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Fundação e Fundador



Fundação

Terminará - enfim! - a Grande Guerra.

Há muito que a juventude de Belém sonhava com a formação de um grande clube desportivo que representasse o populoso bairro. A existência de vários jogadores belenenses espalhados por diversos clubes da Capital, mais arreigou a certeza de ser fácil concretizar a aspiração.

Finda a época de 1918/19, Artur José Pereira deixou o Sporting Clube de Portugal no propósito firme de fundar um clube com o nome da sua terra: Belém. A ideia alastrou rapidamente e quis então o acaso que alguns jogadores do Benfica, ali moradores, tendo sido castigados, se transformassem também em acérrimos entusiastas pela formação da nova colectividade. A decisão destes elementos e de tantos mais assentou então alicerces abertos sob a inspiração do espírito bairrista profundamente vivido.

Estava dado o passo que não pararia mais!

Numa noite de fins de Agosto de 1919, num banco de jardim da Praça Afonso de Albuquerque, Artur José Pereira, ser irmão Francisco Pereira, Henrique Costa, Carlos Sobral, Joaquim Dias, Júlio Teixeira Gomes, Manuel Veloso e Romualdo Bogalho, encetaram as primeiras démarches para a formação do "Belenenses". O Dr. Virgílio Paula e o Engº Reis Gonçalves foram as primeiras individualidades a serem consultadas a tal respeito e a darem o seu caloroso e valioso apoio à iniciativa. Outras reuniões de fizeram, mais adeptos surgiram, a ideia tomou corpo, e, em 23 de Setembro de 1919, sob o "apadrinhamento" de Afonso de Albuquerque, se resolveu em definitivo a fundação de um clube que agrupasse sob uma só bandeira todos os rapazes do bairro de Belém, amantes e praticantes de futebol e de outras modalidades, ao qual foi dado um nome que não deixa dúvidas quanto à razão da sua existência: Clube de Futebol "Os Belenenses".

Fundador

ARTUR JOSÉ PEREIRA: O FUNDADOR DO BELENENSES

Foi o verdadeiro fundador do Belenenses. (...) Cândido de Oliveira, o mestre sempre recordado como treinador da Académica e como jornalista, escreveu no Jornal "A Bola" que Artur José Pereira foi o jogador que mais o impressionou, pelo talento criador que o ligou profundamente ao progresso do nosso futebol. (...) Artur José Pereira, escreveu, ainda, Cândido de Oliveira, suplantou Artur Sousa e foi, sem dúvida, o melhor jogador português de todos os tempos. (...) No seu livro "Números e Nomes do Futebol Português", o saudoso jornalista Ricardo Ornelas publicou a fotografia da equipa da Associação de Foot-Ball de Lisboa que jogou no Brasil em 1913, e, ao referir os nomes dos jogadores, quando chegou ao de Artur José Pereira teve o cuidado de acrescentar "considerando-o o melhor futebolista português de todos os tempos". (...)
Foi ainda o século XIX que viu nascer Artur José Pereira, considerado o primeiro grande jogador do futebol português. Pouco antes do Regicídio, no qual pereceram o rei D. Carlos e o príncipe D. Luís, estreou-se no Benfica, três anos após a fundação do clube. Grupo Sport Lisboa era. Para o jornalista e seleccionador nacional, Tavares da Silva, “ele que nunca estudou o jogo pelos livros ou pelo ensino do treinador, conhecia o futebol como ninguém. Foi o percursor do futebol moderno, adivinhando por intuição e instinto tudo o que dizia respeito à táctica e sua execução”.

Artur José Pereira viveu na Idade da Pedra do futebol nacional. É suposto que a prática da modalidade tenha sido iniciada no ano de 1888. De acordo com Ricardo Ornelas, “em Portugal metropolitano tomou-se o ano de 1888 como o da inauguração do jogo. Guilherme e Eduardo Pinto Basto, irmãos de família ilustre, idos a educar em Inglaterra, voltaram, então, ao país e trouxeram na sua bagagem uma bola para um jogo que lá se estava a praticar muito”. Era o jogo de futebol.

Quando Artur José Pereira entrou na competição, os defesas só defendiam, os avançados só atacavam e os médios, esses, quase só corriam. Emergiu, sublinhando as diferenças, segundo o grande Cândido de Oliveira: “Possuía em que nenhum outro jogador o igualou, a maior de todas definida pela atitude artística (…). Era completíssimo, perfeitamente ambidextro e com potente remate com os dois pés; jogava primorosamente de cabeça, era um driblador estupendo e tudo isto valorizado por uma combatividade e uma coragem sem limites”.

Jogou sete temporadas no Benfica (de 07/08 a 13/14), arrebatando quatro Campeonatos de Lisboa. Em termos oficiais, realizou 41 partidas e apontou seis golos. “Foi um autêntico revolucionário do jogo, imaginando soluções, criando conceitos e sistemas que mais tarde haviam de chegar até nós trazidos pelos técnicos e livros estrangeiros”, garantiu ainda Cândido de Oliveira, na retrospectiva da carreira do jogador.

Em 1913, com as cores da Associação de Futebol Lisboa, integrou uma digressão por terras brasileira. Dizem os jornais da época que houve quem lhe pedisse para não regressar a Portugal. À selecção não chegaria, pediu escusa, a todos contristando, com excepção daqueles, seguramente poucos, que haviam verberado a sua chamada, ao que parece por se ter estabelecido em Belém.

Artur José Pereira foi, no mínimo, um jogador indicioso. Actuou no Benfica, representou o Sporting e fundou o Belenenses.

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