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As sondagens no futebol



Por Joaquim Rita


Em tempo de sondagens eleitorais, o futebol também sugere algumas leituras resultantes da amostragem das quatro jornadas já disputadas. Como nas auscultações políticas, também os resultados obtidos no futebol podem suscitar diferentes tipos de análise, onde a euforia e o desencanto (já) se misturam em doses apreciáveis.

Embora sabendo que o universo sobre o qual incidiu a colheita de indicadores é escasso - quatro jornadas é muito pouco numa eleição de trinta escrutínios - não me parece desajustado reflectir sobre alguns sinais evidenciados:

- o vigoroso sprinte inicial do Sporting de Braga;

- o exuberante adiantamento de produção de F.C. Porto e Benfica em relação ao Sporting;

- o elevado número de equipas que abordaram a competição ao pé coxinho (Vitória de Setúbal, Académica, Naval, Leixões e Belenenses);

- a maior fragilidade do tecido produtivo de diversas equipas, comparativamente com o seu rendimento standard da época passada.

Mesmo esquecendo os 8-1 do Benfica ao Vitória de Setúbal, têm acontecido outras remessas inquietantes, deixando antever o empobrecimento global da competição, com o pelotão dos aflitos mais denso e mais definido desde cedo.

Depois da pandemia de empates das jornadas iniciais, ultimamente observámos resultados desnivelados, decorrendo esta distância de duas realidades:

- o empobrecimento da generalidade dos planteis face à época passada;

- o acentuado decréscimo na resposta de diversas equipas, castigadas com doses de golos pouco habituais.

Pode ser que me engane, mas não ficarei admirado se, esta época, as mudanças de treinador acontecerem mais vezes e mais cedo. Admito mesmo que alguns dirigentes, além do presidente da Naval, sintam já esse apelo, como se a construção dos respectivos planteis tivesse sido obra de terceiros ou se muitos dos seus jogadores tivessem caído no(s) clube(s) de pára-quedas. Como quer que seja, com mais ou menos «chicotadas psicológicas» nas programações dos clubes, as quatro jornadas já disputadas sugerem duas ideias:

- muitos dos empates resultaram da enorme pobreza franciscana das equipas em confronto;

- muitos dos resultados desnivelados reflectiram assimetrias de qualidade impossíveis de disfarçar.

Oxalá as coisas melhorem, mas a sondagem destas quatro jornadas não é animadora. Mas, como os políticos costumam dizer - quando lhes dá jeito! - «as sondagens valem o que valem». No futebol também.

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