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Entrevista com André Pires



I. Introdução


O gosto de jogar à bola parece ser genético e André Pires desde cedo que colocou o futebol em primeiro plano na sua vida. Depois de uma passagem pelo Sporting, o Oeiras recebeu-o de braços abertos e passados alguns anos foi de lá que deu o pulo para o Belenenses. No Belenenses foi chegar e vencer, conseguindo a titularidade não só nos juniores mas também nos seniores, apesar de no final de época ter estado presente num dos piores momentos da vida do clube - a descida de divisão. Por agora, com contrato profissional até 2012, já entrou na história do clube ao apontar o golo da vitória, que fugia há 15 anos, dos juniores frente ao Sporting.

II. A Entrevista (no que ao Belenense diz respeito)


Conta-nos como é que nasceu este bichinho de jogar à bola?

Já vinha do meu pai e depois passou logo para mim. Comecei muito cedo a jogar na minha terra, eu moro numa aldeia e ficava sempre a dar uns toques lá atrás da rua, depois até cheguei a entrar naqueles torneios lá das aldeias e fui assim que tudo começou.

O teu pai foi jogador de futebol?

Sim, ele quando ele era mais jovem esteve no Benfica que é o clube que eu mais me recordo e jogou no Olivais e Moscavide quando a equipa de juniores estava na I Divisão Nacional.

Recordas quando é que ele te ofereceu a primeira bola de futebol?

Logo desde muito pequeno porque eu sempre gostei muito de jogar futebol, mas não tenho ao certo uma data da primeira bola que tive.

Qual foi o teu primeiro clube?

O meu primeiro clube foi o Encarnação de Olivais, foi lá que estive no meu primeiro ano de escolinhas e ao fim desse ano saí para o Sporting.

Como é que surgiu o Encarnação de Olivais na tua vida? Viram-te na rua a jogar ou soubeste de captações e decidiste aparecer?

Eu entrava em vários torneios e apenas com 9 anos já se notava que eu tinha alguma qualidade e que poderia integrar uma equipa dos escalões mais jovens, e depois o meu pai levou-me ao Encarnação.

Como é que te apresentaste no clube?

O meu pai na altura era o treinador e eu comecei a treinar com ele, e houve um jogo em que o meu pai ao intervalo disse-me para jogar e foi aí que tudo começou.

Nessa altura jogavas em que posição?

Jogava na frente porque eu era um jogador muito rápido, ainda o sou, mas naquela altura era mesmo muito rápido.

Chegaste a marcar muitos golos nesse primeiro ano?

Sim, lembro-me de um jogo contra o Sporting em que perdemos 18-2 e fui eu que apontei os dois golos da nossa equipa.

Tendo em conta que tu apenas estavas habituado a jogar em torneios e na rua, como foi a adaptação ao ritmo e ao ambiente de um clube de futebol?

Foi normal, normal, foi boa.

Como é que achas que te correu a época?

Foi uma época de aprendizagem, eu naquela equipa tinha alguns colegas com maiores dificuldades e depois eu e mais dois ou três tínhamos mais capacidades e notava-se.

Os dois golos apontados aos leões e a transferência para Alvalade

Como é que surgiu depois o interesse do Sporting?

Lá está, foi nesse jogo dos 18-2, em que marquei dois golos e depois falaram com o meu pai para eu me apresentar no clube, fui lá e fiquei.

Quanto tempo estiveste à experiência?

Não me recordo bem, na altura os treinos ainda eram no pavilhão de alvalade, lembro-me que éramos cerca de 100 jogadores e acabaram por ficar apenas dois ou três.

O que é que um jogador pensa quando chega a um treino de captação e encontra 100 possíveis jogadores?

Nós na altura fazíamos jogos para que os Misters nos avaliassem dentro do campo. Fizemos vários jogos durante as captações, eu estive bem e fiquei.

Mas deve ter sido complicado para ti ter de fazer tudo bem para não desperdiçar aquela oportunidade, uma vez que apenas podias mostrar o teu talento num jogo e no caso de falhares podias nunca mais recuperar essa oportunidade?

Nessa fase ainda éramos muito pequenos, éramos escolinhas e há tolerância, existe sempre alguma tolerância e acho que não senti nenhuma pressão na altura.

E depois como é que foi integrar os quadros do Sporting?

Correu bastante bem, foi bom, desde o primeiro dia que cheguei lá que fiz bastantes amigos, ainda hoje falo com muitos deles, foi óptimo e fiz lá boas amizades.

Qual foi o teu primeiro jogo com a camisola do Sporting?

O primeiro jogo julgo que foi com o Amora.

Como é que te correu?

Correu bem, não sei se cheguei a marcar um golo mas nessa altura já jogava atrás.

Jogavas a que posição?

Na altura era futebol 7 e jogávamos com três defesas e eu jogava no lado esquerdo e fazia o corredor todo do lado esquerdo.

Quem foi o teu primeiro treinador no Sporting?

Foi o mister Luís Dias.

Como é que foi o teu relacionamento com ele?

Esse mister é bastante marcante para mim.

Porquê?

Para já porque treinou-me na selecção de Lisboa, na altura não havia selecção nacional, e eu estive dois anos com ele na selecção de Lisboa e dois anos com ele nas escolinhas, em que aprendi algumas coisas e é um treinador que marca sempre.

Quantos anos estiveste no Sporting?

