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Obviamente, Estrela



Notas Prévias:

Antes de aqui vos deixar com este oportuno artigo do Joaquim Rita sobre o caso gerado pela inqualificável forma como o futebol português, ao longo doa anos, deixou passar situações muito pouco claras de viabilidade económico-social-financeira dos clubes ditos profissionais a disputarem a I Liga ou a II Liga, sendo certo que se vários passos positivos com o parcial afastamento de Valentim Loreiro foram dados, não é menos verdade que há muito caminho por percorrer por forma a evitar-se a situção de nivelamento por baixo da generalidade das equipas portuguesas.

Vale a pena aqui pensarmos se não é mesmo tempo de se introduzir a regra de 6+5 ou de 7+4, atenta a fácil tentação com que os clubes são atráidos pela canção do bandido de vários empresários, alguns deles sem escrúpulos alguns, nem sequer a sua prosfissão se codauna de ética para com os clubes, mas sómente para quem melhor lhes paga em comissões e o resto é conversa.

E tal sucedeu, e de que maneira, o ano transacto no Belenenses, quando ficámos à mercê de um empresário de pacotilha.

Atente-se agora no que Joaquim Rita aqui nos trás, sendo meu convenciemnto que não terá havido recurso do Estrela da Amadora, cujo prazo para o efeito, terminou na passada 6ª Feira, ás 17H30.

Por Joaquim Rita

Num país de chico espertos, o futebol tornou-se, bastas vezes, palco de desempenhos bizarros, cuja pelintrice moral galga as fronteiras do inimaginável. O atrevimento constitui, por regra, o suporte de procedimentos intoleráveis à luz de qualquer código de comportamento, uma espécie de «vale tudo» para torpedear normas, dispositivos, leis - seja o que for.

Abundando os expedientes rascas - como o utilizado, na época passada, pelo Estrela da Amadora, para poder participar na Primeira Liga - há a tendência para pensar que aparecerá sempre uma escapatória para mais uma golpada - por pior amanhada que seja... - e, assim, alegremente, a procissão poder prosseguir com os seus anjinhos em fila.

Sem pinga de espanto, a Liga de Futebol Profissional recusou a inscrição do Estrela da Amadora travestido de SAD na Primeira Divisão para a nova época. Há limites para tudo...

Se quisermos comparar a mecânica seguida pelo Estrela da Amadora a uma qualquer empresa, tudo se resumia deste modo:

- por (quase) um ano de incumprimento salarial a empresa abria falência;

- nas mesmas instalações, com a mesma maquinaria e com o mesmo objecto de actividade, criava uma nova empresa, propondo-se contratar novos assalariados para prosseguir a mesma actividade.

Simples. Fácil. Barato. Era este, em síntese, o esquema engenhosamente elaborado pelo presidente do Estrela da Amadora para ultrapassar o embaraço dos muitos meses de ordenados por pagar aos seus profissionais - em vez do clube, inscrevia uma SAD feita à pressa e... siga o jogo. Não sei o que mais admirar na diligência do presidente António Oliveira:

- se a desfaçatez do propósito;

- se o despudor com que o elaborou.

Mesmo admitindo remotamente que, no plano jurídico, a construção teria alguma viabilidade, como iria a tribo do futebol conviver com tamanho escândalo? Mantendo o cenário utópico no qual, pelos vistos, apenas o presidente estrelista terá acreditado, se fosse reconhecida, por parte da Liga dos Clubes, a bondade do procedimento (transformista...) do Estrela da Amadora, era óbvia a abertura de um precedente tão absurdo quanto gravíssimo, bastando ponderar no seguinte:

- os clubes (que ainda não se constituíram como SADs) ficavam com as portas abertas para não pagarem aos seus profissionais porque tinham a garantia de, na época seguinte, continuarem no mesmo escalão competitivo, bastando-lhes, para tanto, baptizarem-se como SADs;

- os jogadores ficariam sem qualquer defesa porque o clube com o qual celebraram contrato tinha... falido, transformando-se, por arte jurídica, numa SAD.

Reconheço a frustração, tristeza e desespero dos adeptos amadorenses, do mesmo modo que não esqueço o comportamento fantástico da equipa ao longo de toda a época passada. Mas este era um desfecho mais do que anunciado, demasiado óbvio. Também no futebol, viver de expedientes não pode ser um modo de vida. Há sempre um dia em que o dia chega...

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