenham (ou adiem) outros resultados.

Sem preocupações em se tornar popularucho, Fernando Sequeira (e a sua equipa) pretendeu injectar rigor nas suas decisões, de modo a emagrecer a dívida do clube e a geri-lo em função da realidade dos números e não da fantasia que faz lei em muitos clubes de futebol. Os exemplos de alucinante degradação de emblemas sucedem-se – Farense, Alverca, Salgueiros, Boavista… - e, em vez de arregalarem os olhos, muitos adeptos preferem olhar para o lado e discutir se o «penalty» foi bem ou mal assinalado…

Creio, no entanto, que, a par da pureza das intenções que demonstrou, Fernando Sequeira cometeu o suicídio de interpretar a avaliação e gestão do futebol como matéria linear, admitindo que lhe bastaria um orçamento equilibrado, rigoroso, sem desvarios de ambições, para perseguir um rumo de verdade. Aqui terá residido o equívoco em que tropeçou. Não pela intencionalidade, mas pela funcionalidade.

Explicando melhor: sem lastro de conhecimentos técnicos e da mecânica do futebol compatível com uma equipa com a dimensão, história e exigência do Belenenses, Fernando Sequeira pagou a sua falta de calo ao subscrever o seguinte:

- um plantel com um profundíssimo traço brasileiro, onde, inevitavelmente, existirá a tendência para encontrar pseudo-líderes (não é Silas? não é Arroz?...)

- um treinador igualmente brasileiro, portanto, algo macio em presença de um tão denso contingente de compatriotas;

- a abundância de jogadores vindos de escalões secundários (ou regionais…) do futebol brasileiro, portanto, sem vivência de um futebol mais exigente, mais competitivo e… de muito maior qualidade;

Ter embarcado na aventura azul sem se rodear de apoios competentes e com vivência na arte do «grande» futebol foi o erro original de Fernando Sequeira. Tudo o resto aconteceu por acréscimo ao longo de cinco meses que, seguramente, lhe proporcionaram mais sofrimento do que encanto. Janeiro ainda vem longe e o velho e respeitado «Belém» não está livre de sofrer até lá.



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