Estive quatro anos no Sporting, dois de escolas e dois de infantis, depois ia fazer um de iniciado mas fui dispensado.

Como é que te correram as épocas de infantis?

Fomos campeões um ano, acho que foi o primeiro ano.

Recordas de algum golo que tenhas marcado?

Eu marcava muitos de livre e lembro-me que contra o Benfica eu marcava bastantes.

E lembras-te de algum que te fosse especial?

O de penalty no torneio Ibérico em que ganhámos ao Benfica e eu no último penalty marquei o golo e dei a vitória à equipa.

Com que jogadores te recordas de jogar e que actualmente ainda estão no Sporting ou joguem noutro clube nacional?

Poucos, no Sporting está lá o Diogo Amado, o Diogo Rosado, o Cédric Soares, noutros clubes está o Diogo Viana que agora está no Porto, o Rui Fonte que agora está de regresso ao Sporting, o Zé Miguel e o FF que estão na União de Leiria. Também joguei com o Adrien Silva da equipa principal, o Bruno Matias e o Marco Matias.

Jogar ao lado deles quando são tão jovens já dá para ver que existe ali alguma qualidade?

Sim é normal, via-se que existia ali alguma qualidade, não só nesses jogadores mas também noutros, que hoje já não tem possibilidade de chegar tão alto, mas havia grandes jogadores na minha equipa.

Nos dois anos de escolas pelo Sporting chegaste a ganhar algum título?

Sim ganhei, fui Campeão pelo Sporting um ano.

A saída precoce de Alvalade e o ingresso no Oeiras

Quando estiveste no Sporting chegaste a jogar alguma vez num escalão acima da tua idade?

Sim, quando eu era escolinha jogava pelos infantis e nos infantis cheguei a ir aos iniciados com o Rui Fonte. Na altura fui jogar contra o C.A.C.

Chegaste a jogar?

Sim joguei.

Como correu?

Lá está, eu sabia que tinha capacidade e os misters conheciam-me bem. Na altura existia equipa A e equipa B, e os de primeiro ano da equipa B por vezes iam à equipa A e lembro-me que eu, o Fonte e mais um ou outro íamos muitas vezes, era como se estivéssemos na nossa equipa.

Jogar em Iniciado quando ainda eras infantil e chegar ao final da época e ser dispensado deve ter sido complicado para ti. Como justificas a dispensa?

Isto não serve de desculpa, mas nesse ano eu estava a treinar normalmente e tive uma lesão no pé, já tinha o tal problema da renite alérgica e tinha tido muitas dificuldades mas na altura já estava tudo a ser resolvido.

Depois de saíres do Sporting qual foi o clube que escolheste para continuar o teu percurso?

Nessa altura eu fui para o Oeiras embora o meu pai quisesse que eu fosse treinar ao Belenenses e ao Alverca, mas como na altura o treinador do Oeiras era o mister Gonçalo Nunes que eu conhecia do Sporting e que ficou não diria chocado mas um bocado surpreendido por eu ter sido dispensado do Sporting, ele disse-me para eu ir treinar ao Oeiras e no caso de gostar para lá ficar, mas se não achasse que era uma boa ideia para ir treinar a outro lado.

Como é que recebeste a notícia de dispensa do Sporting?

Na altura fiquei um bocado triste, mas no próprio dia reagi bastante bem, até porque fiquei logo interessado em saber para que clube iria. Não fiquei assim muito abatido mas fiquei com alguma mágoa, porque sabia e sei que se calhar ainda hoje poderia lá estar.

Quem é que te deu essa informação?

Lembro-me que nos reuniram todos numa sala mas não sei ao certo quem falou comigo, éramos quatro jogadores, não tenho bem a certeza mas acho que foi o Aurélio Pereira.

O que é que eles te disseram na altura?

Lá está, que era uma época de empréstimo para jogarmos mais, para ver se evoluíamos mais.

Como é que se deu depois a tua integração no Oeiras? Houve necessidade de fazeres treinos de captações ou integraste-te logo na equipa?

Integrei logo a equipa, o mister já me conhecia do Sporting e já sabia quais eram as minhas qualidades então foi fácil a integração no clube.

Normalmente um jogador quando sai de um clube grande para um pequeno fica sempre um pouco desanimado. Como é que viveste esse momento?

Penso que correu bastante bem até porque eu já conhecia dois ou três jogadores do Oeiras que também tinham estado comigo no Sporting.

Qual foi o teu último treinador no Sporting?

Foi o mister Nuno Lourenço.

Como é que correu essa última época de infantis, achas que te correu bem ou houve algum problema?

Não, não me correu muito bem, tive um problema grave de renite alérgica, tive um ataque de asma, na altura eu estava a jogar pela selecção de sub-14 num torneio no Jamor e fiquei com um problema de respiração, tive um ataque de asma e desde aí essa época foi muito difícil, inclusive coincidiu com a dispensa do Sporting. Tinha dificuldades em respirar por causa dos polens, ainda hoje tomo medicação mas já estou prestes a largar os medicamentos.

Já previas esse desfecho ao longo da época?

Não, não, porque como disse anteriormente, eu era sempre convocado para a selecção. Era eu, o Malaquias, o Paim... eu jogava sempre, era sempre titular e trabalhava como os outros, era sempre opção e sinceramente não estava à espera mas reagi bem.

No Oeiras estiveste quanto tempo?

No Oeiras estive quatro anos.

Como é que correu essa passagem pelo Oeiras?

