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O enredo do Boavista num "onze" de desesperos




Notas Prévias:


Neste processo de quase extinção do Boavista, várias são as minhas interrogações, embora, confesse, que nunca tenha gostado deles desde o tempo em que o clâ Loureiro usou e abusou daquilo em proveito pessoal

E interrogo-me se seria possível nós, sócios do Belenenses, deixar crescer um pasivo até perto de 100 milões de euros.

Se seria possível haver uns quantos Fernandos Sequeiras a queimarem o pouco que resta da saúde da tesouraria do Clube.

Espero que estejamos a salvos destas contingências e não passemos pelas amarguras quase traduzidas num só homem, valendo aqui perguntar onde é que estão os outros não sei quantos mil para além do Manuel do Laço?

Como é posssível o clão Loureiro ter passado incólume a esta destruição de um Clube?

Como é que os sócios daquela agremiação não lhe saltaram em cima?

Não entendo
.

Por Joaquim Rita, em RTP.pt
É dramático o enredo que envolve o Boavista, quanto mais não seja porque o futuro competitivo do clube está envolto num novelo de incertezas, embora a instituição, por mais minados que estejam os seus alicerces, não pareça ameaçada. Há demasiada história no Boavista para se temer o seu fim. Os sobressaltos serão sempre de natureza desportiva, caso se consume - e oxalá que não! - o seu afundamento.

Para lá das inquietações que emergem do incumprimento do pagamento, mais ou menos atempado, dos salários aos seus profissionais, a grande questão que se coloca é esta: como foi possível o Boavista chegar a isto? Mesmo contabilizando a mentira maquilhada (ou sufocada) em que vive ou sobrevive a maioria dos clubes portugueses, o alçapão em que caiu o Boavista não se formou em meses, se calhar, nem em anos. Neste plano, os boavisteiros saberão descobrir as respostas para as dúvidas que hoje os atormentam, não nos competindo ajuizar e, menos ainda, especular sobre uma realidade que, porventura, até para o sofredor Manuel «do Laço» é descoroçoante. Todavia, há aspectos que importa inventariar numa procura distanciada, desejavelmente serena e despida de afectos.

Como um «onze» de futebol, são também onze os tópicos que nos servem de suporte neste acanhado e despretensioso exercício de análise. Vejamos:

1 - INCREDIBILIDADE pelo tão fundo a que o clube (SAD) chegou;

2 - ARREPIANTE a extensão do anunciado buraco financeiro (entre 80 e 90 milhões de euros?)

3 - IMPENSÁVEL explicar o rombo apenas como consequência do abandono a que o clube foi votado pela Câmara quando da reformulação do estádio do Bessa para o «Euro 2004»;

4 - DESESPERO pela demora ou ausência de alternativas de viabilidade;

5 - TRISTEZA pela profunda degradação da imagem do clube;

6 - INGENUIDADE na aceitação de um pseudo investidor (quando a esmola é grande o pobre desconfia...)

7 - ESTRANHEZA pela ausência de explicações objectivas por parte de João Loureiro (Joaquim Teixeira também se prepara para desertar?)

8 - ANGÚSTIA pelo futuro competitivo de um histórico que ainda ontem foi campeão e passeou talento pela Europa;

9 - APLAUSO pela decisão dos jogadores em comparecerem ao jogo com o Sporting (o cenário de greve estava comprometido face à escassez de tempo para o respectivo e indispensável pré-aviso)

10 - COMPREENSÃO pela atitude de Álvaro Braga Júnior (também ele foi enganado?) ao renunciar ao cargo de presidente da SAD face à incapacidade para, atempadamente, honrar os compromissos que assumira com os jogadores;

11- CORAGEM de Jaime Pacheco em aceitar trabalhar sobre um barril de pólvora, não deixando de ser curioso saber quanto o clube lhe deve e desde quando provém essa dívida.

Antes de encontrar um caminho, antes de definir o que quer (ou pode) para o futuro, o Boavista já tem uma certeza: o passado foi uma engenhosa e desesperante mentira e o presente é feito de medos, de inquietações e incertezas. Um exemplo triste para o futebol português.

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