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I Liga: ninguém paga salários



Notas prévias:

Este artigo assinado pelo Rui Cartaxana e publicado no suplemento Sport do jornal Correio da Manhã, vem colocar a nú as debiliaddes aqui acentudas pelo signatário no início do presente campeonato, na possiblidade cada vez mais visível da falência do actual modelo de SAD's para gerir o futebol profissional e na inevitável quebra de patrocínios, como aliás, já o salentei vide editorial de Nicolau Santos, publicado no jornal Expesso, no seu suplemento de Exame de que aqui reproduzi.

E é um artigo que vem mesmo a calhar, já que é publicado poucas horas depois de João Barbosa ter dito em Assembleia Geral que só dia 23 se regularizavam os salários de Dezembro, os quais, aliás, assim sendo, terão apenas um atraso de 18 dias.

Observando o que se vai passando nos outros clubes, e já que aqui não estão contidos os dois clubes da 2ª Circular, direi noutra peça que li, que tais SAD's da dita circular têm uma dívida acumulada de 410 milhões de euros.

Para além do Belenenses, cujo atraso, felizmente, apesar de tanta asneira dos fugitivos, onde se contava com aparentes financeiros, um dos quais seria sempre de desconfiar, porque se o foi muito grato terá ficado a um ex-ministro do meu Amigo António Guterres. E, por norma, e bem sei do que falo, esta malta - os gestores públicos de cariz político, salvo raras excepções, eram ou são incompetentes. A acrescer a tal incompetência, haveria sempre de desconfiar de quem já lá esteve e fugiu após o roubo do bingo.

Mas dizia, para além do Belenenses, temos: Estrela da Amadora, Académica, Leixões, Sporting de Braga, Vitória de Setúbal, Rio Ave, Naval, Marítimo, Nacional e outros ( ele não terá querido citar os clubes da 2ª Cirtcular).

E reparem que os lampiões até têm lá bons economistas e financeiros, como sejam os casos do Jaime Antunes e do Bagão Félix, que também é accionista da nossa SAD. Algum deles diz mal do passivo do seu clube?

Então, digam-me, porque raio há-de ser alguém que já demonstrou não saber interpretar e usar correctamente os números vem em público ou para o público dizer mal, inflaccionando as contas, do seu clube?

Alguém de nós, belenenses, ouve algum adepto ou sócio dos outros clubes a empolarem números para a comunicação socail, por via indirecta, mas sabendo da sua presença?

O que leio são os clubes da Liga de Honra andarem de braço estendido para ver se alguém os ajuda.

Isto de se haver gente que não sabe interpretar os números gera-me preocupação, face ao facto de estarmos em plena crise sócio-económiico com origem nas finanças. É complicado? Ah, pois é. Mas ainda o é mais quando não se conhece mal o métier.

Se o déficit geral do Clube em 2007 é de cerca de 24 milhões de euros, sendo que evoluíu apenas 1 milhão de euros no período compreendido entre 2004 a 2007, como é possível ler-se no Record aqui nesta notícia que o passivo aumentou 6 milhões de euros nesses mesmos 3 anos?

Responda quem souber a este estranho fenómeno.

Os salários em atraso na Liga Portuguesa de Futebol, mais do que uma vergonha e um atentado à verdade desportiva, são, sobretudo, a marca da sua inviabilidade económica, ou seja, da sua incapacidade para gerar as receitas adequadas.

Os clubes estão todos na insolvência também por isso – antes de termos uma questão salarial temos uma questão estrutural. De tal modo que aquilo de que mais se fala, os salários em atraso, é hoje uma espécie de rabo de fora de um grande gato que ninguém quer ver ou, no mínimo, faz por esconder. Vale tudo, meias-verdades, truques, pretextos ou comissões 'para estudar o assunto', como aconteceu agora no Conselho Nacional do Desporto (CND).

Mas se eu disser que, além do já ‘clássico’ Estrela da Amadora, clubes como, e cito-os de memória, Académica, Leixões (sim, o Leixões, esse mesmo), Belenenses, Sporting de Braga, Vitória de Setúbal, Rio Ave, Naval, Marítimo, Nacional e outros (os da Madeira mau grado os 5/6 milhões €/ano que o dr. Jardim lhes oferece numa bandeja) têm sempre, de uma forma ou de outra, salários por pagar, estaremos a dar uma ideia das dimensões da ‘epidemia’. Os truques e habilidades variam.

Os de Braga dividem os salários contratados por rubricas como 'prémio de assinatura', que constituem metade da remuneração, depois, quando se atrasam, pagam 'o salário', retêm o 'prémio'. É só metade. Os da Madeira fazem uma ginástica idêntica, chamando- -lhes 'direitos de imagem' ou coisa parecida, que só são pagos quando são e que constituem, concreta e realmente, atrasos salariais. Esta situação tende, obviamente, a agravar-se com a crise mundial, que devasta empresas, bancos, indústrias até agora prósperas, levando tudo na frente.

A indústria do futebol e, em particular, este futebolzinho indígena não escaparão. As receitas continuam a baixar (bilheteira, publicidade, patrocinadores), o dinheiro fácil acabou e o investimento conhece a mais brutal retracção dos bancos. Se é certo que sem receitas a sério dos direitos TV (há 20 anos com a Olivedesportos), há estudos que defendem que uma Liga como esta só gera receitas adequadas com um máximo de 10 clubes num campeonato a quatro voltas.

A decisão do CND de constituir uma comissão 'para estudar o assunto' dos salários tem 10 anos de atraso. Winston Churchill disse um dia no parlamento 'se me pedirem a Lua, não me incomodo, nomeio logo uma comissão ‘para estudar o assunto’!'. O tempo está a esgotar-se –e a Tutela não pode estar sempre a pôr-se de fora em nome da independência do movimento associativo. Esta história ainda acaba mal. Oh, se acaba!

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