Foi positiva, em alguns aspectos foi positiva. Lembro-me que nos juvenis subimos, na minha primeira equipa de juvenis de primeiro ano subimos para o nacional e no segundo ano jogámos no nacional. Acho que na primeira época de juvenis fomos campeões distritais.

E em iniciados?

Já não me recordo muito bem porque entrei a meio, comecei a época a meio por causa do problema que tive de renite alérgica.

Como é que é chegar a meio da época a um clube novo?

Foi fácil até porque o mister já me conhecia e os meus novos colegas também me receberam bem.

Marcaste muitos golos pelo Oeiras?

Na altura jogava no meio campo a médio esquerdo, era um jogador rápido e sim fazia alguns golos, mais de bola parada.

E nos juvenis do Oeiras continuaste com o mesmo treinador que te levou para lá?

Na primeira época foi o mister Carlos Dionísio e joguei quase os jogos todos como médio ala e na segunda época foi de novo o Mister Gonçalo Nunes.

A época de júnior pelo Oeiras, os problemas com algumas pessoas ligadas ao clube e finalmente a transferência para o Belenenses

Tu ainda chegaste a jogar um ano de juniores pelo Oeiras. Como correu esse ano?

Correu muito bem, fizemos a melhor classificação de sempre do Oeiras, ficámos em 3º Lugar.

Achas que foi essa época que te lançou no futebol?

Mais ou menos, eu comecei a jogar e fiz uns jogos a titular ao princípio como defesa esquerdo, a meio da época jogava regularmente e estava já referenciado pelo Belenenses. Depois quando começou a segunda volta passaram-se coisas um pouco estranhas lá no clube, em que as pessoas começaram a pôr-me de parte, assim do nada tiraram-me da equipa e não jogava, mas depois acabei por fazer 3 ou 4 jogos no final da época, e na altura era o Sr Quaresma que ia ver os meus jogos e quando jogámos contra o Estrela da Amadora, onde apesar da derrota por 4-0 eu estive bastante bem, foi nesse jogo que soube que na próxima época eu tinha fortes hipóteses de vir para o Belenenses.

Porque é que achas que esses problemas aconteceram? Achas que havia pessoas que não te queriam deixar sair do Oeiras?

Não sei, por vários motivos! No Oeiras houve lá pessoas que me ajudaram bastante como foi o caso do Mister Gonçalo, o Sr. Alexandre e o Mister Bruno, houve pessoas excepcionais, mas houve outras que pareciam que tinham duas caras e houve uma fase em que eu estava bastante bem e sabia desse interesse do Belenenses, em que eles puseram-me de lado e puseram outros interesses à frente.

Em algum momento sentiste que o negócio poderia não se realizar e que terias que ficar no Oeiras?

Sim, eu cheguei até a querer vir embora, estava bastante desanimado, sabia que tinha qualidade para jogar, para jogar mesmo e não jogava, treinava só e andava ali, fazia muitos quilómetros, moro longe, moro no Sobral de Monte Agraço e fazia muitos quilómetros para chegar a Oeiras para treinar e depois chegava ao fim-de-semana via os outros a jogar e eu ali do lado de fora é sempre triste, mas o meu pai disse-me para nunca desistir que um dia ia ser recompensado porque tinha bastante qualidade e para trabalhar sempre, e este ano aqui estou.

Como é que se deu depois a transferência para o Belenenses, o Oeiras colocou muitos entraves?

O Oeiras colocou bastantes entraves, esse senhor como eu tinha dito anteriormente dificultou muito a minha situação, mas houve uma pessoa que me deu a mão, que foi o senhor Luís Alves e correu tudo bem, ajudou-me bastante. Sinceramente não sei quanto dinheiro esteve envolvido, mas ele foi bastante importante na minha vinda para o Belenenses.

Tendo em conta que o Belenenses é um clube histórico não só de Lisboa mas também a nível nacional, qual foi a tua primeira intenção quando aqui chegaste?

Bom, é um clube grande apesar das condições dos treinos não serem as melhores, temos um pequeno sintético no campo nº3, e depois temos o relvado do campo nº2 ter sido estragada pela malta do râguebi, mas foi bom, já conhecia alguns jogadores que já tinha defrontado, também tinha cá um amigo que jogou comigo e que me ajudou bastante. Depois a integração foi fácil, aqui os meus colegas são todos uns porreiros e deram-me a mão, também já me conheciam do tempo do Sporting e do Oeiras, foi fácil.

De todos os escalões que já representaste qual foi aquele que te pareceu mais difícil?

Não houve nenhum em que sentisse grandes dificuldades e adaptei-me sempre bem. Sou uma pessoa muito dada, sou uma pessoa que parece que não mas eu no meio dos meus colegas sou bastante dado e é fácil fazer amizades, penso que é essa a chave para me adaptar bem.

Retornando ainda ao Oeiras na altura em que disseste ter estado bem e em que estavas a jogar e depois de repente foste afastado da equipa, alguma vez questionaste o treinador sobre isso?

Sim, sim, cheguei a falar com ele, na altura não foi muito explícito, disse-me para continuar a trabalhar. Lembro-me que houve um jogo contra o Pombal que estava em último, houve uma semana em que estive doente e também estive cerca de três semanas afastado e vinha já a treinar algum tempo, e houve o jogo contra o Pombal que era um jogo bom para eu começar a ganhar ritmo e lembro-me de não ser convocado e de eu ir falar com ele, e ele não me deu assim grandes explicações.

O que é que ele te disse na altura? Recordas?

Não me recordo ao certo, mas disse-me para continuar a trabalhar nos treinos.

Tu começaste como médio esquerdo e mais tarde deu-se a adaptação para lateral esquerdo. Porquê essa alteração e qual foi o treinador que optou por fazer essa mudança?

Foi o mister Gonçalo. Como eu disse anteriormente, eu sou um jogador bastante rápido e se calhar sou melhor de trás para a frente, porque a minha velocidade de pôr a bola na frente, de correr e ir embora acho que é melhor vinda de trás, até porque o médio ala fica ali parado a receber a bola, quer dizer há tácticas diferentes mas normalmente o lateral passa a bola ao extremo e o extremo vai e finta. Por isso acho que sou muito melhor de trás para a frente e na altura o mister falou comigo e como eu sou um jogador rápido, e é sempre bom ter jogadores rápidos atrás e acho que foi bom para mim.

Por norma os jogadores não gostam de recuar no terreno. Como foi a tua reacção a essa alteração?

Não fiquei triste, mas lá está aquela coisa de que nós com bola somos bons ali a médio ala e agora vir para trás e não saber defender... sempre disse isso, que eu não sabia muito bem defender, mas os misters dizem que eu defendo muito bem! Não sou um jogador de ir à queima, sou um jogador mais de contenção, como sou um jogador rápido ele pode por a bola na frente e eu consigo recuperar em velocidade.

Como foi chegar a um clube diferente, com jogadores diferentes e com objectivos diferentes?

Ao princípio a nossa meta não era chegar à segunda fase era conseguir fazer o máximo número de pontos possíveis que o Belenenses já fez, nós ultrapassámos de longe essa marca, estivemos quase na segunda fase, acabámos por não conseguir por culpa nossa mas também houve ali um ou outro jogo em que se passaram certas coisas. Mas foi uma época bastante positiva, fizemos muitos pontos e foi pena não poderem passar quatro equipas como acho que vai acontecer na próxima época.

Qual foi o teu primeiro jogo com a camisola do Belenenses?

Foi na primeira jornada contra o Torreense.

A pré-época serve sempre para os jogadores se conhecerem e para irem assimilando as ideias do treinador. Vocês já esperavam fazer uma época tão positiva?

Sim, eu vi logo, porque para já o mister Rui Jorge sabe falar com os jogadores e apontar os aspectos positivos e negativos que temos de explorar, tínhamos mesmo um grande conjunto, era mesmo um grande plantel, acho que dificilmente, mas espero que sim claro, vai haver uma equipa como a nossa. Uma grande equipa.

O início de época atribulado, o sonho tão próximo de estar na segunda fase e as arbitragens polémicas

Vocês iniciaram o campeonato com uma vitória frente ao Torreense, mas depois sofreram duas derrotas seguidas com Benfica e Vitória de Setúbal. Como é que geriram esses resultados, abalou-vos de certa forma ou não?

Sim, abalou-nos um bocado. Lá está, sabíamos do nosso valor, a equipa tinha mesmo muita qualidade. O primeiro jogo foi com o Torreense em que ganhámos 4-0, depois perdemos com o Setúbal em casa e fomos ao Seixal e perdemos 1-0, depois a equipa começou a equilibrar mais as coisas mas sofremos mais uma derrota em casa com o Estrela da Amadora que não estávamos à espera, mas a partir daí fizemos um campeonato mesmo muito bom.

Quando se começaram a aproximar do primeiro lugar e quando o conseguiram atingir o que sentiram na altura?

Sentimos que poderíamos lá continuar.

O que é que o treinador e restantes membros da equipa técnica vos diziam?

Primeiro diziam-nos que não estava nada ganho, diziam para os atletas manterem o mesmo empenho, para continuarmos a treinar e a dar o máximo nos treinos para podermos jogar sempre bem. Foi essa a mensagem que o nosso mister e as pessoas lá de dentro nos transmitiram.

Com a chegada ao primeiro lugar a comunicação social não vos largou e saíram muitas notícias sobre vocês. Como é que lidaram com isso?

Estávamos um pouco à espera disso, como eu já disse a nossa equipa era mesmo bastante boa e eu estava à espera que isso acontecesse, e contava e queria que fosse até final da época mas infelizmente não se sucedeu, foi mesmo por pouco.

Para além dos lances menos correctos em alguns jogos e que já vamos abordar mais à frente, o que é que achas que faltou à vossa equipa para atingirem a segunda fase?

Sinceramente, as ausências, durante a época tivemos muitos problemas, não é estar a faltar ao respeito aos meus colegas, mas no nosso onze base lembro-me que havia 7 ou 8 jogadores que eram titulares com o mister Rui e que não jogaram durante algum tempo, cerca de quatro, cinco ou seis jogos seguidos, quer fosse devido a lesões ou idas aos seniores, como é o caso do André Almeida, o Fredy, ou o meu caso que ia às vezes aos seniores, e depois não jogávamos aqui nos seniores nem nos juniores. Temos também o caso do Pelé e do Adolfo, o guarda-redes. Acho que isto tudo esteve um pouco relacionado com isso.

E a situação de jogar em "casa emprestada" também teve importância nessa decisão?

Sim, acho que sim, ainda para mais jogar num sintético, em campos pequenos. A nossa equipa era e é uma equipa que troca muito bem a bola e é muito boa no contra-ataque, e nesses campos era difícil trocarmos a bola e explorarmos a nossas mais-valias, que era o contra-ataque, e nesses campos era muito complicado e perdemos alguns pontos importantes, como foi o caso do jogo contra o Atlético, também estivemos quase a perder pontos com o Real Massamá mas mesmo no fim conseguimos chegar ao golo da vitória.

Foi importante trabalhar com um jogador tão experiente como o mister Rui Jorge?

Lá está, a experiência dele no futebol português e a nível de selecção ajudou-nos bastante, ele sabia bem os aspectos que tínhamos de corrigir. E ele como defesa esquerdo que era ensinou-me e eu aprendi muito com ele, aprendi a fechar melhor os espaços. A nível de jogo parecem não ser notórios os problemas em termos de fchar espaços mas o mister ajudou-me bastante nessa posição.

Quando a comunicação social começa a falar muito sobre uma equipa e sobre determinados jogadores, por vezes as pessoas em questão começam a criar grandes expectativas. Deram-vos alguns conselhos e falaram convosco sobre isso?

Sim, disseram-nos para mantermos os pés bem assentes no chão, para termos calma e para trabalharmos sempre ao máximo nos treinos, para trabalharmos sempre bem e concentrados e depois nos jogos as pessoas viram o resultado de todo esse trabalho.

Falou-se de arbitragens que prejudicaram o Belenenses ao longo da época, nomeadamente na partida frente ao Marítimo e frente ao Atlético. Que nos podes dizer acerca disso?

Contra o Marítimo não estive, lá está as tais ausências que referi, mas sim os meus colegas falaram-me do jogo do Marítimo e acho que aquilo foi mesmo uma vergonha. Lembro-me também do Atlético e do Seixal onde houve dois golos mesmo em fora-de-jogo. O Atlético em casa, jogo onde também não joguei nem vale a pena comentar quem lá esteve viu o que se passou.

Fala-nos um pouco sobre o jogo de Alcochete e do golo que sofreram em que reclamaram que o jogador do Sporting tocou a bola com o braço.

Sim, foi com o braço, deu logo para ver ali no lance, eu apercebi-me logo, houve alguns colegas que não, mas eu vi e dirigi-me logo ao fiscal de linha.

Imagem cedida pelo Jornal Record.

E contra o Benfica no Seixal?

Contra o Benfica sofremos dois golos claramente em fora-de-jogo.

O que é que vocês sentiram na altura quando viram que estavam a ser prejudicados?

Nós quando defrontamos essas equipas como o Benfica e Sporting, nos lances divididos e em caso de dúvida o árbitro assinala sempre a favor deles, e nesse jogo no Seixal ficou provado, no segundo golo o jogador está uns bons metros adiantado, mas a nossa equipa e à imagem do mister Rui, nós com a nossa força este ano demos a volta a muitos resultados, e também lhe digo que se houvessem mais 5 ou 10 minutos no Seixal ainda conseguíamos o empate.

Depois de estarem em primeiro lugar os vossos principais rivais passaram a ser Benfica e Sporting. Achas que o campeonato se decidiu no empate em Alcochete e na derrota no Seixal?

Acho que não foi nesses encontros que a nossa passagem à fase final ficou comprometida, foi mesmo nos jogos pequenos, teoricamente mais fáceis. Até porque nós ganhámos ao Sporting aqui em casa e empatámos fora, e perdemos no Seixal com o Benfica e empatámos em casa.

E achas que a perda de pontos nos jogos teoricamente pequenos deveu-se a algum excesso de confiança da vossa parte?

Também, mas como lhe disse foram muitas ausências também, jogar em casa mas em campos emprestados também foi um dos aspectos.

Achas que a nível de qualidade e capacidade a vossa equipa é equivalente a um Benfica e Sporting e que apenas as condições de treino ditaram o sucesso de cada uma das equipas?

Claramente, e digo que se tivéssemos passado para a segunda fase de certeza que lutaríamos pelo primeiro lugar, sem dúvidas porque temos mesmo um grande plantel, aliás, nos jogos contra o Benfica e Sporting ficou provado, jogámos de igual para igual. Lembro-me de que aqui no Restelo contra o Benfica a segunda parte foi toda nossa, o Benfica nem passou do meio-campo, na segunda parte não conseguimos marcar mas foi uma avalanche total.

Tu moras em Sobral de Monte Agraço e curiosamente sempre jogaste em clubes de Lisboa. Primeiro o Sporting, depois o Oeiras e agora o Belenenses, como é que fazes relativamente às deslocações, são os teus pais que te trazem?

Sim, antigamente era assim, mas agora este tirei a carta e venho com o carro da minha mãe, mas nos anos anteriores ou era o meu avô, ou era o meu pai. Agora também tenho a minha avó que mora nos Olivais e às vezes fico aí porque é mais perto de Belém e assim não tenho que fazer muitos quilómetros.

Como é que lidaste com essas deslocações, sentias-te cansado?

Não, nos treinos não, era mais na escola, na escola.... nunca gostei muito de estudar, sabia que era importante...não faltava às aulas mas era um pouco distraído nas aulas, pareço um pouco introvertido mas nas aulas era muita falta de atenção, só pensava em bola e chegava muitas vezes atrasado para ficar a jogar à bola no campo, sempre gostei muito de futebol.

Treinar diariamente com os seniores pode ter aspectos positivos a nível de conseguires ganhar maior maturidade e experiência, mas também pode ter um lado negativo com o cansaço acumulado e a ausência dos jogos de juniores. O que nos podes dizer sobre isso?

Lembro-me da Liga Intercalar onde havia jogos dos seniores onde íamos à quarta-feira e ao sábado tínhamos jogo pelos juniores, e na segunda-parte dos jogos sentia-me sempre mesmo muito cansado, eu e alguns colegas meus. O ponto positivo foi a possibilidade de jogar com jogadores mais velhos, com outra experiência, jogadores mais fortes fisicamente o que é sempre muito bom. Pontos negativos não há muitos, é obvio que jogar para a Liga Intercalar pelos seniores é sempre bom, mas talvez o cansaço fosse muito evidente.

Sentiste muitas diferenças na passagem de juniores para seniores a nível de treino?

A nível de treino posso dizer que o treino com o mister Rui Jorge é sempre com muita intensidade e qualidade, no treino tem de haver muita qualidade a nível de passe e recepção. Ainda hoje o mister Romeu esteve a comentar connosco se tínhamos visto o jogo do Barcelona com o Manchester e disse que a chave é o nível de passe/recepção e treinamos muito isso, e por isso o nível de treino dos juniores é idêntico mesmo ao dos seniores.

Quando é que se deu a tua primeira chamada para treinar com os seniores?

Foi na semana do jogo contra o Estrela da Amadora, na primeira jornada da Liga Intercalar, fiz logo um treino matinal com eles.

Como é que é estar no primeiro ano com a camisola do Belenenses e ser logo chamado aos seniores?

Senti-me bem, estava um pouco nervoso antes do jogo, mas, está jogar com jogadores mais velhos.... logo no primeiro dia estar ali ao lado do Silas e do Zé Pedro, pode não parecer grande coisa mas é! São jogadores com muita experiência, são jogadores importantes e que nos dão bastantes conselhos, é sempre bom estar perto deles e poder integrar o plantel.

Recordas quem é que te deu essa notícia da chamada aos seniores?

Foi o Mister Rui Jorge.

Que tipo de conselhos é que os jogadores mais experientes te dão?

Para jogar normal, desinibido e para fazer o que sei. Para jogar com calma, para defender bem e para tentar arriscar quando for possível e para ter confiança, para jogar descontraído.

Como é que foi trabalhar com o mister Jaime Pacheco tendo em conta que já foi um treinador campeão nacional?

Tive a oportunidade de trabalhar duas semanas seguidas com ele, porque apesar de ir à Liga Intercalar eu não trabalhava muito com ele, mas nessa oportunidade que tive deu para eu ver que ele é um mister bastante rígido, mais nos lances de disputa de bola porque quer sempre que entremos duro, fortes e sem medo, é basicamente isso.

Foi importante a introdução da Liga Intercalar para ir integrando os jogadores juniores no futebol sénior e ao futebol profissional?

Penso que está à vista o resultado, não só eu mas também colegas meus que puderam agora integrar os seniores, acho que isso foi bastante importante e que a Liga Intercalar devia continuar.

Ao longo da época de juniores a vossa equipa foi passando cá para fora uma imagem de muita união dentro do grupo. Como é que conseguiram construir essa imagem e essa união?

Foi fundamental, acho que tudo se resume à amizade dentro e fora do campo. Em alguns clubes há sempre um grupo aqui e outro clube ali, é sempre normal lidarmos melhor com um ou com outro, mas acho que este ano não se passou isso, fomos bastante unidos não só entre jogadores mas também os mister e os restantes.

Quais é que achas que foram os pontos fortes da equipa ao longo da época?

A defesa, porque defendíamos muito bem. No nosso campeonato se não sofrêssemos golos ganhávamos os jogos de certeza e o mister dizia-nos isso, que se nós defendêssemos bem e não sofrêssemos golos que ganhávamos os jogos todos de certeza absoluta. Depois tínhamos um contra-ataque forte onde tínhamos jogadores muito rápidos como o Dany, o Abel e o Fredy, que criavam sempre muitas dificuldades às equipas adversárias e por isso tínhamos mesmo uma grande capacidade de marcar golos.

A vossa equipa sempre apresentou um futebol de toque simples e fácil e bastante apoiado. Treinavam muito isso nos treinos?

No treino o mister quer que trabalhemos muito o passe e a recepção e isso é mesmo o fundamental.

Imagem cedida pelo Jornal Record.
Da chamada aos seniores e à estreia na Liga Sagres frente ao Rio Ave logo a titular ao jogo com o Benfica no Estádio da Luz onde ficou confirmada a despromoção à Liga Vitalis

Qual foi a tua primeira convocatória para jogar pelos seniores na Liga Sagres?

Foi agora recentemente contra o Rio Ave.

O que é que sentiste na altura?

Senti uma grande alegria! Primeiro porque sabia que estava perto de acontecer, porque no início da semana o mister Rui Jorge pôs-me logo na equipa titular, o mister conhece-me bem, trabalhou comigo um ano e sabe das minhas capacidades e o mister têm-me ajudado bastante. Ele deu-me esta oportunidade e acho que correspondi bem no jogo com Rio Ave, fiquei muito feliz não só pela minha estreia mas também pelo resultado, estrear-me e o Belenenses ganhar é sempre bom, para mais nesta época bastante difícil.

Já sabias ao longo da semana que irias jogar?

Sim, sabia.

Sabias que ias jogar a titular?

No primeiro treino não porque o Mister fez um treino defesa/ataque para ver como é que a equipa se sentia, porque o mister tinha dito que a nossa equipa sofria muitos golos. Eu lembro-me que após o jogo com o Rio Ave o Belenenses sofria golos há treze jogos consecutivos e não sofremos nenhum golo contra o Rio Ave, conseguimos marcar no final e agora ficou provado na Luz também que estivemos bastante bem a nível defensivo, talvez a expulsão do Saulo tenha dificultado um pouco, mas se tivesse ficado onze para onze talvez o Belenenses tivesse uma palavra a dizer.

Como é que foi para um jovem como tu estreares-te pela equipa principal no Restelo, num jogo crítico como foi o jogo contra o Rio Ave? Estavas nervoso?

Sinceramente não estava nervoso, estava um pouco ansioso mas nervoso não estava! É aquilo que o mister nos transmite e nós quando somos mais jovens sonhamos um dia poder jogar na liga principal, e se estivermos nervosos e com receio isso não serve de nada, temos de mostrar as nossas capacidades. É verdade que o ritmo de jogo é bastante diferente mas foi normal, senti-me bastante bem, foi bom, o Belém ganhou, também tinha alguns colegas como o Fredy e o Pelé, que já tinham integrado o plantel e já tinham jogado pelos seniores que me disseram para estar tranquilo e para fazer o que sei.

No final do encontro do Rio Ave tu disseste em conferência de imprensa que o mister Rui Jorge transmite muita coragem aos jogadores. Que tipo de palavras diz ele aos jogadores para transmitir essa coragem?

Eu não consigo dizer assim umas palavras como ele exprime frequentemente, mas ele tem mesmo uma grande capacidade para transmitir coragem, garra e força, e houve muitos jogos do nosso campeonato, e até mesmo agora aqui contra o Rio Ave, que se calhar ganhámos os jogos devido à exuberância e à coragem que o mister Rui Jorge nos transmite.

No jogo contra o Benfica no Seixal na Liga Intercalar falou-se muito na comunicação social de que tinhas "secado" o Balboa. Queres-nos falar sobre isso?

Penso que foi fruto da entreajuda, não sequei ninguém e foi mesmo trabalho de equipa.

Como foi para ti que ainda és jovem veres essa notícia em vários jornais?

Sinceramente não ligo muito aos jornais, posso-lhe dizer que por exemplo agora no jogo contra o Rio Ave os jornais normalmente atribuem uma nota individual a cada jogador, e na altura houve um jornal que não vinha a falar muito bem do Silas e o nosso capitão fez um excelente jogo, e o mister tinha-nos dito para nós não ligarmos absolutamente nada a jornais, que aquilo é mesmo só para vender e que tínhamos que trabalhar, porque o mister tinha que nos preparar a nós mais jovens para saber lidar com esse tipo de situações. Por isso eu não ligo muito a jornais, para mim tanto me faz que venha a dizer que fiz um péssimo jogo ou um bom jogo. Claro que é sempre bom ouvir um elogio mas se no jornal vier a falar mal não ligo muito a isso.

Agora tiveste a oportunidade de jogar novamente contra o Benfica mas desta feita no Estádio da Luz, num jogo que era decisivo para o Belenenses, em que não poderiam perder mas onde a vitória também não era o suficiente porque dependiam do resultados de terceiros. Como é que se gere este tipo de situações?

Para já entrámos bem no jogo, conseguimos fazer logo um golo ao princípio e o mister tinha dito que naturalmente o Benfica viria para cima de nós, com mais posse de bola, mais ataques, mais cruzamentos e mais remates, mas nós até ao final da primeira parte soubemos mais ou menos controlar isso. O mister tinha-nos dito que era normal o Benfica exercer uma pressão maior sobre nós e eles conseguiram o golo antes do intervalo e o Saulo também foi expulso. Depois do intervalo o Benfica entrou mesmo para cima e o foi aí que o jogo ficou um pouco perdido.

Vocês estiveram a ganhar na Luz por 0-1 mas por algum momento vos passou pela cabeça que o desfecho poderia ser o pior?

Quando o Benfica fez o 2-1 senti que a equipa não tinha força para dar a reviravolta, não sei como é que estavam os resultados dos outros jogos ao intervalo, mas também era difícil, o Benfica a jogar em casa com o seu público, era o último jogo e eles querem sempre ficar bem vistos e ganhar. Depois sofreram um golo nos primeiros minutos e quando fizeram o 2-1 nós estávamos com menos um homem, sempre ali a defender a tentar o contra ataque, acho que eu senti logo que a minha equipa dificilmente iria dar a volta e ganhar o jogo.

O que é que vos foi dito durante a semana que antecedeu o jogo decisivo na Luz?

O mister disse aos mais velhos que este era o jogo da vida deles, muitos se calhar estão em final de carreira e ir para uma segunda liga não era o melhor para jogadores com grande tradição de jogar na primeira liga, e como tal este era o jogo da vida deles e também para nós mais jovens era importante porque íamos ajudar o Belenenses a tentar ficar na primeira divisão.

É obvio que vocês sempre passaram uma imagem de muita confiança e de acreditarem até ao fim na manutenção mas certamente que também pensavam no pior cenário?

Sim, eu acho que o jogo com maior pressão nem foi com o Benfica mas sim com o Rio Ave em casa, esse estávamos mesmo pressionados a ganhar o jogo. Na Luz é sempre difícil o Belenenses ir ganhar um jogo, nos últimos 30 anos aconteceu duas vezes e é sempre difícil.

Mas pensaram no pior cenário durante a semana?

Sim claro, na situação em que o Belenenses estava era impensável não pensarmos nessa situação, ficávamos tristes mas estávamos com força para o jogo, para tentarmos vencer na Luz, sabíamos que não dependíamos só de nós mas íamos tentar fazer a nossa parte.

Como é que foi no final do jogo depois de confirmada a descida? Estava um ambiente pesado no balneário?

Estava, na altura deram-nos os parabéns pelo jogo e disseram-nos que tínhamos dado o máximo, mas também nos disseram que ainda não estava tudo perdido dada a situação do Estrela da Amadora, que ainda não se sabe se fica resolvida ou não e se o Belenenses fica ou não fica.

Era mais uma salvação?

Sim, era mais uma, era a segunda.

A nível pessoal esta foi uma época muito positiva para ti. Não desprezando o Oeiras onde estiveste o ano passado, este ano vieste para o Belenenses e já te estreaste a titular na liga principal no Estádio da Luz frente ao Benfica. Esperavas esta ascensão tão rápida?

É assim, eu nos treinos dou o máximo e o meu pai e a minha mãe ajudam-me para isso, sei que tenho qualidades e capacidades para jogar, só que também sei que ainda tenho que aprender muito, ainda sou um pouco "verdinho", sou júnior, treino e trabalho, tenho muita garra, mas acho que é normal na minha idade cometer alguns erros e sei que ainda me faltam algumas coisas, mas sinceramente não esperava que acontecesse tão rápido.

Apesar da indecisão que paira no ar, como achas que vai ser na próxima época se estiveres de jogar na segunda liga?

Ainda não sei como vai ser a próxima época, em princípio devo fazer a pré-época mas ainda não sei quem vai ser o mister, também ainda não está bem decidido esse tipo de coisas mas se formos jogar na segunda liga obrigatoriamente que temos de subir de divisão, um clube como o Belenenses não pode estar na segunda liga.

A chamada à selecção e o estranho sonho adiado da estreia pela selecção nacional

Quando é que foste chamado pela primeira vez à selecção de Lisboa?

Já não me recordo ao certo mas julgo que tinha 12 ou 13 anos e joguei pela selecção de Lisboa de sub-13.

Como é que correu?

Na altura entravámos naqueles torneios com a selecção do Porto onde era só jogadores do Futebol Clube do Porto e do Boavista e nós era praticamente Sporting e Benfica, mas havia um ou dois jogadores do Belenenses e um ou dois do Estrela da Amadora, acho que o guarda-redes era o Hugo. Foi bom poder jogar com os meus colegas do Benfica, lembro-me que na selecção tínhamos mesmo uma grande amizade, Sporting e Benfica na altura quando éramos mais jovens, não é o mesmo que agora, porque pelo que os meus colegas me transmitem lá na selecção não é como antigamente, eu não estou lá dentro e não sei como as coisas são, mas acho que no meu tempo na selecção de Lisboa éramos mais amigos, os jogadores de Sporting e Benfica davam-se melhor. Eu lembro-me que dividia às vezes o quarto com o Pedro Miranda, que está agora no Benfica, e com o David Simão, lembro-me de estar sempre com eles, éramos mesmo um grupo, como se fossemos todos uma equipa, agora pelo que me dizem cá fora não sei se na selecção de sub-17, sub18 e sub-19 se é assim ou não.

Que escalões representaste?

As selecções de sub-13, sub-14 e sub-15.

E na altura jogavas com regularidade?

Sim, jogava sempre, jogávamos todos.

Este ano com a época que o Belenenses fez muitos foram os jogadores que tiveram a oportunidade de ser chamados para a selecção nacional. Infelizmente no teu caso ainda não tiveste essa oportunidade. Porque é que achas que ela ainda não surgiu?

Eu sinceramente não sei se devia dizer isto mas na altura em que o Pelé ia aos sub-19 eles tinham perguntado por mim, até me tinham dito que ia ser chamado. Sinceramente nunca senti isso como um objectivo, eu preocupei-me sempre primeiro em trabalhar e treinar bem aqui no Belenenses, mesmo depois do que me foi transmitido e pelo que o meu colega me disse que ia ser chamado, mas aconteceu-me uma lesão na virilha, uma pubalgia.

Quanto tempo estiveste parado?

Um mês e pouco e foi numa altura em que sentia que estava bem e que poderia ser chamado.

Sentes que podes vir a ser chamado brevemente pelo que tens feito?

Não sei, talvez. Agora com a minha ida aos seniores talvez tenha tido mais visibilidade...

Sentes-te triste por ainda não teres sido chamado à selecção nacional?

Não, de maneira alguma.

Achas que ainda vais a tempo de ter a tua oportunidade de representar a selecção?

Não sei, talvez sim, talvez não, mas não me sinto triste de forma alguma. Claro que é sempre bom, qualquer um gostaria de jogar na selecção, mas não é uma obsessão para mim, mas é obvio que se for chamado darei o máximo e vou aproveitá-la para trabalhar e treinar pela selecção, mas volto a frisar que não estou triste.

Fonte: Academia de Talentos, em entrevista realizada no Estádio do Restelo.

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